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terça-feira, 22 de abril de 2008

Egoísmo urbano

Hoje, ao chegar no ponto de ônibus, uma moça, portadora de deficiência visual, me pediu ajuda para embarcar, era justamente o ônibus que eu esperava. Quando ele veio lotado, entramos e como o corredor estava cheio, não conseguimos passar dos degraus. Olhei ao redor, esperando que alguém desse lugar à moça, mas os cidadãos todos, se mantiveram imóveis, pra variar, olhando pra rua ou sei lá pra que... fiz um esforço pra chegar ao cobrador e pedi à ele: _O senhor poderia pedir à alguém, que cedesse o lugar àquela moça, deficiênte visual?

Esperava que ele atendesse prontamente, mas ele me olhou com olhar de pouco caso e disse: _Aquela escurinha alí?

Respondi: _Aquela que está de frente pra porta.

Ele olhou as pessoas sentadas... olhou a moça... somente depois de vários minutos, pediu à duas meninas "distraídas", se alguma poderia dar lugar à moça. As duas se olharam com cara de insatisfação e uma se levantou. Finalmente a moça conseguiu sentar-se.

Misericórdia, Senhor!

sábado, 19 de abril de 2008

Cultura Guarani


Nós os Guaranis Mbya estamos em várias regiões da América do Sul. Há aldeias na Argentina, Paraguai e Bolívia. Estamos na região do litoral do Brasil, nos estados que vão do Rio Grande do Sul até o Espírito Santo. Há também aldeias no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins. Somos no Brasil a maior etnia indígena,somando aproximadamente 35 mil Guaranis.
Acreditamos que o planeta foi feito por Nhanderu, o nosso deus. Ele fez muita coisa bonita; a mata, as aves, os animais, as águas, a terra em que plantamos, tudo o que criou foi para que usufruíssemos. Nhanderu também criou o Sol, e para nós, ele não é só uma simples estrela de luz própria, como é para os juruas. O Sol é um ser muito representativo para nós, porque foi ele quem criou o primeiro Guarani. É ele que ilumina a Terra e fornece a energia para que o planeta tenha essa energia positiva que dá a vida.
Somos um povo bastante religioso. No nosso dia a dia, o guarani está sempre em busca ou ligado a essa força espiritual de Nhanderu, do Sol. Todas as coisas que fazemos - nosso trabalho, as brincadeiras das crianças - são voltadas para essa busca.
Nosso calendário não é como o do jurua, ele é dividido em ara pyau, tempo novo e ara ymã, tempo velho. Essa divisão está ligada à trajetória que o Sol faz. O ara pyau para nós é o período de primavera e verão, quando o dia é mais longo e o sol faz uma caminhada maior, e o ara ymã é no outono e inverno, no período de frio, nesta época em que o dia é mais curto.
Todos os dias nós nos encontramos na Opy, a Casa de Reza, para cantarmos e dançarmos, para rezar a Nhanderu e os mais velhos ensinam as crianças o nosso conhecimento ancestral. Na aldeia nossa principal liderança é o xeramoi, o nome do pajé Guarani. Aprendemos, no nosso cotidiano, a importância de todos os seres e que cada elemento da natureza tem um espírito. O Guarani acredita muito nesses seres porque são eles que dão a vida para nós. Nos manda a chuva, a água e tudo que precisamos para nos manter vivos. Desta forma, estamos muito ligados à natureza. Se este ambiente acabar o Guarani ficará sem estrutura, então lutamos para manter tudo isso que Nhanderu criou.
Com a vinda dos portugueses e a colonização, tivemos que nos fixar em territórios pequenos onde não podemos mais caçar e realizar outras atividades tradicionais. O Guarani vive porque mantêm essa força espiritual que faz com que ele fique em harmonia com a natureza e o faz se sentir forte.
Hoje, nós Guarani Mbya, buscamos parceiros para defendermos nossos espaços, que mesmo demarcados, sofrem algum tipo de pressão. Parceiros que possam nos ajudar em mantermos tudo que foi nos deixado de bom. O jurua está acabando com o planeta Terra e nós estamos preocupados com isso. (Marcos Tupã da aldeia Krukutu) www.culturaguarani.com.br


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Antônio e Joana, meus bisavós.


Sou Janete, filha de Zenilda, filha de Francisca, filha de Joana, filha de Carlota, filha de Mariquinha, que foi uma indiazinha pega a laço lá na fazenda Guandú, onde habitava a Tribo dos botocudos, antigos Purís, que viviam fabricando alí, cerâmica de todo jeito. Eram mansos e recebiam todos os brancos com muita hospitalidade. Os índios acabaram todos mortos dizimados pelo surto de varíola, doença trazida pelos brancos. Daí, Vovó Mariquinha andava pelas matas sozinha e, teve a sorte de ser pêga a laço e, criada numa fazenda; e mais tarde se casou tendo uma larga descendencia de onde resultou nós estarmos aquí.
Toda essa história aconteceu em São Bento, Rio da Cobra interior de Afonso Cláudio no Espírito Santo.




"Todo brasileiro, mesmo o alvo, de cabelo louro, traz na alma, quando não na alma e no corpo, a sombra, ou pelo menos a pinta, do indígena e/ou do negro"