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terça-feira, 26 de novembro de 2013

Fazei isto em memória de mim




Meu aniversário é um evento bastante aguardado pelos membros da igreja. É famoso por causa da fartura e da liberdade das pessoas em se servirem na mesa.

No momento após o culto, me deram a palavra e como meu negócio é escrever e não discursar, minhas palavras foram bem sucintas: "Gosto muito do meu aniversário, menos pela data em si, porque quando tomamos consciência da eternidade, as coisas efêmeras perdem a importância. Mas gosto especialmente, porque é literalmente Cristo entrando na minha casa e ceando comigo.

É assim que vejo este evento, que planejo e me dedico ao máximo. O Corpo vem me visitar e eu quero oferecer-lhe o melhor. É a oportunidade da comunhão no abraço e na mesa. É a alegria desse encontro transbordando em sorrisos e troca de afeto. Tudo por causa do amor de Cristo, manifestado por nós.

Este é verdadeiramente um momento de ceia, como aquele retratado por Paulo em Corinto. Tanto lá, quanto aqui, todos os que estavam neste espírito de comunhão, discerniram Cristo. Mas certamente haviam aqui como lá, alguns mais preocupados com a comida e com o se fartar primeiro, como Paulo exortou.

Hoje vemos mais este equívoco ser pregado nas igrejas, onde a própria liderança, decide quem participa e quem fica de fora da mesa do Senhor. Sob a ameaça de maldição, se alguém participa indignamente, como se alí houvesse alguém digno.

Sugerem um momento de auto-exame, para localizar uma possível culpa. Sinceramente, ninguém deve guardar um pecado inconfessado, para se lembrar dele, minutos antes da ceia. Pecamos, até mesmo sem perceber.

Eu faço contato, não com este ou aquele pecado, mas com minha condição de pecadora, lavada e remida pelo Sangue do Cordeiro. Em seguida já me alegro pelo fato de ser parte de Cristo.

Hoje, como a ceia é simbólica (um pequeno cálice de suco de uva e um pedacinho de pão), os conceitos acabam sendo distorcidos. Mas Paulo está descrevendo verdadeiramente um jantar de celebração, onde um deveria servir ao outro, como Cristo serviu aos doze.

Com toda a certeza, Jesus estava instruindo a unidade da Igreja e não o que acontece hoje durante o ritual, onde cada um ceia olhando a nuca do irmão da frente.

Fazemos isto em memória de Cristo, tomando o pão que simboliza a carne e o vinho simbolizando o sangue derramado na Cruz, para lembrar que Jesus permanece conosco, apesar de ter modificado a forma de ficar. Não apenas o pão e o vinho representam Cristo, mas o povo que celebra, é também o Seu Corpo.

Avaliar-se, não é outra coisa, senão verificar a motivação em estar alí. Você discerne que o Corpo alí reunido é Cristo? Somos todos parte de um mesmo organismo que vive em amor e comunhão, por causa de Cristo. Ou estamos alí por causa da comida e bebida, sem senso nenhum de comunhão?

Estes, motivados pelo egoísmo, certamente não estão em Cristo, mas são carnais. Que permanecem fora do Corpo, apesar de participarem religiosamente do rito.

A última ceia do Senhor, foi para preparar a Igreja a encorajar-se na continuidade. Comer e beber juntos, significa compromisso um com o outro. O banquete sacia a fome, mas também alimenta a alma.

O que discerne o Corpo, festeja a alegria de sermos UM, fortalecendo assim a nossa esperança, até que Ele venha.

"Portanto, meus irmãos, quando vos ajuntais para comer, esperai uns pelos outros. Mas, se algum tiver fome, coma em casa, para que não vos ajunteis para condenação." 1 Co 33, 34

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Maravilhosa Graça




A Graça de Deus encontra quem quer, não precisa marcar hora, nem local, nem ambiente propício para que ela se manifeste.

O amor de Deus não faz acepções e vai de encontro a todo aquele que cansado e sobrecarregado, se rende à Jesus. Todo o que se enxerga fraco, doente, vazio, carente, desolado, pequeno, vulnerável, sozinho...

