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sexta-feira, 31 de maio de 2013

O preço da tal liberdade

Quem pode por ordem no caos? 
Quem dissolve a dor, quem povoa a solidão, 
quem entoa músicas no silêncio, 
se não for de mãos dadas com o outro?

A liberdade tem um alto preço, 
preço de sangue que borbulha, mas não redime.

Só há uma cura e está no amor.

Só o amor tem o poder de transcender o homem 
da efemeridade à eternidade. 
Do caos, à esperança de Vida.

Só UM é Amor.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Deus não faz acepção de pessoas




Algum de vocês já se perguntou o por quê de Deus ter feito proibições quanto ao consumo de diversos animais na Lei de Moisés? De acordo com as características de cada animal, eles eram considerados puros ou imundos. Logo que conheci os textos bíblicos que falam à respeito, eu me perguntava o porque de Deus ter criado animais imundos e por que consumir alguns era pecado e outros não.

Nesta semana, um calvinista disse que era por causa da saúde, pois somos templos do Espírito Santo. Claro que a definição não me satisfez, pois como por exemplo: camarões eram proibidos e pelo que me consta, camarões só fazem mal à quem tem alergia a camarões. 

Outro exemplo: um amigo que se dizia judeu, só comia frangos da Sadia, pois dizia que o dono era judeu e não matava seus frangos estrangulados, mas cortava fora a cabeça. Comer frangos estrangulados era pecado, mas comer frangos decepados não. Logo, não tem nada a ver com levar uma vida saudável.

Perguntei à Deus e pus-me a meditar. Afinal, as coisas espirituais se discernem espiritualmente. O que significam estes animais, Senhor? E eis o que aprendi:

Animais impuros, representavam os diversos povos ao redor do Arraial, com costumes e religiosidades estranhas à vontade de Deus, como por exemplo, cultos à deuses estranhos, homossexualidades, prostituições e sacrifícios de crianças.

O povo de Deus, deveria se abster desses animais como alimento, convivência e até do toque, como figura de pureza e separação de outras culturas. 

Veja a atitude de Jesus:


E eis que uma mulher cananéia, que saíra daquelas cercanias, clamou, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de mim, que minha filha está miseravelmente endemoninhada.

Mas ele não lhe respondeu palavra. E os seus discípulos, chegando ao pé dele, rogaram-lhe, dizendo: Despede-a, que vem gritando atrás de nós.
E ele, respondendo, disse: Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.
Então chegou ela, e adorou-o, dizendo: Senhor, socorre-me!
Ele, porém, respondendo, disse: Não é bom pegar no pão dos filhos e deitá-lo aos cachorrinhos.
E ela disse: Sim, Senhor, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus senhores.
Então respondeu Jesus, e disse-lhe: O mulher, grande é a tua fé! Seja isso feito para contigo como tu desejas. E desde aquela hora a sua filha ficou sã. 
Mateus 15:22-28


Quando Jesus se referiu àquela mulher com a metáfora dos "cachorrinhos" considerados imundos no VT, não estava chamando a moça de cadela, cão, cachorra, não estava ofendendo ela. Estava apenas dizendo que naquele momento, ainda não era hora da Graça se manifestar aos povos estranhos. Por causa da fé que ela demonstrou, Ele abriu uma exceção. Mas só quando a Igreja se estabeleceu, Paulo pregou à respeito dos Gentios serem enxertados no Ramo. Herdamos o que os seus rejeitaram.

Veja: 

"E tendo fome, quis comer; e, enquanto lho preparavam, sobreveio-lhe um arrebatamento de sentidos,

E viu o céu aberto, e que descia um vaso, como se fosse um grande lençol atado pelas quatro pontas, e vindo para a terra.
No qual havia de todos os animais quadrúpedes e répteis da terra, e aves do céu.
E foi-lhe dirigida uma voz: Levanta-te, Pedro, mata e come.
Mas Pedro disse: De modo nenhum, Senhor, porque nunca comi coisa alguma comum e imunda.
E segunda vez lhe disse a voz: Não faças tu comum ao que Deus purificou.
E aconteceu isto por três vezes; e o vaso tornou a recolher-se ao céu."



