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domingo, 29 de setembro de 2013

Calvinismo ou Arminianismo?



Grande parte do povo que se diz cristão, se divide numa questão que causa um embate entre duas vertentes: a tese de Calvino e a tese de Armínius. 

Meu objetivo neste post, não é explicar as duas vertentes, mas despertar para a incoerência numa mente temporal, em tentar decifrar a atemporalidade, com base em alguns textos isolados. Isto acaba causando mais mal do que bem, tirando o foco do que é realmente importante.

Tanto o calvinismo quanto o arminianismo, despertam no homem um tipo de presunção. No calvinista, porque se considera um escolhido em detrimento de outros, de quem não é requerida nenhuma responsabilidade, porque não pode escolher e não está em seu poder o decidir. É eleito, é escolhido, é predestinado a ser salvo, mesmo que seja tão pecador quanto qualquer outro. 

E no arminianismo, porque entende que tudo está em suas mãos e que em tese, é ele quem se coloca tanto no céu quanto no inferno. O homem é o soberano da história portanto. São extremos perigosos e nascidos da limitação humana, que pretende encaixar tudo em sua lógica e isso se constata, quando para construir uma ideia linear que dê sentido à sua tese, são obrigados à eliminar metade da Bíblia como se estas fossem obscuras, pois considerá-las desconstruiria sua teologia.

A Bíblia precisa ser sintetizada numa mensagem global, onde todas as informações se complementam e nenhuma se contradiz. Jesus é a chave hermenêutica e não Calvino ou Armínius.

É Jesus a expressão exata do caráter de Deus, é olhando para ele, que entendemos a mensagem integral de toda a revelação. Ninguém pode olhar a história sob o prisma de Deus por motivos óbvios e nem limitar os acontecimentos à partir de nossa mente caída. Quem instrui o entendimento do leitor bíblico, precisa ser o Espírito Santo.

Deus é Amor e Jesus é a personificação do Amor. Leia a Bíblia à partir dele e não conforme o entendimento humano de quem viveu há 500 anos atrás. Antes disto, estas questões não angustiaram ninguém.

O amor secou lágrimas, se comoveu pelos que perecem, curou dores do corpo e da alma, socorreu os desesperados, sentou com pecadores e os tratou como gente, considerou os desprezados maiores que os opressores moralistas, andou com gente simples e não despediu ninguém vazio, ensinou aos marginalizados e repreendeu os doutores arrogantes, não foi conivente nem com a religiosidade hipócrita, nem com os valores invertidos e diante daqueles que o mataram, ele orou pedindo que não fosse imputado a eles este pecado (não pediu "perdoa estes, aqueles não porque não foram escolhidos"). 

O resto, é pretexto para divisão e não acrescenta nada nessa caminhada. Alguém mais precisa definir o amor? Leia 1 Co 13 . Depois disto, apenas ame!

domingo, 22 de setembro de 2013

A Ordem de Melquisedeque




Aprouve ao Senhor, entrar em acordo consigo mesmo e reconciliar-se conosco, ainda antes que houvesse mundo, homem e pecado. Imolou o Cordeiro e assim nascia Sua Maravilhosa Graça, desde a Eternidade, para que todo homem que assim quisesse, se achegasse, se tornasse seu amigo e fosse nele iniciado então, um processo de aperfeiçoamento. Sem acepção, o amor fluía em todas as direções, mas só penetrava em quem também amou a Verdade.

Assim como há eletricidade desde sempre, mas só houve luz elétrica quando alguém descobriu a tecnologia, a fé funciona da mesma maneira. Todo homem nasce munido de fé, mas só a descobre se acionar o dispositivo que o torna dependente da revelação divina. Enquanto o ego impera, há sonolência para as coisas do Alto e se torna impossível renascer em Cristo.

Para começar nossa explanação, a Graça não começa em Mateus. Não é a consumação da Obra Redentora em Cristo, que traz ao mundo a oportunidade do homem se relacionar com Deus. Desde Adão, houveram homens que O escolheram para obedecer e colocaram Nele sua confiança, confiando que o que Ele prometia, iria um dia se cumprir. Então, a Graça é atemporal e não foi interrompida pela Lei. A Lei foi apenas um parêntese, com um propósito.

