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terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Todos pecaram

Embora aos nossos próprios olhos, sejamos justos e íntegros e valorizemos tanto os erros das outras pessoas, se não entendermos a nossa inimizade com Deus, não podemos ser salvos.

Se julgamos que o pecado é pequeno, a salvação faz-se desnecessária. Mas ter consciência do que se é, nos coloca como seres incapazes de negociar nossa dívida, barganhar por benesses, exigir libertação.

Somos imerecedores da Glória de Deus, seres destituídos por praticar o mal. E por isso mesmo, a Maravilhosa Graça se manifestou entre nós.

A revelação do Evangelho, não diz respeito apenas sobre a salvação dos homens, mas também do peso da ira de Deus sobre todos nós.

O sofrimento não é necessariamente um sinal de condenação, mas quando um homem está entregue a si mesmo, não tem paz, não tem prazer, não se relaciona bem com as outras pessoas, não é sensível a Deus, não vive pela fé e não sabe o que é ter um coração grato.

Se este mesmo homem ouviu e conheceu a Palavra, mas é prisioneiro de si mesmo, não está em situação melhor do que aquele que não creu. Toda a prática religiosa, sem um coração circuncidado, é mera ilusão.

Uma pessoa que prioriza a realização pessoal, permitindo o pecado como meio para alcançá-la, está evidenciando que não tem um coração convertido a Deus.

A religião se torna pecado, quando nos faz enxergar mérito em nós mesmos. Agir por conta própria e crer em si mesmo, é gerar um Ismael e não esperar o Isaque prometido.

Se algo não está dando certo, o lado errado é o nosso. Não podemos colocar condições para o agir de Deus. Ele continua sendo verdadeiro e todo homem mentiroso. A Palavra só não se cumpre em nós, se não estivermos em Deus.

O mal é inferior ao bem, que é Deus. O bem prevalece e isso não muda, porque quando Deus condena o pecado, glorifica a si mesmo. O homem que insiste na prática do mal, mostra o espírito de negação da verdade. Toda vez que há pecado, o mal é automaticamente gerado. Nisto há justiça. Deus é glorificado na justiça e isto é inquestionável.

Todos pecaram e não há quem faça o bem, porque nossa compreensão de Deus é imperfeita. O homem não compreende nem a si mesmo, enquanto não encontrar sua relação com Deus. O homem pode conhecer o mundo à sua volta, mas permanece um tolo se não conhece a Deus. Se a Raíz de significados não é tocada, este homem permanece em trevas.

O pecado tem efeitos intelectuais, ele corrompe o entendimento. O homem que não vê a Glória de Deus no mundo, passa a adorar o mundo e se afasta de Deus.

Não há quem busque a Deus, se houvesse, o teriam encontrado e seriam perfeitos. O que buscam então? O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, mas foi corrompido pelo pecado. E como não pode apagar os vestígios do conhecimento de Deus, cria deuses para si. Buscam a caricatura.

Deus já veio à nós, por isso não o buscamos, mas Ele nos busca e encontra. O homem não tem como buscá-lo por esforço. Não depende de quem quer ou de quem corre, mas Ele nos atrai por misericórdia. O pecado nos faz fugir da presença de Deus, tal como Adão.

Não há esperança para quem vive sem temor. O temor é o sentido de que Deus está presente. Quando se vive como se Deus não estivesse, não fosse, não contemplasse nossas vidas o tempo todo, é porque não há temor.

A mentalidade da carne não se sujeita à Lei de Deus. A vontade de Deus causa mal estar, porque a carne a sente como limitação. Para o homem carnal, Deus está tomando seu espaço, tirando-lhe a liberdade.

Se você diz pra você mesmo que está bem, mente para si. O homem está em constante conflito entre a própria vontade e a vontade de Deus. Precisamos nos negar a nós mesmos, para então nos achegarmos a Deus.

Sem reconhecer nossa própria miséria, não temos a menos condição de entender a necessidade da Mediação de Cristo.

Todos pecaram e fomos todos destituídos da Glória de Deus. Não há um justo sequer, não há quem o busque, não há quem faça o bem. Nossa auto-aprovação e vaidade são ilusão. E nossa justiça com relação ao próximo, trapo de imundícia. Nossos pecados não são menores e não estamos em vantagem em detrimento aos que são mais fracos, débeis e tolos.

A única coisa que pode nos diferenciar uns dos outros, é ter esta consciência de impotência e à partir dela, a dependência para nos render ao favor de Deus, que nos ama apesar do que somos em nós mesmos.