"E disse-lhes: Vós bem sabeis que não é lícito a um homem judeu ajuntar-se ou chegar-se a estrangeiros; mas Deus mostrou-me que a nenhum homem chame comum ou imundo."



"E, abrindo Pedro a boca, disse: Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas;
Mas que lhe é agradável aquele que, em qualquer nação, o teme e faz o que é justo." 

Atos 10:34-35 


Quando Pedro entrou em conflito, por preservar costumes judeus e considerar a supremacia de seu povo, teve uma visão, onde Deus o mandava "comer" de tudo, entre todos os animais imundos. Pois a Graça alcançou a todos os povos, línguas e nações. Já não há acepção entre os homens. Tanto os judeus quanto os gentios, deveriam ser evangelizados para decidir por Cristo e sua Justiça.

Não existem mais animais impuros, pois o que era sombra no VT é Luz no NT. Assim como Deus não faz acepção de pessoas e fez de cada homem que nasça do Seu Espírito, um filho, co-herdeiro com Cristo.

"Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus."
Gálatas 3:28




quinta-feira, 23 de maio de 2013

Sobre a desconstrução da religiosidade, mas não do amor.




Por causa da intolerância, dos ataques e dos grupos que se formam em redes sociais, numa verdadeira guerra santa, onde cada um defende seu ponto de vista e constitui nos outros, alvos inimigos. Estes parágrafos eram twittes à princípio, mas resolvi registrar aqui para que outros possam pensar à respeito.

Nietzsche começou um movimento importante para desconstruir a religiosidade que retira o homem da realidade. Fez lembrar a integridade.

Assim como falta no homem natural, o canal que o religa ao mistério de Deus, um homem que se fixe na espiritualidade, se torna lunático. Uma pessoa saudável, precisa se reconhecer corpo, alma e espírito, assimilando o que é próprio de cada nuance de sua vida.

Mas é incoerente que cristãos se tornem seguidores de um homem almático. É preciso entender que ele só pode olhar pelo prisma da alma vivente.

O que um ateu pode afirmar sobre a vida espiritual de alguém?

Assim, toda esperança, todo ideal, toda idealização, toda utopia, tira os pés do chão da vida e não apenas a religiosidade. Isso é próprio. O homem natural, tende a desviar seu foco à algo que lhe dê alguma segurança.

A fé não pode ser combatida, porque há erros de interpretação no cristianismo. São coisas distintas.

Cada homem é livre pra escolher seu caminho e livre até para escolher os narcóticos que tornarão sua vida possível. Logo, se a religiosidade falsa supre alguém, não sou eu que tenho que atacar a escolha alheia.

Tudo o que posso fazer, é sugerir meu entendimento, postar minhas ideias, mostrar como assimilo a revelação. Mas se a verdade deles não serve pra mim, impor a minha é arrogância e prepotência.

Ter consciência de que não somos inerrantes, deveria servir para sermos tolerantes. Toda raiz de prepotência na posse da verdade, já torna qualquer tese antipática. Uma sugestão sempre foi melhor assimilada do que uma imposição.

E cada homem tem dentro de si a fonte que jorra sua verdade. Se aprender à buscar, não precisará da direção dos outros. Rapaz, a aridez de ninguém é capaz de interferir na produção dos seus frutos. Cada um faça o seu, porque cada um responde por si.

Ademais, se os frios, materialistas, racionais, são infelizes, porque ditariam sua verdade à quem busca em outras direções? Se nem estes encontraram o que afirmam...

Descanse numa verdade universal: a única alma que está ao seu alcance, é a sua.

Não condicione a tolerância, a harmonia, a boa convivência, aos que fazem parte do seu gueto. Ame apenas e a vida vai parecer muito melhor.

