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domingo, 16 de outubro de 2016

Aos pais

Quando Jesus disse que quem amar o filho ou a filha mais do que à Ele, não era digno Dele, estava falando de princípios e valores cristãos. Não é possível servir à Deus e ser conivente com os erros dos filhos. Assim, cada vez que encobrimos, apoiamos, passamos a mão na cabeça do filho que erra, estamos negando a Cristo. Nada disso é amor, cuidado ou proteção. Antes, é empurrar nossos filhos abismo abaixo com nossas próprias mãos, porque tudo que um filho precisa para continuar negando a Deus, é do aval dos pais.

Uma das atitudes que nos torna bem aventurados, é a fome e sede de justiça. Ninguém que faça acepção numa situação para favorecer um filho, pode ser justo. Julgamos situações, causas e não pessoas. Porque o próprio Deus julga as causas e jamais faz acepções entre os filhos dos homens. Sua Justiça é Cristo e quem está em Cristo, é justificado. Ao passo que quem rejeita a Cristo, já condenou a si mesmo.

A carnalidade nos empurra a favorecer quem pensamos amar, mesmo que estes estejam errados. Porém o espírito compreende este equívoco e sabe que só corrigindo e reconduzindo um filho no Caminho, se mostra verdadeiro amor. Amor que vem de Deus, que corrige a todo filho que ama.

domingo, 9 de outubro de 2016

Quando é necessário partir

Ouvi a oração sincera de uma irmã, pedindo a Deus que eu voltasse para a casa Dele. E apesar de compreender a simplicidade dela e saber da verdade de seu amor com relação à mim, não pude evitar a tristeza e a sensação de continuar sendo um E.T. no meio de tantos iguais. De fato eu não quero tomar a forma de nada. Fui criada para ser quem sou e viver como vivo.

Apesar do meu amor e da certeza de que seja necessário me relacionar com irmãos na fé, todas as minhas escolhas são convictas. À mim, Deus não tem ocultado o propósito dos fatos que ocorreram em minha vida. Sei exatamente porque cheguei, o quanto fui aperfeiçoada nas situações (e ainda estou sendo) e também sei quando o tempo se cumpriu e eu escolhi partir.

Não tenho intenção de voltar e me fixar em lugar nenhum. Não quero meu nome no rol de membros desta ou daquela denominação e entendo que cada um deva viver segundo o dom que recebeu. Assim, quero o abraço dos amigos que sempre serão amigos, mas dispenso o tapinha nas costas e o sorriso de plástico de quem não me ama sinceramente.

Se não puder me achegar na denominação X e assentar-me junto para cear ou edificar e ser edificada, irei à outro endereço, onde os irmãos estejam tão ocupados servindo, que nem tenham tempo e disposição de me apontar o dedo em riste. Aliás, nunca deixei de participar da Ceia do Senhor e assim sempre será. Não deixarei de congregar com os da fé, nem de contribuir com o que tenho e com o que sou, como nunca deixei de fazer.

Sei bem o quanto um alimento supérfluo pode prejudicar a saúde. Assim é com a alma de quem escolhe para si a pior comida. Não cresce, não se desenvolve, não amadurece.

Convicta de minhas escolhas, é assim que quero viver. Dos filhos do inferno que planejaram e praticaram o mal, só guardo a certeza de que Deus é Justo e cuida de cada um. No mais, são como carrancas horríveis, mas que não podem me tocar. É o joio que potencializa o trigo e vice versa.

Um servo verdadeiramente livre, entra e sai e encontra da melhor pastagem, porque é ovelha do aprisco de Deus e vive segura, conduzida pela voz do Bom Pastor. Assim sou eu, o mesmo que me levou com um propósito, mandou sair quando o propósito se cumpriu. Não tenho o direito de recriminar a escolha de ninguém, principalmente de quem ainda é infantilizado demais para discernir. Mas quanto à mim, não decidi nada sem oração e estou certa de que nada perdi, nem mesmo as décadas desse processo todo. Tudo foi proveitoso e tudo contribuiu para o que sou.

Não decido sobre meu futuro, embora ele seja em Cristo, desde antes da fundação do mundo. Ele mesmo me conduzirá no devido tempo, ao propósito que designou para minha existência. Assim creio, assim descanso.

