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segunda-feira, 11 de maio de 2015

Igreja ou igreja




Para a maioria dos evangélicos, a Bíblia é um manual de regras e prática da fé, para mim é Palavra de vida, que encontrando terra fértil, germina e gesta vida de Cristo naqueles que creram. Por esta razão, o que o Senhor disse, é. O que Ele não disse ou não mandou dizer, simplesmente não é. 

Este é o parâmetro para que eu saiba o que é da vontade de Deus e o que nasceu da vaidade humana. Este é o diferencial entre minha vida e a de pessoas religiosas. Se a Palavra está do lado de fora, ela é regra de conduta, se ela está dentro, é caráter.

Fui chamada por Deus, capacitada com olhos que enxergam para além do que vêem e sensibilidade para discernir as coisas que vejo. Para os mais atentos, não é novidade que a igreja caminha a passos largos para a perdição. Digo a igreja com "i" minúsculo, porque a Igreja de Cristo está garantida por Ele mesmo, desde antes da fundação do mundo e segue até que Ele venha. Ao passo que a igreja histórica, desde que se corrompeu em Roma, nunca mais deixou de se prostituir com os sistemas do mundo. Se os que se chamam pelo Nome de Cristo, cressem no que Ele disse, estariam preparados para esta apostasia, pois precede a Sua volta.

Fui chamada para resgatar a simplicidade e pureza do Evangelho naqueles que são. Não gasto energia com os que não são. Assim, desconstruindo conceitos, costumes, distorções que a igreja histórica instituiu, resgato no coração dos filhos a esperança Nele. Enquanto se acoplam os costumes humanos na sã doutrina, a igreja histórica vira qualquer coisa, menos a Igreja instituída por Cristo.

Desde que a igreja virou empresa e os dons viraram hierarquia, pouco sobrou da comunhão dos que amam, pois as motivações para servir, são cada vez mais diversas.

Jamais escrevi ou falei contra placas ou pessoas, até porque o sistema corrompido está revelado no Apocalipse e será destruído, não é algo pontual, que eu possa simplesmente resolver ou sugerir saídas. Está claramente exposto o que será dele. Mas contra a Igreja de Cristo, a porta do inferno não prevalece, posto que Ele mesmo a comprou para si. Isto é, pessoas de todos os tempos, línguas e culturas, que creram e esperaram no Senhor.

Assim, minha missão é muito mais ampla, do que discutir opiniões com gente que abraça a causa evangélica e nega o Evangelho. Um sistema estabelecido não muda e não mudará. Mas os que estão cegos, por negligência daqueles que tomam a frente para os conduzir, a estes bastará ouvirem a Palavra da verdade e a guardarem, para terem de novo os olhos abertos. 

Enquanto cegos guiarem cegos, tudo será apenas religião. Mas quando virem, tiverem suas mentes iluminadas pela Luz de Cristo, trilharão o Caminho, a Verdade e a Vida.

A grande confusão que acontece na cabeça de religiosos, é que só enxergam o sistema, mas não a Igreja. Enquanto as decisões vierem de fora para dentro, não há nova vida. Mas quando as consciências estiverem pautadas no Evangelho de Cristo, e o ensino do Mestre for a comida de cada filho, digerida e metabolizada, a força virá à partir de dentro e já não haverá mais confusão. Por enquanto, tanto dentro, quanto fora das paredes, joio e trigo crescem juntos.

Hoje, as pessoas se melindram com a verdade porque são medíocres. A sã doutrina sempre causará comichões nos ouvidos daqueles que não são. Ao passo que as que são, já não tem ego para ferir e nem orgulho para doer, porque morreram e ressuscitaram com Cristo e já não vivem, mas Cristo vive nestes.

Assim, não me esforço para justificar o dom aos homens, não é a estes que prestarei contas do que faço e vivo. Mas se vejo e entendo, ai de mim se não proclamar a verdade! Antes, não temo o que possa me fazer o homem. Nasci com o fim de glorificar a Deus com a vida.

Se as portas institucionais se fecharem para mim, Cristo é a Porta por onde passei de uma vez por todas. Pregarei fora do arraial.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Mês da família?




Pela tradição da Igreja evangélica e para o cumprimento da agenda anual de programações da Igreja, o mês de maio é separado para instruir e exaltar a função das famílias dentro da comunidade cristã. Para isto, todas as pregações, cultos nos lares e palestras, são direcionadas ao mesmo tema: funções/obrigações/responsabilidades do marido para a esposa, da esposa para o marido, dos filhos para com os pais e dos pais para com os filhos.