Já conseguiu amar a Deus acima de TODAS as coisas e ao próximo como a ti mesmo? Como quer ensinar os outros a serem cristãos, cabra?

Faça aos outros, o que gostaria que fizessem a você mesmo.

terça-feira, 21 de maio de 2013

O amor espiritual




Apesar do nosso idioma ter restrito à uma única palavra, uma diversidade de significados, gosto de analisar o AMOR pelos prismas das palavras gregas Eros, Phileo e Ágape, porque considero  perfeitas para traduzir a complexidade.

Eros é o mais egoísta dos três e pra se satisfazer, precisa literalmente entrar no outro e ser com ele uma só carne. Se houver frieza não serve, se não houver beleza e atração física não serve. Um se satisfaz no outro e mesmo que busque a satisfação alheia, é por mera necessidade de alimentar a autoestima. Acabou o fogo, acabou a loucura. E se não houver o amor Phileo ou Ágape, acaba o relacionamento.

Phileo é o amor das trocas, provém da necessidade almática de completude. Há um investimento e a expectativa de retorno. Há doação, mas busca também a reciprocidade. Se não houver reconhecimento, há decepção.

Um exemplo típico é uma família que investe numa criança. Doa, educa, cuida, mas ai deste se não retribuir, se não corresponder aos esforços, se não for obediente, se quiser praticar a própria vontade. Há rompimento, sofrimento, conflito... Phileo é troca e não aceita se entregar gratuitamente. Por isso é tão comum as amizades se dissolverem. Se não há retorno do investimento, Phileo perde a força, não se basta.

Agora imagine que num parto, as coisas não corram bem e o resultado é uma criança com paralisia cerebral. Por mais graves que sejam as sequelas e por menos chances que o filho venha a ter de ter uma vida normal, de corresponder ao amor, ainda assim, receberá entrega, cuidado, carinho, doação,  socorro, suprimento...

Assim é Ágape. É assim que Deus nos ama. A Graça não exige retorno, ela ama primeiro, incondicionalmente.

É esta a dificuldade das religiões. Embora preguem um Deus galardoador, impõem a necessidade de troca, como se Phileo fosse primordial no relacionamento de Deus com o homem. Então ensinam obediência, obras e serviços diversos, como moeda de troca por benevolências e bênçãos. No fundo são os registros humanos que forjam também o entendimento à cerca da fé. Entendimento almático, invadindo o espiritual.

Mas como aquela mãe, que se doa ao filho impotente, vulnerável, frágil e incapaz de lhe corresponder à altura, aquela que ainda assim terá um elo de amor espiritual, sem esperar dele, mais do que ele pode lhe oferecer de si, o amor de Deus é incondicional, é gratuito e não busca troca, pois Ele é pleno, não precisa de retorno.

Alguém pode dizer que o exemplo é ruim, afinal temos condições de servir, retribuir. Mas aí é que está. O serviço é consequência e não causa. Fomos amados primeiro para conseguir amar. Se fazemos algo à partir deste amor, é a gratidão que nos move e não um meio de pagar o impagável.

Se há um elo entre Deus e o homem, é espiritual, são laços de amor incondicional, sem relação com as obras humanas. O que o homem consegue fazer, é porque está em Cristo e não por mérito próprio. Mas ainda que permaneça egoísta e não avance em crescimento na direção do amor espiritual, continua sendo alvo de misericórdia, amor, cuidado, porque Deus jamais abandona o homem. Deus é abençoador porque é Bom e não porque merecemos.

Por isso, ponha de lado a barganha, a culpa, o medo, as acusações, as ameaças... tudo isso são contaminações humanas, numa área que serviria para religar, mas se tornou em mentiras.

Quem crê que foi amado imerecidamente, ama por consequência, como resposta. E sentirá fluir de si, este impulso natural na direção de Deus e do próximo. Aí conseguirá doar de si sem esperar pagamento. Porque sabe que antes de todas as coisas foi amado.