E neste momento onde não somos nada, Deus se torna tudo em nós. 

Então a Graça que nos alcança, este favor que não busca merecedores, está dentro, está adiante e está seguindo ao que se torna filho.

Maravilhosa Graça, que não leva em conta as deformidades do ser. Que não dá segundo o caráter, nem merecimento, mas conforme a dependência na bondade e misericórdia do Senhor. 

Ela não depende do que corre, nem do que quer, mas unicamente pela misericórdia Daquele que tudo sabe desde antes da criação de todas as coisas.

O amor de Deus é Graça e é abundante, para todo aquele que se acha indigno, desgraçado e desolado. Porque coloca Nele a sua esperança.

A Graça acolhe como mãe amorosa, suprindo, curando, restabelecendo e cuidando, para a Glória de Cristo Jesus, que se deu no nosso lugar, para que todo aquele que Nele crer, seja alcançado.

Jesus, autor e consumador da fé, Senhor agraciador, que não lança fora à nenhum que o busque e se esvazie de si mesmo, pois só faz isto, quem o Pai motiva a fazer.

A Graça desvenda os olhos e faz enxergar as coisas ocultas. Dá sabedoria aos símplices e proclama no mundo que Jesus é o Senhor.

Um dia eu descia o abismo e via o medo me atormentando, me sobrevoando como ave de rapina. Mas o Senhor, ouviu o meu lamento e me resgatou para honra de Seu Nome.

Louvado seja Jesus Cristo, cujo Nome está acima de todo nome, porque sem Ele, nada do que foi feito se faria. O Início e o Fim, Senhor da minha vida, Amado da minha alma!

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Sobre a dualidade humana



Nos últimos dias, Deus tem desconstruído em mim, mais um dos paradigmas que a religiosidade estabeleceu. A interpretação da parábola do Joio e do Trigo, ganhou um outro olhar e é sob este prisma, que quero compartilhar com vocês.

Lá no Éden, sob as palavras instigantes da Serpente, o homem aceitou em si um novo plantio, onde a semente da corrupção roubou dele a pureza do relacionamento com Deus. Assim, fez-se necessário a promessa de uma nova semente que aniquilaria com a morte e geraria novamente a Vida, nos moldes originais dos planos de Deus.

Então, até que o homem receba desta nova semente, nele reina a morte e tudo nele é corrompido. Quando recebe a semente do Evangelho, embora o corpo ainda permaneça corruptível, o espírito que está pronto, torna possível que ele seja capaz de se vencer.

Segundo o paradigma, há o homem que é trigo e há o homem que é joio. Um plantado por Deus e outro pelo diabo. Isto seria o alicerce do calvinismo e a distorção do amor de Deus.

Segundo este novo prisma, há duas naturezas no mesmo homem, uma gerada pelo Espírito no espírito e outra semeada pelo inimigo de nossas almas. Se o homem busca a Deus, o trigo prevalece e dá seu fruto, ao passo que mortifica o joio que é a sua própria natureza corrompida no Éden.

Todo homem portanto, tem em si as duas sementes, as duas naturezas, as duas possibilidades: a de fazer a própria vontade ou a vontade de Deus. Uma em detrimento da outra, uma militando contra a outra, mesmo após o novo nascimento.

A semente de Deus, lançada em mim, cresce junto à corrupção semeada pelo inimigo. Mas enquanto uma natureza morde o calcanhar, a outra pisa-lhe a cabeça. 

O Espírito inseminou o espírito para gerar a vida eterna. É esta natureza que não peca, pois é nascida de Deus. Quem permanece no amor, não pode pecar. Mas um momento olhando para o próprio ego é suficiente para lançar o homem no chão, da mesma forma que a lei da gravidade atrai um objeto.

Quando o Espírito nos convence do erro, da justiça em Cristo e do juízo que há de vir, inicia-se o crescimento em graça e conhecimento da verdade. 

A fé é o alicerce, o fundamento que precisa ser firme, para suportar a edificação que virá dia após dia. 

O trigo frutifica, mas o joio prolifera.