Centenas de amigos passaram por mim e já não temos contato assíduo. Mas o amor é laço que não entende o tempo e as distâncias. É ele o elo que determina quem pertence à família de Deus. Quisera que meus irmãos amados descansassem nessa verdade: Igreja é gente amando gente, portanto, continuo sendo Igreja, independente do endereço que eu escolha estar.

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Maurício




Já contei que o Maurício vem aí?
Sim, meu neto é um garotão que se prepara para começar sua trajetória neste mundão.
Que Deus o conduza em sua Graça, concedendo a ele saúde, sabedoria e fé. E querendo Ele, que eu possa segurar a mão do meu neto e ir com ele pelo caminho, amando e sendo amada por ele.
Três meses e mais alguns dias e eu o terei em meus braços, meu mais precioso presente, bem na época do Natal. To muito feliz por isto :)

Menina Janete
















♫ "Menina Janete,
você só repete
tudo o que sonhei,
Menina bonita,
encanto e vida, 
é a flor que plantei...

Menina Janete,
você é minha alegria,
meu orgulho e meu bem.
Menina Janete,
igual à você,
neste mundo não tem!"
Do meu pai, quando eu estava com 10 anos.

terça-feira, 10 de maio de 2016

Presente de Deus




Ontem soube que alguém muito especial está à caminho e desconfio que será o amor da minha vida.
Ultimamente tenho perdido muito tempo chorando o leite derramado, vivendo de passado, imersa nas decepções e frustrações relacionais, sem muito prazer na vida ordinária.

Mas esta notícia me encheu de sonhos e esperança de futuro, mudou meu olhar e meu foco pro que ainda pode vir. Enfim, soube ontem da chegada do meu primeiro neto. E estou muitíssimo feliz!

Deus tem restaurado minha alegria e posso vislumbrar minha descendência... eu que imaginava que ainda demoraria muito pra ser avó. Sem dúvida este bebê é a realização de um sonho. Vejo minha família frutificar e isto é bênção de Deus pra minha vida e de toda a parentela que festeja comigo.

Venha com saúde, meu amado. Venha que meus braços te esperam. Venha que junto aos seus pais, quero te amar muito! Venha!

domingo, 10 de abril de 2016

Entenda o que é avivamento

Para começar, antes de dizer o que é um avivamento, vamos primeiro entender o que não é. 

O avivamento não tem nada a ver com o ambiente do culto, nem com estímulos externos, cenários, músicas e afins. Isto tudo é apenas experiência emocional. Também não é simulação de transes espirituais, visões, frases de efeito ou misticismos em geral. Uma experiência de entorpecimento com estímulos externos, é tão falsa quanto a euforia provocada por drogas.

Também não é formalismo nominal, confiança na performance pessoal, fé de palavras que não atingem as instâncias mais profundas de nossas vidas.

Avivamento não tem a ver conosco, mas com Cristo. Um sermão pode oferecer terapia, auto-ajuda, promessas de milagres, mas nada disso é avivamento, porque parte de um esforço humano para atrair multidões. Métodos de crescimento podem encher o espaço, mas ainda não haverá avivamento.

Voltamos para Cristo e Ele aviva a Igreja. O avivamento real produz efeito na Igreja: mais orações, mais fervor, mais disposição para o evangelismo, alegria em servir uns aos outros, prática do amor fraternal... tudo o mais é uma produção artificial, elaborada pelo homem e portanto falha.

Evangelho e efeito do Evangelho são coisas distintas. O Evangelho é Cristo ressuscitado, reconciliando pessoas à Deus. E os efeitos do Evangelho, tem a ver com o que acontece nas reuniões dos santos: missões, aconselhamento pastoral, o culto em si, socorro aos necessitados e doentes, etc. Estes são efeitos, Cristo é a causa.

Quanto mais de Cristo temos em nós, mais efeitos do Evangelho teremos nas nossas obras. Não podemos nos gloriar nos efeitos, porque a Glória é da causa que é Cristo.

Só há avivamento por causa da frieza da fé. De tempos em tempos, o secularismo mina a fé e a Igreja esfria. O avivamento é um resgate necessário porque os efeitos do Evangelho é confundido com o Evangelho e a Glória de Deus é usurpada pelos homens. Os interesses ordinários podem sufocar a semente do Evangelho em nós.