A Lei como ordenança externa, serviu para mostrar que é impossível ao homem, ser aperfeiçoado por si mesmo, pois a Ordem de Aarão, à ninguém pôde aperfeiçoar. Mas veio então da parte de Deus, uma Ordem onde a Lei é grafada no coração e não mais em tábuas ou pergaminhos. Na Ordem de Melquisedeque, há uma esperança melhor de crescimento contínuo, um processo que se inicia no novo nascimento e não pára mais, pois há sempre um outro nível à ser alcançado, na direção da estatura do varão perfeito.

Todos os que vivem sob a Ordem de Melquisedeque, não amaram a sua vida até a morte. É imortal, porque vive na esfera da eternidade. Ele é homem e é Cristo. É leal ao seu próprio tempo, mas fiel ao propósito eterno. Para estes, oração já não é um ritual, pois há sintonia e Deus está Nele.

A evidente amoralidade de Jesus, é fruto deste sacerdócio na Ordem de Melquisedeque, pois ele agia conforme a orientação que vem de dentro e não das leis externas. Para os religiosos, ele foi escândalo, pois se assentava com pecadores para comer, conversava sozinho com prostitutas e curava e ensinava no sábado. Jesus nunca viveu em obediência à Lei, mas ao Espírito.

Os da Ordem de Melquisedeque, não precisam de títulos para ser influência e nem de poder para ter autoridade. São reconhecidos pela grandeza que manifestam através do amor. São pessoas que deixam a marca de Deus na Terra e não tem aparência exterior e nada do que se gloriar, pois fazem o que deve ser feito e vivem na dependência do Espírito Santo.

Só os da Ordem de Melquisedeque podem ser aperfeiçoados em Cristo. O que vemos hoje, é que as igrejas misturam a Graça com a Lei Mosaica. Tem alguma noção do que seja Graça, mas não se desvinculam da Ordem de Aarão. Não sabem fazer distinção entre os israelitas e os cristãos. Fixam-se em dogmas, estatutos e rituais, não ensinam o amor como veículo de aperfeiçoamento.

Se não sou eu quem vivo, mas Cristo vive através de mim, não há porque me submeter à novas leis. A ordem que me molda, tem que vir de dentro, pois lá está o Espírito de Cristo. Falta esta consciência nas pessoas, de que se elas tem livre acesso à Deus, é Dele que recebemos todo o suporte para atravessar e vencer este mundo.

Assim, será possível à este homem orar e ver a manifestação de Deus em sua vida. Estudar a Bíblia e conseguir assimilar a revelação, agir conforme a Vontade de Deus e crescer diariamente em Graça e sabedoria.

Na Ordem de Melquisedeque já não há ego, mas a decisão de amar o mundo inteiro. Assim, já não será penoso liberar perdão à quem nos fere e orar por quem nos persegue. O Sermão do Monte, não será mais uma leitura vergonhosa para nós, porque tudo aquilo depende de matar o ego para acontecer.

Na Ordem de Melquisedeque o amor é uma decisão. Não nos relacionamos com alguém porque gostamos, ou porque concordamos, ou porque nos identificamos. Nos relacionamos para terminar o propósito de Deus na Terra. Fazemos o que é necessário para cumprir o propósito de Deus. Somos relativos ao tempo, mas leais à eternidade.

Somos Sacerdócio Real. A grandeza dos filhos de Deus, é o que o faz prevalecer neste mundo, tanto na maneira de se relacionar com Deus, quanto na postura para lidar com o mundo. Temos que ser reis e não civis na maneira de doar, servir, viver, amar, perdoar, tudo em nosso caráter deve ser elevado à uma posição real, porque já não há ego, mas Cristo vive em nós.

Deus quer um Reino de Sacerdotes Reais, sem esta divisão de uns oferecendo e outros recebendo. Não há altares, pois nós somos o Altar. Na Ordem de Melquisedeque não há misticismo, mas um povo forte, espiritual, que não depende das coisas externas para ser.

