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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Vasos para honra e vasos para desonra




Amados, eu evito discutir doutrinas, por experiências que tive em fóruns de discussões apologéticas. O Evangelho é simples, a mensagem bíblica é global, mas estes pormenores só servem para separar o povo de Deus, pelo menos os que insistem em se fixar na letra e não permitem que o Espírito os conduza no ensinamento da verdade.

Aprendam a mergulhar além da letra, pois ela mata. Mas o Espírito vivifica e nos abre os olhos para a revelação de Deus, que é Amor. Raciocínio é atributo da alma, mas o Espírito se revela à espíritos. 

Então, não permitam ser persuadidos pela mente de outras pessoas. Não há um livro mais importante que o outro, então, não se fixe em Romanos. Tentarei ser bem sucinta na forma como o leio, não para discutir opiniões, mas para compartilhar minha fé.

"Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra?" (Romanos 9: 21)

Para entender o princípio que Paulo está usando, é preciso voltar lá em Jeremias, para entender a analogia que Deus usa sobre o Oleiro, o barro e o vaso.

Jeremias recebe a incumbência de observar um oleiro trabalhando. Este pega o barro e trabalha nele para que se torne um vaso. Mas vendo que o vaso quebrou-se em sua mão, o oleiro o amassou e o refez perfeito. Tudo o que o oleiro realizou, era conforme o seu parecer.(Jr 18:1-4)

Paulo fala da mesma massa, ou seja, do mesmo vaso que antes era para desonra, Deus pode refazê-lo para honra. Este é o princípio de todo o Evangelho, onde Deus nos alcança perdidos e mortos nos nossos delitos e pecados, para nos aperfeiçoar no seu amor, até que alcancemos a estatura de varão perfeito.

Não há aqui nenhuma menção, de homens criados para honrar e outros para desonrar. Se formos honestos conosco mesmos, saberemos que nossa carne milita contra o espírito, ora vencendo e ora perdendo. Ora honrando e ora desonrando nosso Deus, até que o processo chegue ao fim.

Se alguém foi criado para a desonra, tem que ser um monstro do início ao fim. Se foi criado para honra, deve ser santíssimo, porque o plano de Deus não pode ser frustrado. Percebe a loucura desta acepção?

O Profeta Isaias complementa o exposto por Jeremias: "Ai daquele que contende com o seu Criador! O caco entre outros cacos de barro! Porventura dirá o barro ao que o formou: Que fazes? Ou a tua obra: Não tens mãos?" (Isaías 45: 9).

A loucura de contender com Deus, se resume num ponto:  Ele sabe o que faz, mas para nós, seus desígnios são inescrutáveis. A criação não sabe porque foi criada, mas o Criador sabe o porque a fez. E tudo o que for necessário fazer para nos refinar, nos moldar, nos aperfeiçoar, nos desenvolver, será feito, entendendo isso ou não.

Voltando à Jeremias, note o que Deus lhe disse: "Então veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? Diz o SENHOR. Eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de Israel" (Jeremias 18: 6- 7)

Todos nós sabemos que o povo de Israel foi eleito para que o Messias nascesse no meio deles. Mas Paulo em romanos, diz que Israel foi endurecido para que o Evangelho alcançasse também os Gentios e nós fôssemos enxertados no Ramo. Percebe que o agir de Deus tem um propósito eterno? Primeiro escolheu, depois endureceu, com o propósito de sermos todos iguais. A Justiça para todo o homem é Cristo.

Alguns achavam que Deus havia falhado com Israel. Para rebater os judeus contradizentes, Paulo usou esta figura do Oleiro, o barro e o vaso.

"Mas agora, ó SENHOR, tu és nosso Pai; nós o barro e tu o nosso oleiro; e todos nós a obra das tuas mãos" (Isaías 64: 8). Agora entendemos que o homem é feito à partir do barro e moldado pela Graça de Deus, até tomar a forma perfeita. Se quebrar, será amassado e refeito.