É necessário experimentar de Glória em Glória os méritos de Cristo, para que Ele comunique à nós as benesses da Cruz. Quanto mais você se fascina com a Cruz, mais avivado você se torna. Nos apropriar daquele evento que está feito. Se a obra de Jesus não for suficiente e definitiva nada mais será. Abrace a Obra de Cristo porque você não pode fazer mais nada para completá-la.

Avivamento é uma renovação pelo Evangelho e não pelos efeitos do Evangelho que são práticas humanas. É impossível que toda a nossa existência não fique afetada pela Obra de Jesus, quando Ele se torna o Centro. O núcleo do avivamento é conhecer e ser aperfeiçoados pelo Evangelho de Cristo, embora os efeitos do Evangelho sejam praticados por consequência.

O avivamento é um efeito na comunidade e não algo individual. Não pode ser confundido com crenças sobrenaturais e práticas místicas que insistimos em manter no meio cristão. Não há avivamento sem o conhecimento da sã Doutrina, que por sua vez gera arrependimento, comunhão, gratidão e alegria. Saber que Deus amou gente como a gente, fortalece.

Conhecer, arrepender e praticar. Este é o processo que leva ao avivamento. A verdade é aceita, assim recebendo-a, a Doutrina transforma e gera frutos, porque as boas ações são o resultado de uma Igreja avivada.

Um coração secularizado se torna árido. E um coração de pedra só pode ser transformado pelo Evangelho. O avivamento muda as intenções intelectuais, as disposições afetivas e as ações. Nossa identidade cristã não está baseada no que fazemos, mas no que foi feito em nosso favor.

A Igreja são pessoas reunidas ao redor de Cristo e isto é Obra do Espírito e não dos homens.

Que Deus nos proteja do enfraquecimento, do esfriamento na fé naquilo em que a Cruz significa. Porque quanto ao avivamento da Igreja, nós só podemos desejá-lo e orar por ele.

terça-feira, 15 de março de 2016

Você é servo de quem obedece

Independentemente das obras da Lei, fomos aceitos pela Graça de Deus. Os filhos não se relacionam com Deus para serem aceitos, antes foram aceitos para se relacionar, através da Justiça em Cristo Jesus, imputada a nós gratuitamente. Justiça perfeita, que não pode em nada ser acrescentada por nós.

A liberdade que a Graça de Deus nos concede, não é uma libertação para o pecado. Não é uma validação, mas ela suplanta a Lei e o pecado. A Graça triunfa e nos faz vencer a nós mesmos.

A Lei foi dada para ressaltar nossa insuficiência, culpa e vulnerabilidade, para que a Graça fosse ainda maior. A lei abundou o pecado, mas a Graça superabundou em nossas vidas. Não estamos sob a Lei e por isso o pecado já não nos domina.

A Graça de Deus tem propósito. A liberdade significa ser posto na direção certa, para que a Justiça prevaleça e a Vida eterna se realize. A Graça não nos tira de um destino ruim para nos deixar sem destino nenhum, antes restaura nossos pés para trilhar o caminho preparado de antemão para os filhos.

Libertos do pecado e da Lei, estamos livres da condenação e da culpa, de uma vez por todas, mesmo daqueles pecados que ainda não cometemos. Já sabemos o veredito final, porque Jesus levou a nossa culpa.

A Lei não habilita o homem, não nos arranca do círculo vicioso. Nela, não há justos, apenas culpados, medo, escravidão. O que nos tira dessa sequência de erros, culpa e condenação, é o movimento de Deus na nossa direção. Não temos um desempenho para merecer ser livres. Isto é Graça.

O pecado não tem mais o domínio, se você descobre que a Graça de Deus te livrou dele. Assim, nos tornamos livres do pecado e escravos da Justiça de Deus. Você está debaixo de um senhorio. Não existe autonomia absoluta para o homem.

O pecador está livre da Justiça, mas o fruto deste caminho é a morte. Nele não há valores, princípios, nada. Mas quem está na Justiça é livre do pecado. Está no Caminho e Verdade que levará à Vida.

Não está apenas livre de algo, mas para algo. É ser habilitado para funcionar de acordo com quem você realmente é, ter a natureza restaurada. É como o pássaro fora da gaiola. Ainda que esteja limitado de várias formas, não está encerrado numa gaiola e pode voar.

De qualquer forma, há um senhorio e uma escravidão. Há a "escravidão" da Justiça e a escravidão do pecado. Ou você obedece à um ou ao outro. No pecado, há a ilusão de liberdade, que na verdade é escravidão e leva à morte. Na Justiça, fomos justificados em Cristo, para cumprir um propósito. Não fazemos para merecer, mas já que somos livres, devemos fazer.

