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quarta-feira, 30 de julho de 2014

Num bate-papo informal - sobre inferno

Em algumas conversas com um amigo, temos abordado alguns assuntos interessantes. Como desejo relembrar destes bates-papos num outro momento, vou registrá-los aqui, assim compartilho também com vocês de algumas ideias que defendo nessas conversas. Não vou transcrever a conversa, apenas registrar o que penso a respeito.

O assunto era o inferno e eu comecei dizendo que chamava minha atenção, que os ouvintes de Jesus não se surpreendiam com a ideia de inferno, justamente por conhecerem o Geena, lugar onde se lançavam animais mortos, lixo e onde havia fogo e enxofre. Ninguém se escandalizava com a condenação, até porque só foram ter a plenitude da revelação para entendê-la, quando receberam o Espírito de Cristo, após a ressurreição. Antes disto, viam o Messias como alguém que fosse libertar Israel naqueles dias e não tinham alcance para discernir espiritualmente aquelas coisas.

O que Jesus falava, era compreendido como algo do cotidiano deles. E a ideia de inferno como lugar de tormento, veio muito posteriormente.

Segundo a própria Bíblia, o inferno não é eterno, mas será aniquilado no lago de fogo. Pra mim, soa incoerente que alguém receba um corpo incorruptível para condenação, pois esta carne é pó e não consta que a alma tenha forma e seja combustível. Enfim, pra mim, este é mais um assunto manipulado pela religião, para domínio e controle através do medo e acusação. A ideia de inferno como lugar de condenação que o ocidente tem hoje, é uma influência da "Divina Comédia" de 1302.

Uma vez conversei com outro amigo sobre a visão adventista, que crê no inferno como evento e não como lugar de tormento eterno e ele considerou que assim é muito fácil, porque o camarada pode pecar a vida inteira deliberadamente e no final ser "só" aniquilado da existência. À ele pareceu uma pena leve demais rsrs

Na minha visão é assim (por enquanto). O perdão veio antes do pecado. Deus nos conheceu por presciência e nos separou para si com tudo o que somos, inclusive com nossa história de pecados. Sabe o que nem cometemos ainda, mas não nos despreza porque até nossos erros tem propósito nesta caminhada de crescimento Nele.

Só não será aperfeiçoado quem o desprezar, quem rejeitar o Evangelho, quem perder a confiança nas promessas da ressurreição. Estes serão separados e não voltarão a viver. Fogo consumidor é o próprio Deus e Sua Justiça.

Nele serão extintos a morte e o inferno (sepultura, lugar onde estão as almas) e deixarão de ser, para que a Igreja viva eternamente.

Sou passível de estar enganada, mas é assim que entendo. O amor nos atrai para a perfeição. Rejeitando-o já estamos em densas trevas. A própria vida é uma condenação pra quem não tem esperança. A própria amargura da falta de fé, mina a paz e a alegria. Só no amor, caminho estreito, é possível perseverar e manter a alegria da Boa Notícia, como quem acabou de recebê-la.

Quem ama não tem medo, porque o amor lança fora o medo. Inferno só é ameaça, pra quem se esquiva de amar e se deixa subjugar pela religiosidade. Quem é livre, apesar de se reconhecer miserável e carente da Graça o tempo todo, descansa, porque sabe que o mérito é de Cristo e nunca foi nosso.

Depois que entendi que a morte de Cristo foi eficaz pra perdoar meu passado, presente e futuro e que mesmo antes que eu fosse, Ele já conhecia meus passos, reconheço minha fraqueza e pequenez todos os dias, mas não me condeno. E a a usência de culpa e medo, não e pretexto pra afrontar e viver em pecado, ao contrário, tenho prazer no ensino do Mestre. O que consigo fazer, é porque a Graça me concede fazer. E o que não consigo ainda, em outro momento Ele vai me ensinar.

Houve tempo na minha vida que vivi um verdadeiro inferno, porque não tinha expectativa alguma. Mas agora me vejo eterna, saí do centro, me vejo inserida no todo. Sei que o plano de Deus não será frustrado e não peço nada pro meu próprio benefício. Meu desejo é de crescimento interior, de uma consciência saudável, de sabedoria e discernimento. Não é fácil pra mim também, mas tenho paz e alegria. Pra mim, isso já é o indício do que serei um dia.

Agora imagine o que seria da religião sem a ameaça do inferno nos castrando e impedindo de decidir por nós mesmos. Imagine se não houvesse o medo incrustado na alma para por limite aos impulsos. O homem não sabe que é livre e cria para si grilhões, porque recusa-se a dominar-se.

Assim, terminamos a conversa sobre inferno e começamos uma sobre a tricotomia, que posto assim que concluir.


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