Os da Ordem de Melquisedeque, são como o Iceberg. Sua aparência não é suntuosa e ele não é reconhecido pelo que está exposto. Sua grandeza está no interior. Ao se aproximar, é possível encontrar força, sabedoria, conhecimento, poder, autoridade... pessoas que sabem o que querem e são firmes em seu propósito.

A imaturidade nos deixa vulneráveis à escravidão e às manipulações. É necessário crescer para reconhecer a religiosidade que não leva à lugar nenhum, antes alimenta o ego e coloca de novo o véu da separação entre Deus e os homens. O mundo ainda te vence? Você sucumbe nas crises? Reveja seu relacionamento com Deus. Cresça e saiba quem você é em Cristo.

Então, vemos aqui a descontrução de tudo o que é religiosidade, para que se estabeleça o povo que Deus quer para si.

O verdadeiro significado de liberdade, é como Deus prescreveu que você vivesse. Sem Lei, sem uma vida expressa em ações externas, mas baseada numa disciplina divina, algo que vem de dentro. Não precisamos mais de rituais, porque Deus escreveu Sua Lei em nosso coração. Liberdade não é viver como gostamos, mas como devemos viver. Quem nasceu de novo está livre e só se coloca sob domínio se quiser.

Deus te deu o direito de viver como se deve. A liberdade não é um fim, mas um meio para se chegar a um fim. Ele te libertou para fazer algo. Liberdade não é o objetivo, mas um meio para alcançar o objetivo. Jesus é a própria Liberdade, mas só diz o que o Pai diz para dizer e só faz o que o Pai deseja. Liberdade não é um liberalismo, mas um governo interior.

Também a perfeição tem significado diferente: perfeição não é a pessoa sem erros. Se Davi dependesse da religião, mereceria uma longa punição. Mas Deus disse que ele era segundo Seu coração. Perfeição (teliosh - τέλειος) São eventos e ações que expressam que a promessa será cumprida, que algo vai acontecer. Perfeição é adquirir a mentalidade correta e assim possibilitar a encarnação do que Deus disse.

Teliosh é a postura, o comportamento de alguém que garante o que Deus disse. É a fé. O povo perfeito não sucumbe nas dificuldades, não é impedido pelas circunstâncias, não desiste no meio do caminho. O povo que terminará vencedor, precisa mudar a mentalidade. Um povo que próspero ou em plena adversidade, com ou sem dinheiro, saudável ou enfrentando doenças, continua firme, seguindo para o alvo.

As influências externas não permanecem. Um evento só tem validade até surgir a necessidade de que aconteça de novo. Mas o conhecimento revelado permanece e dá crescimento. É como um sopro que amplia o balão. O Espírito garante  a plenitude. Por isso é mais importante ter Palavra do que manifestações. Até que sua vida se torne, tudo o que sua vida pode ser. Isto é ser perfeito.

O jovem rico perguntou o que deveria fazer para herdar a Vida eterna e Jesus respondeu que se ele quisesse ser perfeito deveria amar. O moço vivia sob a Ordem de Aarão, mas Jesus o ensinou a viver sob a Ordem de Melquisedeque, para ser perfeito.

O Reino de Deus sempre tem o conceito contrário ao conceito do mundo. Os últimos são os primeiros, o que perde ganha e o que ganha perde. O maior se torna o menor e o menor o maior. Quem quer receber doa. Não há competições, porque não há ego para alimentar.

Enfim, nos da Ordem de Melquisedeque, já não há mais uma mensagem a ser transmitida, porque estes se tornam a própria mensagem na vida de todos que encontram pelo caminho. E já não é aparência alguma que os identifica, mas o fruto do Espírito: amor, paz, alegria, bondade, mansidão, paciência, benignidade, fidelidade, domínio próprio... sobre estas coisas não há Lei.



quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Libertos para se perder?




Você é livre para fazer a escolha que quiser. Ninguém vai tirar este teu direito.

Você precisa entender somente uma coisa: algumas escolhas te aproximam de Deus, outras te afastam Dele.

Se faz alguma diferença para você, busque estar em sintonia com Deus. Procure viver em coerência com o Evangelho para que tudo vá bem.