Para uma melhor ilustração, leia esta postagem http://janetecardoso.blogspot.com.br/2007/05/surpresas-do-cotidiano.html se refere à uma criança que conheci no metrô. Sua mãe o abandonou logo após o nascimento, ele estava com 5 anos quando o encontrei e o portador do amor Ágape, era o pai.


"Porventura pode uma mulher esquecer-se tanto de seu filho que cria, que não se compadeça dele, do filho do seu ventre? Mas ainda que esta se esquecesse dele, contudo eu não me esquecerei de ti." 

Isaías 49:15

domingo, 19 de maio de 2013

Sobre a necessidade de se encaixar




Conversava com meu irmão à respeito de nos incomodar com as fotos que aparecem de nós na internet, sem antes receberem nossa aprovação. Geralmente nós gordinhos, vivemos escolhendo fotos que nos favoreçam, grande parte só do rosto, enfim, estamos sempre preocupados em como vamos aparecer para as pessoas.

Eu dizia à ele, que já não me importo de postar fotos de corpo inteiro, mesmo que as pessoas sejam preconceituosas e comentem ou com ironia, ou com falsidade. Não sou eu que tenho que me esconder porque as pessoas não querem me ver como sou, são os preconceituosos que precisam sentir vergonha do que são, pois qualquer um que superestime ou subestime o outro por causa de alguma característica física, ainda não sabe amar, mas julga as coisas superficialmente. É como comprar um produto pela embalagem, sem saber o que há dentro.

Mas olhando por outros prismas, percebi que tudo na vida é assim: criamos guetos, padrões, grupos e precisamos nos encaixar neles para receber alguma aprovação. São times, religiões, política, cursos, clubes, moda, músicas, carreiras, etc. São inúmeras as tentativas de parecer igual, se encaixar em parâmetros, fazer parte, ser aceito.

Nisso tudo, se perde a individuação. Entramos em formas e já não somos. Ficamos parecidos para não ser rejeitados e perdemos a liberdade para conseguir ser iguais. Não é louco? A Natureza criada é tão perfeita! Tão diversificada e tão rica de detalhes, mas nós, os racionais, não queremos ser únicos, mas iguais.

Estou lendo sobre filosofia e observando as diversas escolas, discutindo temas e há sempre um time de lá e outro de cá refutando, apresentando suas visões, criando discípulos, mudando a forma como as pessoas vivem à partir do pensamento. Para mim, tanto a filosofia, quanto a teologia são válidas como campo para discussão, mas resposta nenhuma é definitiva, pois cada pessoa tem uma percepção. Portanto, para mim, é válido conhecer o pensamento alheio, mas eu não tenho que necessariamente abrir mão do meu.

Assim, consigo acompanhar tanto o pensamento de Agostinho quanto de Nietzsche por exemplo, sem me violentar, retendo o que é bom pra mim em cada posição. Li um pouco sobre vários filósofos,  me reconheci em vários deles, mas ainda prefiro buscar minhas respostas dentro de mim, onde o Espírito Santo habita. É Ele quem me dá o suporte para viver e não as influências externas.

Na teologia a mesma coisa. As diversas correntes e vertentes que tentam afirmar isso e aquilo, pra mim só servem como observação da capacidade humana em questionar e se perder em respostas. Não tenho que aceitar o calvinismo e nem por isso, aceitar o arminianismo como consequência. Posso analisar as duas vertentes e enxergar nelas erros graves. Logo, o que me orienta, continua sendo minha intuição. Gosto de participar de fóruns de discussão apologética, mas não com intuito de mudar o pensamento de alguém e nem sou persuasível ao ponto de acompanhar qualquer viagem. Gosto porque conhecendo o pensamento e argumentos do outro, criamos nossos próprios caminhos para chegar às respostas que nos satisfazem.

Assim, se alguém quer de fato ser livre, precisa primeiro se livrar dos padrões. Seja ousado, descubra quem você é, o que gosta, o que pensa. Desde que não se prejudique e nem prejudique o outro, é tão bom descobrir nossos limites por nós mesmos! Toda ideia que tenta encaixar uma pessoa em formas, já é castradora.