Mas como fui agraciada com um olhar mais amplo, percebo coisas que a maioria das pessoas deixam passar desapercebidas ou se calam, para evitar mais constrangimentos. Meu objetivo neste post, pode ser visto como uma crítica à religiosidade, mas também pode servir como edificação do Corpo que foi chamado para acolher e amar.

Nada tenho contra as instruções de Paulo sobre a família, apesar de perceber que textos onde ele se mostra contrário ao casamento, não tenham o mesmo valor doutrinário. Creio piamente que uma família bem estruturada, tende a ser mais harmoniosa e amorosa, coisas primordiais para que a caminhada cristã seja facilitada.

Porém não posso fechar os olhos para as coisas que saltam às basicalidades e superficialidade das pessoas, que na tentativa de fortalecer conceitos sobre a estrutura da família, passam de largo para o que de fato legitima uma família: respeito mútuo, cooperação, divisão de tarefas e obrigações e principalmente o AMOR que possibilita uma boa convivência.

A realidade da Igreja é outra, somos formados também por famílias atípicas, que ficam à parte durante um mês inteiro. Entre estas: casais sem filhos, filhos sem pais cristãos, viúvos, divorciados, avós que criam netos, sobrinhos que acompanham familiares, mães solteiras, sogras que foram acolhidas... enfim, realidades que são descartadas no mês de maio, quando nada faz menção sobre estas vidas que durante o ano participam ativamente de tudo o que acontece na Igreja.

Atos 2:47b " E assim, a cada dia o Senhor juntava à comunidade as pessoas que iam sendo salvas."

Acompanhem meu raciocínio: A Graça alcançou sem acepção, o Senhor iluminou o entendimento, enxertou na Videira Verdadeira, arregalou os olhos para as revelações espirituais, constituiu a cada um de nós Rei e Sacerdote, porque a Igreja é um sacerdócio real segundo a Ordem de Melquisedeque. Então nos tornamos habitação do Espírito Santo e até nossa espiritualidade é reconhecida. Mas a comunidade ainda exclui e considera como caso à parte. O Evangelho é agregador, mas a tradição evangélica, o Cristianismo histórico, a instituição religiosa é excludente e continua agindo com acepção.

Pelos moldes da Igreja, nem Jesus se encaixaria, porque nem era filho de José. O que fica evidente, é que muitas vezes a tradição evangélica fala mais alto que o próprio Evangelho. E que histórias como a de Rute, que decide cuidar de sua sogra Noemi, a de Timóteo que é ensinado pela avó, a do pai que pede socorro pelo filho endemoninhado, a da mãe que pede socorro pela filha sem que sejam mencionados outros membros da família, ficam sem valor.

Pelo que parece, o Evangelho excludente, não é o mesmo que alcançou a mulher que foi pega em flagrante adultério, ou a que teve cinco maridos e estava com um que não era marido dela. 

E a questão é a seguinte: É Deus que cega a congregação por causa da constante falta da prática de amor, ou é o exagero da religiosidade que cega para as coisas que são de fato importante? O que é inegável é o retrocesso, ao invés do avanço na estatura de varões perfeitos, porque toda a segregação, toda a exclusão e todo o preconceito, são contrários ao amor que caracteriza a Igreja de Cristo.

Este ano não vou participar do retiro de encerramento do mês de maio da Igreja, porque foi estabelecido que família é o casal com filhos, o resto é parente e parentes não serão permitidos.

No meu caso, a família que considero é a parentela inteira, porque na prática, eu moro só. Mas para a Igreja que exclui, eu sequer tenho uma família. Assim como eu, muitas outras pessoas que o Senhor acolheu, ficarão em situação constrangedora, porque a Igreja não aprendeu a amar e nem a acolher essas pessoas.

Este ano fazem 18 anos que congrego no mesmo lugar, mas o esforço que faço para permanecer e perseverar, é muito maior no meu caso do que no caso de famílias tradicionais, porque tudo gira em torno do umbigo dos religiosos. Assim, nas festas de solteiros estou de fora por causa da minha idade e por ter um filho. Nos encontros de casais estou fora, nos encontros dos homens onde podem levar a família estou fora e também no contexto do mês de maio.

Se não fosse a Graça que me sustenta e o amor de Deus que jamais me abandona e nem despreza, por que eu bateria nesta porta que nunca se abre?