O escravo do pecado é como um peixe no aquário. Qual a liberdade se não há mar? Qual o fruto disto? É uma falsa liberdade. Ser escravo da Justiça é a verdadeira liberdade, porque o destino na Graça é a imortalidade, a Vida eterna. O livre, é um homem capaz de transcender ao que é temporal e enxerga a eternidade como seu destino.

O homem que entende a liberdade como uma liberalidade para pecar, é como um pássaro que tem a gaiola aberta e não sai. Não há sentido em ser comprado por Cristo e questionar se pode desobedecê-lo. Só é de fato livre, quem compreendeu o propósito da Graça.

Assim, a Graça de Deus livra o homem do inferno, mas também dá à ele um novo destino. Até chegar onde chegará, vai caminhando, amando e servindo conforme aprendeu de seu Senhor.


segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Segurança cristã

O amor de Deus foi provado quando por nós ofereceu seu filho como oferta pelo pecado. Deus não apenas nos purificou do pecado, como justificou em Cristo a todos os que Nele crêem.

O primeiro fruto que a Graça produz em nós, é a paz em Deus. Os que deixaram a situação de devedores por causa do pecado e foram justificados em Cristo. Para estes, não há mais demanda de Deus contra nós. A Boa vontade foi manifesta em Cristo. Sabemos que temos uma nova relação com Deus, porque a relação de Deus em Cristo nos alcança.

A reconciliação partiu de Deus na atemporalidade e agora, dentro da história, descobrimos em determinado estágio de nossas vidas, no momento em que ouvimos o Evangelho e cremos, que estamos reconciliados de uma vez por todas em Cristo.

O homem não pode fazer nada para se achegar a Deus. Foi Ele mesmo quem criou a ponte, a mediação para nos atrair para si. A reconciliação é um lugar, um continente onde habitaremos. Alí, por onde formos, a realidade será sempre a mesma: Deus reina em nós, por causa da justificação em Cristo.

A tribulação neste universo, é o momento onde Deus trabalha nosso caráter. Por isso até nelas gloriaremos, pois perseverando, alcançaremos um estado melhor.

Jesus é a Verdade, quem não tem Jesus, não conhece a verdade. Nele e somente Nele nos gloriaremos, porque não fomos capazes de nos aperfeiçoar a nós mesmos, mas por causa da perfeição de Cristo, podemos agora ser aperfeiçoados no amor.

O Evangelho humilha o homem, no sentido de não podermos nos gloriar em nós mesmos, mas apenas os que estão em Cristo, se gloriam Nele, porque o tem. O que celebramos sobre nós, não é a capacidade de agradar a Deus, mas a suficiência do que recebemos.

O que crê tem tanta convicção, que nem as tribulações o lançam no chão. A confiança vem da certeza de que o Espírito Santo nos foi outorgado.

Um dia, Jesus confessará nosso nome diante dos anjos, como cooperadores desta obra. Este será o maior prazer que teremos no porvir. Saber disso hoje, é nossa maior motivação, a maior razão do nosso prazer em servir. Somos aperfeiçoados no amor para amar e por isso não tememos as circunstâncias. O amor próprio tem raiz na certeza de termos sido amados por Deus e assim, amamos ao próximo como amamos a nós mesmos.

Uma pessoa com baixa autoestima e pouco senso de valor, não pode ser útil e nem servir. Uma pessoa que não assimila o amor de Deus, é incapaz de amar.

Assim, só é possível conhecer a Deus e seu amor, se Ele mesmo se revelar a nós. Nisto consiste a diferença entre os que crêem e os que não crêem. Por meio do Espírito de Deus, aprendemos a amar.

Nós sabemos o que o homem comum não sabe, por causa do Espírito de Deus que veio habitar em nós. Só assim é possível compreender o que recebemos gratuitamente. A experiência da Graça é dada pelo Espírito Santo que nos dá testemunho da natureza da nossa relação com Deus. Ele dá testemunho ao nosso espírito, de que somos filhos de Deus e saber disto faz toda a diferença. A consciência da filiação, produz o desejo de lutar contra o pecado da nossa antiga natureza.

