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quarta-feira, 23 de julho de 2014

Resposta à uma caçadora de marido



Tenho dormido fora nessas últimas semanas, primeiro porque uma amiga passou por uma cirurgia e eu me dispuz a acompanhá-la durante o período de recuperação e depois porque a convenci de comemorar seu aniversário e me ofereci para preparar os salgadinhos da festa. Como não tenho filho pequeno, nem quem dependa de mim, saio de mala e cuia e vou para onde quero.

Nas primeiras semanas ninguém disse nada, mas nessa última, alguém insinuou que eu estava procurando namorado nas bandas daquele bairro. Eu ri e de fato foi engraçado, mas um amigo me abriu os olhos, porque alguns falam, mas mesmo quem não fala, pensa.

Como a moça que fez o comentário é alguém um pouco fixada em arrumar marido, hoje eu estava relembrando e rindo, enquanto me imaginava conversando com ela. Em outra oportunidade vou chamá-la pra um papo e dar umas dicas sobre o assunto.

Quando Deus criou o homem, Ele disse que era bom, aliás, disse que era muito bom e de fato eu acredito nisto. Mas também acredito que é possível viver e bem, sem um do lado.

Uma mulher que se sinta incompleta, não vai conseguir viver só. Se não se casar, vai se sentir inferiorizada com relação às outras. Talvez justifique assim seus complexos e carências e certamente passará a vida tentando se completar no outro, acumulando frustrações.

No tempo de imaturidade, também fui assim. Perdi a conta de quanta gente passou pela minha vida e eu fantasiava uma vida comum com cada um deles. Até perceber que ninguém é perfeito e eu não poderia encontrar todas as virtudes numa pessoa só. Ou ele seria carinhoso, ou seria trabalhador, ou seria atencioso, ou seria pau pra toda obra... dificilmente reuniria em si tudo aquilo que almejei encontrar.

Conforme a vida foi passando e eu amadurecendo, percebi que eu conseguia  construir, mobiliar e manter sozinha a minha casa, as minhas despesas, conquistar os sonhos de consumo, manter as contas em dia, a despensa farta, o guarda-roupa atualizado, as viagens, passeios, enfim, percebi que na simplicidade do que faço para viver, dou conta sozinha.

Também não sou lá muito dependente. Não chego a ser auto suficiênte, mas gosto de fazer minhas coisas individualmente. Rendo mais planejando e realizando sozinha do que em grupo, então não sinto tanto a falta da cumplicidade e parceria comum no casamento. Troco carinho com muita facilidade, mas gosto de estar só no meu cantinho, então me adaptei com o estilo de vida que tenho. Quando quero estar junto, fico. Quando não quero, volto para meu cafofo.

Como não há homem perfeito e tenho muitos amigos, procuro a cada um segundo a sua qualidade e usufruo de cada um dos meninos, sem precisar me casar com eles haha. As amigas já acostumaram a dividir seus maridos comigo. Um me dá carona, o outro empresta o ombro, o outro faz reparos na casa quando precisa, o outro me ensina sobre o Evangelho e troca ideias comigo, e no final tenho tudo o que preciso. Mais ou menos "sou de todo mundo e todo mundo é meu também".

Fico pensando na fissura desta moça em encontrar alguém para casar e sinto pena, porque sei que ela vai acabar casando-se pelo casamento e não para ser uma carne com o futuro marido. Imagine conviver com alguém, dividir com ele a intimidade, ter com ele responsabilidades, sem amor. Imagine que o que era pra ser um momento de prazer, acabe se tornando o pior momento todas as noites.

Infelizmente a maioria das pessoas que não compreendem a solteirice como opção, a relacionam com a falta de sexo. Eu jamais me casaria com uma pessoa para ter sexo disponível, até porque um dia isso acaba. Mas a renúncia, a entrega, a prática em ceder, a tolerância, isso não pode acabar.

Tem também o fato de ninguém garantir que o cabra seja bom de serviço e no caso de não ser, adquire-se mais um problema. E sinceramente? Quem sabe usar os dedinhos, não precisa andar frustrada. (falar isso pra uma evangélica escandaliza. Caçar marido atirando pra todos os lados pode, se tocar e se conhecer, não.)

Enfim, eu diria para a moça: amada, eu não estou procurando homem, nem tenho interesse em encontrar marido. Não fechei as portas de possibilidade alguma, mas também não ando insatisfeita com a vida que tenho. Acho que cada um deve viver segundo o dom que recebeu. Se algum dia for para acontecer, ele que me encontre e trate de me merecer!


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