Para ter alguma noção de liberdade, primeiro temos que ser livres dos padrões, dos grilhões, das imposições, da moda, da ditadura. Ser livres das formas, da escravidão aos padrões pré estabelecidos pela sociedade, dos ideais, das estereotipações, dependendo do crivo alheio.

Deixe esta preocupação, para quem não sabe ainda o porque de ocupar uma vaga na existência. Você que faz parte do Corpo, já entendeu que nem todo mundo é mão, que nem todo mundo é olho, que para ser o Corpo de Cristo, tem que ser diverso, completo, cada um desempenhando sua função, vivendo sua individuação, usufruindo da liberdade conquistada à preço de Sangue.



sábado, 11 de maio de 2013

Das minhas memórias



A memória é algo incrível. Ontem, enquanto ia no ônibus, recordava uma reflexão que fiz aos 14, 15 anos sobre a vida.

Na minha meninice, visualizei uma sala totalmente fechada, sem portas, sem frestas e apenas com uma pequena janela lá no alto, próxima ao teto.

Eu era um quadrado no centro da sala, olhando para o alto, sonhando alcançar aquela pequena janela, para então ser plena do lado de fora. Como um quadrado poderia alcançar aquela altura, se não havia nada na sala para ajudá-lo?

Foi então que percebi que tudo o que havia alí (na minha vida) vinha de dentro de mim, inclusive a solução para aquele dilema.

Comecei então a me lançar contra as paredes, me chocando contra aquilo o que eu julgava opressor. E quanto mais me lançava, mais via necessidade de me lançar.

Primeiro as quinas do quadrado foram quebrando, as arestas sendo arrancadas, polidas pelo choque com  chão e as paredes.

Aquilo doía, era bem desconfortável, mas eu parecia saber o que estava fazendo. Era como se eu fosse uma expectadora, mas soubesse que aquele quadrado era eu.

E me lançava e perdia as arestas, fiquei sem forma e já não lembrava um quadrado, mas rolava com certa facilidade e os choques não precisavam mais ser violentos. Eu estava arredondando.

E assim, com a perseverança e sutileza de quem sabia o que queria, eu me vi mudar de forma, até me tornar uma esfera. Parece que a substância que formava a superfície do quadrado era sólida e quebradiça, mas o núcleo dele, era leve e liso como uma bola de borracha.

Quando finalmente cheguei neste formato, comecei a quicar no centro da sala, cada vez mais alto. O alvo continuava sendo a janela no alto da sala e a esperança de encontrar plenitude do outro lado.

Achei graça me lembrando dessas coisas, mas hoje vi sentido nelas. Era uma das primeiras revelações que meu espírito assimilou, apesar de nada saber sobre a caminhada cristã.

Para alcançar o alvo, é preciso mudar de formato, é preciso eliminar aquela capa quebradiça e o impulso vem de dentro. Nada do lado de fora pode fazer isso por nós. São nossas tentativas, atritos e perseverança que farão as mudanças necessárias. Um quadrado inerte, jamais deixaria de ser um quadrado inerte.

Hoje eu seria aquela esfera de borracha, saltando e quicando cada vez mais alto, próxima, bem próxima da janela. Perto de descobrir o outro lado, onde a promessa se cumpre e todo anseio é suprido.

sábado, 4 de maio de 2013

Por que escrevo?

A Bíblia descreve a fé, como uma certeza, uma convicção. Algo que possibilita ao homem, assimilar os mistérios de Deus e crer que nada do que se vive é em vão. 

A fé é a transcendência que liga a promessa, ao cumprimento dela. Quem vive pela fé, sabe que cedo ou tarde, tudo cumpre seu propósito debaixo do Céu.