O trigo precisa de tempo, de investimento. É um processo que começa à partir da revelação do Evangelho e segue durante a caminhada.

O joio, plantado no Éden pela astúcia do inimigo, cresce junto com a boa semente, interferindo diretamente na escolha dos homens. O ser é ambíguo. A alma anseia por satisfação e o espírito pelas coisas do Alto.

Ninguém dá o melhor de si o tempo todo, à todas as pessoas. Por melhor que o homem consiga ser, ainda é mal. Por maior que seja nossa justiça, ela ainda é trapo de imundície.

A natureza das duas sementes militam entre si continuamente, sem trégua. Nossas escolhas oscilam entre estas duas naturezas.

A Palavra de Deus tem esquadrinhado meu ser, de forma que eu reconheça em mim, a raíz dessas duas semeaduras. Tanto a natureza almática, quanto a espiritual, estão tão perceptíveis, quanto cores diferentes.

Embora eu tenha olhos que enxerguem e ouvidos que ouvem, não posso me gloriar de coisa alguma, pois meu desejo é contra mim e cada vez que eu não o domino, esta natureza prevalece e se alastra. Vejo minha dualidade com muita nitidez e embora eu não possa me livrar do corpo dessa morte, sei que meu redentor vive e já venceu no meu lugar.

Porque há esperança para a árvore que, se for cortada (morrer), ainda se renovará, e não cessarão os seus renovos. Jó 14:7

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Meu dia especial




Hoje é o dia que o Senhor me abraça, através do carinho dos meus familiares e amigos.

Já ri, já me emocionei, já agradeci a Deus o privilégio de ser cercada de gente boa, de gente que me ama e faz questão de demonstrar isso. Gente que me acolhe, me ensina, me ajuda e me acompanha pelo Caminho.

42 anos... nada diante da eternidade que ainda vou viver, mas tempo suficiente pra entender que esta vida é um aprendizado, a oportunidade de um crescimento diário, que nos prepara pra ser cada vez melhores.

Deus é BOM!

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Dilema




Há uma maneira infalível para identificar alguém que assimilou a Graça e respondeu ao amor de Deus com sinceridade, se propusermos um dilema, uma analogia simples.

Responda esta pergunta: Você é cristão, expressa sua fé numa comunidade cristã, seja um templo, um lar, seja onde for. É alguém que procura servir à Deus e aos irmãos da melhor forma que consegue, procura não falhar, procura ser exemplo. Tudo está bem, exceto pelos problemas que seu filho lhe causa. Ele foi doutrinado desde a infância, mas se rebelou e caiu no mundão. Faz tudo o que dá na veneta e as consequências sempre recaem sobre você. Ele rejeita todas as suas investidas e despreza seus conselhos. Ele não te respeita, nem demonstra te amar. Você está cansado de todas as tentativas, das discórdias e de todos os problemas que ele te traz. Não há mais jeito. Você pensa mais nele como um problema pra você, do que com o amor natural aos pais.

Então, diante de Deus você descobre que a situação não mudará. Seu filho morrerá assim e será condenado. Você chora e lamenta, mas sabe que deu tudo de si. Se conforma e se prepara para sair, mas Deus te chama de volta. Há uma negociação a fazer: houve pecado, não houve fé em Cristo e haverá uma condenação. Mas se você abrir mão de ir para o céu e trocar de lugar com seu filho, você vai para o inferno e ele para o céu. Seu filho passará a eternidade com Jesus e você será atormentado. Você pode trocar seu destino eterno com este filho rebelde e sofrer você mesmo a consequência das escolhas dele. E aí, topas?

Conheço quem diria: jamais! Fiz minha parte e cada um que responda por si. Não abro mão de estar com Jesus, nem pelo meu filho. Como sou eu que propus o dilema, minha resposta é até óbvia. Se eu pudesse livrar meu filho, eu iria no lugar dele. Sabendo o que sou e o que mereço, não teria de pensar duas vezes. Não há o que eu não faça pelo meu filho. Mas e você, iria para o inferno pelo seu?