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Sob a Ira de Deus ou Sua Justiça

Os gentios, eram todos aqueles que não tinham a Lei de Deus. Todo o que não pertencia ao povo de Israel, eleito para servir ao Senhor.

Quando Paulo estava revelando o Evangelho aos gentios, desconstruindo a religião judaica para inserir os valores cristãos, trazendo ao lume o que era sombra, explicava o que é ter um coração circuncidado, para viver sob a Graça de Deus, pois mesmo aqueles que circuncidavam a carne do prepúcio, acabavam vivendo sob a ira de Deus, por rejeitarem Sua Lei. Eram filhos da desobediência.

A Justiça de Deus é Cristo, revelado no Evangelho. Os que foram alcançados pela Graça, vivem desde agora e para sempre, sob a misericórdia de Deus. Estes, ainda que pequem, não escolhem pecar e não permanecem pecando, porque são livres.

Mas a ira de Deus está sobre os que hoje são gentios na alma, pois negam a natureza regenerada e guerreiam contra o próximo. É evidente que há algo errado com a raça humana e os sinais estão por todos os lados.

É possível ver as obras de um filho da ira, pois ele vive a contradição de saber o que não se deve ser, mas ainda escolhe ser. Isto é a ausência da Graça e a presença do Juízo. Um escravo de si mesmo, é alguém que carrega o sinal da ira de Deus.

Tanto os que fazem, quanto os que aprovam, estão sob a ira. É indesculpável todo aquele que entende o erro, mas escolhe praticá-lo. Pois a Graça nos dá a liberdade para arrependimento e não para o pecado. Todo libertino cai em desgraça.

A Graça é concedida ao homem para mudança de vida e não para justificar o pecado. A liberdade é para conseguir obedecer e não para confirmar a posição no pecado. Quem assim escolhe agir, acumula ira para si.

Deus retribuirá a cada um segundo as obras. Vida eterna desde agora, ou indignação desde agora. Ou vivemos sob a Graça ou em desgraça.

Em Deus não há parcialidades. As obras exalam ou não o bom perfume de Cristo e determinam, ou melhor, evidenciam quem vive sob a Graça ou sob a ira.

Um coração aprisionado em coisas temporais, é evidente naquele que não ama a eternidade. O bem deve ser a prioridade e não a caça à felicidade, compreende?

O aprisionado na temporalidade, escolhe o pó. A ressurreição é para os que desejam a ressurreição. Os cegos espirituais, são estes prisioneiros do próprio ego. Escravos de si mesmos, deixados à própria sorte. Filhos da ira, filhos da desobediência.

A Graça revela ao homem, tanto a consciência para discernir entre bem e mal, quanto a consciência da inferioridade do mal em relação ao bem. Mesmo sem conhecer a Lei, o homem é sua própria lei, por isso é indesculpável, pois o pecado é contra a natureza. É uma verdadeira opressão contra si mesmo e contra os outros.

Os mandamentos de Deus, são a estrutura do bem e nos ensina a nos relacionar. Todo aquele que pratica o mal, destrói o outro, mas antes foi esmagado dentro de si. Pra fazer o mal, alguém precisa primeiro se violentar e se destruir, degradar a própria natureza que escolheria o bem. Mas o mandamento do Senhor, restaura a alma.

Se alguém violou a natureza, quebrou a lei e a consciência denuncia. O natural é discernir entre bem e mal e escolher o bem.

A vida do cristão, não pode ser indistinguível entre os outros que são escravos. Buscar as coisas do nosso jeito, é tentar alcançar felicidade. Buscar as coisas do jeito de Deus, é alcançar o bem. Quem busca primeiro o Reino e sua Justiça, recebe as outras coisas. Quem busca ser feliz, vive frustrado.

O verdadeiro descendente de Abraão, é quem circuncidou o coração. Isto é, uma mudança na alma onde o coração desiste de trabalhar por esforço próprio, porque entende que Deus já trabalhou por ele, daí descansa. Está submetido à vontade de Deus, que é boa, perfeita e agradável. Esta é a verdadeira religião, ter o coração orientado pelo Espírito de Deus.

Um filho de Deus, não deposita sua confiança no que acontece exteriormente, mas está firmado pelo relacionamento que tem com o Pai. Estes tem liberdade para escolher o bem.

Sem os terrores da Lei, ninguém compreende a Graça. Assim se faz separação entre os que são e os que não são, pois os filhos da ira, continuam aprisionados em si mesmos, se violentando e guerreando contra si e contra o próximo. Mas os filhos de Deus, militam contra a carne e vencem em Cristo.