Neste processo, desde nossa criação, todos nós passamos por imperfeições, porque antes vivíamos pela natureza de Adão. Todos já fomos vasos de desonra, mas refeitos por meio da Graça, segundo a natureza incorruptível que é Cristo. Deus usou a mesma massa, pra  fazer vasos diferentes.

O homem não honra a Deus, quem honrou foi Cristo. E nós, por meio da fé Nele. Dizer que uns foram criados para honra e outros para desonra, seria o mesmo que dizer que alguns homens nasceram com a natureza de Adão e outros com a natureza de Cristo. Sabemos que não é assim, pois a carne e o espírito militam entre si, enquanto formos carne. Mas a mesma massa produziu dois vasos distintos: antes, inclinados para o pecado, agora, livres.

  • Deus exerce o seu poder sobre o barro para fazer vasos (homens), diferente da idéia de que Deus exerce poder sobre os vasos; Obs.: o senhorio do pecado ou da obediência sobre os homens vincula-se respectivamente a Adão e Cristo, visto que, a quem o homem se oferecer por servo para obedecer, será servo de quem obedecer: ou do pecado ou da obediência (Romanos 6: 16);
  • Adão vendeu-se ao pecado, e com ele todos os seus descendentes (humanidade).
Todos que crêem em Cristo, conforme diz as Escrituras, são vasos para honra, visto que, em Cristo todos são feitos participantes da natureza divina, contados como filhos de Deus. E consequentemente, todo homem que rejeita a Cristo e seu Evangelho, permanece no mesmo estado de antes, vaso de desonra.

Cristo morreu pelos pecados do mundo inteiro, é o que diz a Bíblia. Portanto, o que passar disso, é interpretação humana, baseada na acepção que Deus não faz, mas nós fazemos.





sábado, 22 de fevereiro de 2014

Moradas




Jesus estava indo até a Cruz, preparar-nos lugar espiritual. O lugar que Cristo foi preparar, chama-se  Corpo.

É o único lugar entre o céu e a Terra, onde Deus e o homem podem habitar juntos. O homem no Corpo como membro e Deus no homem que guarda e pratica a Palavra.

As muitas moradas onde Deus habita, são seus filhos, Sua casa. Ele nos edifica para a eternidade.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Evangelho nos encontros




O Evangelho é Cristo. Quem está em Cristo, vive o Evangelho. Jesus não ia ao encontro de todos os doentes para os curar, nem se sentia o tutor de todos os desequilibrados, mas todo aquele que vinha ao seu encontro em busca de socorro, cura, libertação, recebia.

Se precisava de cura, era cura que recebia, se procurava edificação, recebia. Jesus dava o pão conforme a fome, dava a água conforme  a sede, supria a necessidade que havia.

Para isto, ele precisava ser mais que o Salvador do mundo, era necessário caminhar junto, olhar nos olhos e conhecer a carência de cada um.

Jesus tinha tempo com as pessoas, amava nos encontros, sentava-se para comer juntos, servia a cada um, conforme suas próprias expectativas. Com o mesmo amor que ensinava nos montes, à uma grande multidão, ensinou à Maria, sentada aos seus pés. Ele tanto pregava à multidão, quanto respondia a cada questão que surgia.

Jesus é o Bom Pastor, mas também é o Mestre, mas também é o Médico, mas também é o amigo íntimo. Seu ministério era no tete a tete, nos encontros, nas andanças, com gente cheia de mazelas. Era atento à quem o procurava.

Hoje os homens se ensoberbecem em seus ministérios e não se preocupam em olhar para o exemplo de Cristo. São pastores que pregam às multidões, mas não apascentam rebanhos. São discursos cheios de "eu sou, eu sei, eu tenho, eu faço, eu conheço" mas cegos com relação à quem caminha a um palmo de distância.

Quanto mais espetáculo e performances, melhor. Mas as multidões seguem vazias, sem o conhecimento do Evangelho genuíno.

Não há como amar a Deus, se negligencio meu irmão. Ou me torno o Evangelho na vida das pessoas, se é que Jesus vive em mim, ou sou um sino que retine, frio e barulhento.