É ela que nos aproxima de Deus em relacionamento. Por ela, é possível intuir a revelação no espírito. Por causa disso, um homem sem fé (ou que a mortificou) não pode agradar a Deus, sequer vai conhecê-lo ou saber o que Ele quer através da sua vida.

Muitas pessoas perguntam-me por que não escrevo livros, por que não divulgo minhas reflexões de forma que muitas pessoas tenham acesso, enfim. Minha resposta é sempre a mesma: escrevo inspirações, não sou escritora e nem pretendo ser.

O que faz minha letra se tornar vida em quem lê, não sou eu, mas a fé da própria pessoa. São textos simples e de linguagem direta e assertiva, sem pretensões de mudar o mundo, mas com esperança de ser luzeiro na vida de muitos.

Muita gente que passa por aqui fica encantado, outros, apesar de voltarem sempre, reforçam a opinião de que sou apenas mais uma louca que seduz. Quem mergulha no amor, sabe que vai ficar impregnado com um perfume que incomoda. 

O importante é que 20, 30 pessoas passam por aqui diariamente. São 6 anos lançando sementes, que não sei se vingaram ou continuam adormecidas. Nós cristãos, não levamos Deus às pessoas. O anúncio do Evangelho, apenas desvenda os olhos das pessoas, para o que já foi feito por elas. Se crerão ou não, não depende do que dizemos, mas se há fé para as assimilar no espírito.

Escrevo esperando que creiam no que digo, mas Tomé me ensina o que é peculiar no ser humano. Muita gente precisa primeiro de uma experiência com Deus, para só então através de algo concreto, professar alguma fé. Entre espantos e acusações de pessoas que me consideram louca por não conseguir acompanhar o que digo, não cabe à mim colher resultados. Isto é função de outro.

O fato é que meu trabalho não é em vão no Senhor. Posso passar como a neblina, mas as palavras que lancei, frutificaram de alguma forma e isso é a fé que me garante. À medida em que viro palavra, meu carimbo de posse perde a função. Sou de quem quiser me ler, sou de quem vê verdade em mim.

Para mim, a Verdade é única e existe de eternidade à eternidade. De maneira nenhuma ela se desvia do homem. Somos nós que a evitamos para não sermos confrontados com nossa mediocridade.

O ponto de partida é a fé. Sem fé, tudo o que sobra é o efêmero, o temporal e a limitação. Não é raro vermos grupos de pessoas que se dizem cristãs, limitarem seu entendimento aos 33 anos da existência física de Jesus. Para eles não há antes, nem depois. São ateus enrustidos, racionalizando o Mistério. Na verdade lêem a Bíblia com o intelecto que é atributo da alma e não com a fé, que é espiritual.

De que adianta ter uma alma inteligente, se não há um espírito sábio? A pessoa assimila o sofrimento, mas não sabe o que fazer com ele. Jesus direciona tudo, mas pra isso é necessário a fé.

É muito corriqueiro ver pessoas seguindo o pensamento de outros, como se as respostas tivessem que vir de fora. Identificam-se com filósofos, líderes religiosos, pessoas que persuadem pelo intelecto e convencem pela racionalidade. É como se o Criador tivesse privilegiado alguns, enquanto outros tivessem que agir por imitação. Não penso que seja assim. O que falta nas pessoas é buscar as verdades que estão no íntimo de cada um. Escrevo para ser luz, não para adestrar pessoas.

Minha intuição brota do meu espírito como água transbordando. O olho d'água é a fé e eu não tenho controle sobre a revelação que meu espírito recebe. Minha inquietação dura, enquanto minha mente não sistematiza as ideias e as transforma em mensagens.

À partir do momento que lanço essas reflexões, elas já não são minhas. Vai depender de quem as acolheu, se transformarem em verdade ou lixo. Em mim elas se tornaram vida, mas em você que lê, podem ser nada.

Quem dera que minha sede de Deus despertasse a sua, quem dera que meu prazer em caminhar com Cristo te contagiasse... mas cabe a mim lançar sementes, que só frutificarão em terra boa.