Se sua resposta foi não, significa que ainda condiciona a salvação aos seus feitos e méritos. Não viu Jesus como seu Mediador. Está iludido pela religiosidade, ou pelo egocentrismo.

Jesus não pensou assim. Antes, sofreu a condenação em nosso lugar. Sofreu o que cabia a nós, mesmo sabendo que não merecíamos. Mas o amor não está condicionado aos méritos. O amor é Graça, é favor imerecido.

Por mais correto que alguém se julgue e por mais que cumpra qualquer protocolo, jamais conseguirá pagar o alto preço da sua ressurreição em Cristo. Não é direito adquirido, não é merecimento. É puro e simples amor, mesmo que você seja egoísta e ensimesmado.

Como é favor imerecido, ninguém pode reivindicar. Tudo o que viermos a fazer por causa de Cristo, é apenas resposta ao que recebemos primeiro. Obras não são moedas de troca, por bênçãos e benevolências. São apenas o amor transformado em gestos e ações.

E se não há quem mereça o céu, porque todos pecamos e por merecimento estaríamos todos condenados, por que nossa medida para avaliar o próximo é tão cruel? Chegamos a desejar o inferno aos nossos desafetos.

A ressurreição é intransferível, mas não cabe à nós classificar os que são de Cristo. É possível perceber quem está em Cristo ou não, mas nada é definitivo em se tratando de fé. Estamos todos no mesmo processo.

Particularmente, não creio no inferno como lugar de tormento pós morte. Isto afetaria o propósito eterno de Deus em resgatar a humanidade, enviando Jesus para pagar o preço por nós. Se nenhum merecia e Jesus se deu por todos, o preço foi pago de uma vez por todas. Não precisamos completar a Obra Redentora.

E quem ressuscitará para estar com Ele? Todos aqueles que o amaram e vieram à Ele. Estes se tornaram moradia de Seu Espírito e já não vivem assombrados com a ameaça de ir para o inferno, mesmo se enxergando e sabendo o que são. Estão firmados no cacife de Cristo e não nas obras das próprias mãos.

Assimilar o amor de Deus, é a verdadeira conversão. Saber-nos amados e acolhidos apesar do que somos.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

O amor é o vôo




Lia no ônibus "A Cabana" de William P. Young, um livro lindo que me ameaçou arrancar lágrimas em alguns momentos, onde a personificação de Deus em três figuras divertidas, que exalavam amor enquanto falavam ao personagem principal, desconstruíam a imagem religiosa de Deus, para que Mack entendesse o amor na adversidade e na dor. A frase "O amor é o vôo." me fez interromper a leitura e enquanto eu caminhava em direção ao trabalho, ela ressoava como um eco.

A brisa matinal acompanhava meus passos e dentro de mim uma alegria estranha me trouxe à memória um desafio que vivi nos últimos anos. Os rostos surgiram como lampejos, enquanto uma voz vinha de dentro de mim...

"Quem ama pessoas que ofendem, que maltratam, que escarnecem? Quem continua amando este, que desfere golpes de punhal contra um peito que oferece calor e insatisfeito com o ato, se irrita com o gemido e o esguicho de sangue? Sim, anos a fio de tolerância, perdão e esperança, guardaram-te. 

O sétimo ano é o da perfeição. Olhe para traz e perceba quantas barreiras você transpassou, quantas dores você suportou, sem revidar e sem maldizer. Você está livre e de posse da sua paz e leveza. Nem a frieza, nem a  rigidez, nem a inércia dos cadáveres tirou de você, um milímetro de sua fé.

Sinta-se livre nesta mansão, onde todas as portas e janelas estão abertas, por onde a brisa suave circula livre, trazendo o perfume do lírio. Você pode entrar e sair dos cômodos, pode usufruir dos espaços, usar toda a plenitude deste lugar.

Não, você não foi conduzida pela virtude dos homens, nem sabedoria, nem sugestão alguma. Todo suposto mérito era ilusão. Quem te trouxe aqui foi o amor... o amor é que possibilita todas as coisas, liberta, ensina e dá crescimento. O amor é o vôo."