Ou estou atenta à necessidade dos que caminham comigo, ou sou uma farsa, mascarada de cristã. Não basta um discurso na ponta da língua. A Graça que recebi, precisa emanar na direção do meu próximo. E não é apenas nos momentos em que eu separo "para Deus". É na vida, o tempo todo.

Se meu ego não existe mais, se o "si mesmo" está mortificado pela minha consciência no Evangelho, não posso praticar apenas quando me convém. Nem posso acolher os de fora, porque vão alimentar meu status de líder, se negligencio os de dentro da minha casa, porque para estes, é mais difícil interpretar um personagem. Não é possível arrumar a casa dos outros, enquanto a minha desmorona.

Ser cristão é antes de tudo, andar na verdade. Não só de língua, não só com palavras vazias, mas na prática constante de amar.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Confiabilidade bíblica




Tanto se discute sobre a autenticidade dos textos bíblicos. Tanto se questiona e põe em dúvida a veracidade dos fatos... penso que diante da atual mornidão que assola as igrejas, esta seria a gota d"água que desanimaria de vez a alguns que sobrevivem mais por medo do que por amor.

Assisti a uma palestra sobre a escolha do Cânon bíblico. e se meu coração não ardesse de amor por Jesus, a dúvida poderia encontrar pouso. Mas algo no meu íntimo testifica que é exatamente do jeito que precisava ser. Tudo tem propósito e vivemos pela fé.

Meus amados, pra início de conversa, Jesus não escreveu nada, senão na areia. Para crer que o testemunho daqueles homens é verdadeiro, só posso fazê-lo por meio da fé e esta é dom.

Se preciso de fundamentos palpáveis e sólidos, se tudo precisa se encaixar na minha lógica humana, para crer no Evangelho, onde está a fé? Se o processo que a Bíblia sofreu para chegar nas minhas mãos for mais importante do que a vida que recebi ao ser Evangelizada, que fiasco de cristã eu seria...

Evangelho é o que salta da letra e se torna vida no espírito. E pra que isto aconteça, a mensagem não pode ser filtrada pelo meu crivo intelectual. Deus não é lógico, Deus é mistério. A revelação é espiritual. Só se eu fosse louca, para negar cada uma das experiências que tive com Deus, porque minha mente não compreende o que meu espírito intui.

Conheço a Lei, os profetas e os apóstolos por meio da fé. Se creio na inspiração deles, por que duvidaria da sabedoria dos copistas? Por que Deus não cuidaria para que recebêssemos a Bíblia tal como é?

Os critérios para a seleção dos livros, os acréscimos, a rejeição dos apócrifos... nada fugiu do controle de Deus. Importa menos a letra, do que a vida que o Espírito concede por meio do conhecimento de Cristo. O muito saber, incha. Mas o amor edifica.

Se de fato o Evangelho se resume no amor e se o serviço mútuo nos interliga pela prática de amar, basta! É a Graça que realiza todo o trabalho. Estes pormenores não podem abalar a fé daqueles à quem o Pai chamou de filhos.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Negar-se




Quem não tem estrutura para lidar com a condição humana, precisa ir viver entre os querubins e serafins, para ouvir continuamente "Santo, Santo, Santo". Porque enquanto estivermos encerrados em carne e sangue, haveremos de lutar diariamente contra nossa própria natureza, que mesmo domada, não deixa de ser.

Sou uma cristã que de fato vivo o que prego. A consciência do Evangelho me acompanha desde a hora em que acordo, até a hora em que durmo e não há o que eu faça, que não seja sabendo que Deus está dentro de mim.

Mas tem coisas que não faço, porque perderam o lugar na minha vida e já não são. Outras, não faço, porque não me convém, embora eu ainda as perceba como vontades. E algumas, ainda não consegui mortificar, embora saiba que preciso.