Deus já está na Nova Jerusalém e nós já estamos lá com Ele. Nosso espírito já sabe disto por meio do Espírito Santo. Nossos olhos ainda não viram, mas estas coisas foram reveladas a nós por meio do Espírito. Esta certeza produz paz.

O Espírito Santo é o sinal, o penhor do que receberemos na atemporalidade. É por meio Dele, que Deus nos mantém firmes e constantes e nos dá a segurança. Vivemos pela fé, por esperança no que havemos de receber. O presente não é nosso principal foco, por isso não nos abalamos com as circunstâncias. O presente é apenas a preparação. Mas o que nos firma é ter um alvo, um norte, uma esperança maior. Convicção nos fatos que ainda não vemos, mas sabemos porque o Espírito nos revela.

A fé vem pelo ouvir o Evangelho e dar ouvidos ao que se ouve. Crendo, o Espírito Santo nos conduzirá à Verdade, nos fazendo guardar as palavras de Cristo, que são espírito e vida.

Assim, não sucumbiremos diante de problema nenhum, pois maior é o que está em nós. Fixaremos o olhar nas promessas do Senhor, que nos garante nos méritos de Cristo, nosso Salvador.


terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Todos pecaram

Embora aos nossos próprios olhos, sejamos justos e íntegros e valorizemos tanto os erros das outras pessoas, se não entendermos a nossa inimizade com Deus, não podemos ser salvos.

Se julgamos que o pecado é pequeno, a salvação faz-se desnecessária. Mas ter consciência do que se é, nos coloca como seres incapazes de negociar nossa dívida, barganhar por benesses, exigir libertação.

Somos imerecedores da Glória de Deus, seres destituídos por praticar o mal. E por isso mesmo, a Maravilhosa Graça se manifestou entre nós.

A revelação do Evangelho, não diz respeito apenas sobre a salvação dos homens, mas também do peso da ira de Deus sobre todos nós.

O sofrimento não é necessariamente um sinal de condenação, mas quando um homem está entregue a si mesmo, não tem paz, não tem prazer, não se relaciona bem com as outras pessoas, não é sensível a Deus, não vive pela fé e não sabe o que é ter um coração grato.

Se este mesmo homem ouviu e conheceu a Palavra, mas é prisioneiro de si mesmo, não está em situação melhor do que aquele que não creu. Toda a prática religiosa, sem um coração circuncidado, é mera ilusão.

Uma pessoa que prioriza a realização pessoal, permitindo o pecado como meio para alcançá-la, está evidenciando que não tem um coração convertido a Deus.

A religião se torna pecado, quando nos faz enxergar mérito em nós mesmos. Agir por conta própria e crer em si mesmo, é gerar um Ismael e não esperar o Isaque prometido.

Se algo não está dando certo, o lado errado é o nosso. Não podemos colocar condições para o agir de Deus. Ele continua sendo verdadeiro e todo homem mentiroso. A Palavra só não se cumpre em nós, se não estivermos em Deus.

O mal é inferior ao bem, que é Deus. O bem prevalece e isso não muda, porque quando Deus condena o pecado, glorifica a si mesmo. O homem que insiste na prática do mal, mostra o espírito de negação da verdade. Toda vez que há pecado, o mal é automaticamente gerado. Nisto há justiça. Deus é glorificado na justiça e isto é inquestionável.

Todos pecaram e não há quem faça o bem, porque nossa compreensão de Deus é imperfeita. O homem não compreende nem a si mesmo, enquanto não encontrar sua relação com Deus. O homem pode conhecer o mundo à sua volta, mas permanece um tolo se não conhece a Deus. Se a Raíz de significados não é tocada, este homem permanece em trevas.

O pecado tem efeitos intelectuais, ele corrompe o entendimento. O homem que não vê a Glória de Deus no mundo, passa a adorar o mundo e se afasta de Deus.

Não há quem busque a Deus, se houvesse, o teriam encontrado e seriam perfeitos. O que buscam então? O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, mas foi corrompido pelo pecado. E como não pode apagar os vestígios do conhecimento de Deus, cria deuses para si. Buscam a caricatura.

Deus já veio à nós, por isso não o buscamos, mas Ele nos busca e encontra. O homem não tem como buscá-lo por esforço. Não depende de quem quer ou de quem corre, mas Ele nos atrai por misericórdia. O pecado nos faz fugir da presença de Deus, tal como Adão.