Ontem li com muita tristeza o que um rapaz postou. Ele dizia: "Sei que fulano e beltrano são incoerentes com o Evangelho e eles confessam isto, mas eu escolho ir com eles."

O que é incoerente com o Evangelho, é anátema. É um outro evangelho e um falso Cristo. Como alguém pode negar Jesus e se dizer cristão? Como alguém pode conhecer os ensinamentos do Mestre e escolher seguir um anti-cristo na contra-mão?

Sou impotente. Minha paixão só é suficiente para mim. Só minha alma está ao meu alcance.

Faço parte de um grupo que fala o que ninguém deseja ouvir. Até mesmo alguns dos que estão conosco, tem os ouvidos blindados e selecionam o que lhes convém. Ouvem, mas não assimilam. Aprendem, mas não praticam.

Expõem Jesus ao vitupério e o cruscificam de novo diariamente.

Pontos de luz estão cada vez mais escassos na Terra. Poucos são os remanescentes. Poucos são sedentos e famintos da Verdade. 

Uma névoa gélida paira sobre os homens, congelando seus corações. O egoísmo impera e apaga o amor da maioria.

Um sem número de falsos mestres e falsas doutrinas, corrompem gente que já não se importa. Gente que já não teme e banalizam a revelação. Gente que relativiza Aquele que É e ridicularizam suas promessas.

Os que se dizem cristãos querem ganhar o mundo e já não há quem acolha os do mundo, pois cada nova porta que se abre com placas de novas franquias institucionais, oferece mais alimento podre, mais mentiras e mais morte.

Os remanescentes estão espalhados e já não influenciam, porque sua loucura é indigesta e seu discurso desprezado.

O que será da próxima geração? Restará fé na Terra?

Sim, você é livre e por isso mesmo, responde por si. Não ande em busca de definições sistemáticas sobre a verdade, pois a Verdade só pode ser sentida quando nos relacionamos com ela. 

Jesus é a Verdade e não há outro jeito de conhecê-lo, senão caminhando com Ele.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Acolhimento familiar



Esta semana, Deus me permitiu contemplar um tipo de amor completamente vazio de posse, de egoísmo e expectativas de retorno.

Um casal que não conheço, se dispõe à acolher em seu lar, crianças em situação de abandono, geralmente com histórico de pais envolvidos com drogas.

Dois garotinhos aparecem numa foto, sorridentes, sentadinhos num gramado em frente à um lago pescando. Visivelmente bem cuidados e felizes, aproveitando ao máximo um momento de lazer em família.

A foto serviu para divulgar a notícia de que os meninos foram devolvidos à família de origem, por determinação da justiça. Mas ao invés de tristeza e desolação, a mensagem transmitia a suavidade de quem sabia ter cumprido um dever.  A alegria de proporcionar um pouco mais de dois anos de acolhimento e amor familiar àquelas crianças, era maior do que a tristeza de vê-los partir para a família que Deus lhes deu.

Tenho certeza de que o casal tem o coração apertadinho entre a preocupação com os meninos e a ausência deles, mas sabem que este período está registrado na mente das crianças, como experiência de felicidade.

Quando se dispuseram à acolher crianças carentes, sabiam que era uma situação temporária, mas mesmo assim se doaram e amaram. Amaram um amor resignado. Doaram-se em favor de filhos que não eram seus.

Diante da tristeza de um amigo que lamentava não poder estar com eles, o que é natural, o pai acolhedor respondeu: Logo virão outros meninos. Resposta de quem reconhece que sua missão é amar, um amor sobrenatural. Acolher e servir, sabendo que o dia seguinte pertence à Deus.

Uma vida de idas e vindas, onde nem um minuto pode ser desperdiçado, pois podem significar os mais felizes na vida de um pequenino de Jesus.

Saber que se vai perder e sofrer, mas ainda assim desejar e escolher amar de novo e de novo e de novo... que exemplo lindo de amor em ação!

Um dia quero aprender a amar assim, sem sentimento de posse, sem garantia, gratuitamente, incondicionalmente. Ter como alvo apenas me esvaziar de mim, para que o outro possa sorrir, como Jesus fez por nós.