O domínio próprio é um dos atributos do fruto do Espírito. Mas ele só existe, porque há o que ser dominado. Então, alguns podem pensar que minha carne não está subjugada pelo espírito, mas creio eu, que se a carne prevalecesse, eu não estaria confessando, mas praticando o que ela pede. Sou tranquila neste quesito, vivo um dia de cada vez.

Não sou uma pessoa andando sem rumo, eu tenho um alvo. Tudo o que mais desejo é alcançá-lo e ser cada vez menos parecida comigo mesma, e mais parecida com Cristo. Foi para seguí-lo que fui chamada e para praticar seus ensinamentos. Esta é a razão da minha vida, é o que me motiva, é meu maior bem.

Mas esta consciência não me anula como ser humano. Não nutro a ilusão de que minha carne vá deixar de ser, clamar, gritar e lutar para ditar suas exigências. Sem sombra de dúvidas, eu a reconheço diariamente e sei de cada uma das suas investidas. Só não lhe dou essa confiança e ela perde espaço nos meus pensamentos, ações e escolhas.

Embora eu saiba que não posso escolher o que vou desejar, posso escolher com o que vou ocupar meus pensamentos. Buscando as coisas do Alto, tudo o que é concernente à mim mesma, diminui.

Não tenho muito pudor em falar à respeito do que sinto, sou e vivo. Às vezes me calo, por perceber que alguém não tem alcance para compreender a dualidade do nosso ser. Quando começam com "não penso, não faço, não toco" a santarrice já me faz entender que não é um coração receptivo a acolher. Mas se lido com gente madura na fé, nos confessamos mutuamente e nos ajudamos em oração.

Já houve tempo em que eu achava que era imune e não exercia misericórdia com cristãos que pecavam. Era uma evangélica imatura e cheia de mim. Depois, fui ensinada à duras penas, que ainda sou pó e que o mérito nunca foi meu. Me reconhecer e saber o que sou, é render à Cristo e sua Graça, todo o mérito por me sustentar.

Prefiro ser julgada pelos homens, à ser achada hipócrita diante de Deus. Porque quando me interiorizo para orar, minha alma se apresenta nua. Eu não tenho como esconder Dele as minhas imperfeições. Ele me vê, tal como sou. E enxergando minha alma do jeito que é, jamais a desprezou. 

Então, falo sem o menor constrangimento, que aquilo o que antes fazia porque gostava, continuo gostando, mesmo que não faça. Porque viver no Espírito, não é sofrer um estado de amnésia ou dormência da carne. Ela continua sendo e continua lutando para prevalecer.

É diferente a experiência de quem sempre viveu dentro dos padrões e a de quem viveu à margem. Sou uma privilegiada, no sentido de conhecer meus limites e saber muito bem do que sou capaz. Minha vida poderia render um testemunho lindo, se não fosse escândalo para gente infantilizada no Evangelho. 

Lembram que Jesus falou sobre o maior amor ser o daqueles que receberam o perdão da maior dívida? Isso depende mais da consciência da impotência do que pelo tamanho da dívida em si. Eu não me justifiquei, apenas reconheci minha miséria e diante do perdão, não me resta outra alternativa, senão amar Jesus com todo o meu coração.

Deus tem me dado Graça e eu tenho dominado a carne. Não por medo de ser cortada fora, mas porque o amor de Deus me constrange e me move à buscar Sua Vontade e negar a minha.

Eu conheço a Misericórdia de Deus. Eu sei o que é cometer o que os homens abominam, sei o que é padecer por consequência de meus erros. Contudo, o Senhor, me sondando e sabendo do material de que sou feita, me acolheu. Não me desprezou, secou meus olhos e revelou-se ainda mais. Porque a Misericórdia com que me recebeu, deu-me-a como dom, para acolher quem está em pecado. Me reconhecer, foi como cair pra cima. Me humilhei e fui exaltada.

Portanto, se escolho me negar, não é porque deixei de ser quem fui. Mas estou em Cristo e é a Seiva Dele, que me vivifica, me impulsionando à diminuir, para que Ele cresça.