Não há esperança para quem vive sem temor. O temor é o sentido de que Deus está presente. Quando se vive como se Deus não estivesse, não fosse, não contemplasse nossas vidas o tempo todo, é porque não há temor.

A mentalidade da carne não se sujeita à Lei de Deus. A vontade de Deus causa mal estar, porque a carne a sente como limitação. Para o homem carnal, Deus está tomando seu espaço, tirando-lhe a liberdade.

Se você diz pra você mesmo que está bem, mente para si. O homem está em constante conflito entre a própria vontade e a vontade de Deus. Precisamos nos negar a nós mesmos, para então nos achegarmos a Deus.

Sem reconhecer nossa própria miséria, não temos a menos condição de entender a necessidade da Mediação de Cristo.

Todos pecaram e fomos todos destituídos da Glória de Deus. Não há um justo sequer, não há quem o busque, não há quem faça o bem. Nossa auto-aprovação e vaidade são ilusão. E nossa justiça com relação ao próximo, trapo de imundícia. Nossos pecados não são menores e não estamos em vantagem em detrimento aos que são mais fracos, débeis e tolos.

A única coisa que pode nos diferenciar uns dos outros, é ter esta consciência de impotência e à partir dela, a dependência para nos render ao favor de Deus, que nos ama apesar do que somos em nós mesmos.

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Sob a Ira de Deus ou Sua Justiça

Os gentios, eram todos aqueles que não tinham a Lei de Deus. Todo o que não pertencia ao povo de Israel, eleito para servir ao Senhor.

Quando Paulo estava revelando o Evangelho aos gentios, desconstruindo a religião judaica para inserir os valores cristãos, trazendo ao lume o que era sombra, explicava o que é ter um coração circuncidado, para viver sob a Graça de Deus, pois mesmo aqueles que circuncidavam a carne do prepúcio, acabavam vivendo sob a ira de Deus, por rejeitarem Sua Lei. Eram filhos da desobediência.

A Justiça de Deus é Cristo, revelado no Evangelho. Os que foram alcançados pela Graça, vivem desde agora e para sempre, sob a misericórdia de Deus. Estes, ainda que pequem, não escolhem pecar e não permanecem pecando, porque são livres.

Mas a ira de Deus está sobre os que hoje são gentios na alma, pois negam a natureza regenerada e guerreiam contra o próximo. É evidente que há algo errado com a raça humana e os sinais estão por todos os lados.

É possível ver as obras de um filho da ira, pois ele vive a contradição de saber o que não se deve ser, mas ainda escolhe ser. Isto é a ausência da Graça e a presença do Juízo. Um escravo de si mesmo, é alguém que carrega o sinal da ira de Deus.

Tanto os que fazem, quanto os que aprovam, estão sob a ira. É indesculpável todo aquele que entende o erro, mas escolhe praticá-lo. Pois a Graça nos dá a liberdade para arrependimento e não para o pecado. Todo libertino cai em desgraça.

A Graça é concedida ao homem para mudança de vida e não para justificar o pecado. A liberdade é para conseguir obedecer e não para confirmar a posição no pecado. Quem assim escolhe agir, acumula ira para si.

Deus retribuirá a cada um segundo as obras. Vida eterna desde agora, ou indignação desde agora. Ou vivemos sob a Graça ou em desgraça.

Em Deus não há parcialidades. As obras exalam ou não o bom perfume de Cristo e determinam, ou melhor, evidenciam quem vive sob a Graça ou sob a ira.

Um coração aprisionado em coisas temporais, é evidente naquele que não ama a eternidade. O bem deve ser a prioridade e não a caça à felicidade, compreende?

O aprisionado na temporalidade, escolhe o pó. A ressurreição é para os que desejam a ressurreição. Os cegos espirituais, são estes prisioneiros do próprio ego. Escravos de si mesmos, deixados à própria sorte. Filhos da ira, filhos da desobediência.

A Graça revela ao homem, tanto a consciência para discernir entre bem e mal, quanto a consciência da inferioridade do mal em relação ao bem. Mesmo sem conhecer a Lei, o homem é sua própria lei, por isso é indesculpável, pois o pecado é contra a natureza. É uma verdadeira opressão contra si mesmo e contra os outros.

Os mandamentos de Deus, são a estrutura do bem e nos ensina a nos relacionar. Todo aquele que pratica o mal, destrói o outro, mas antes foi esmagado dentro de si. Pra fazer o mal, alguém precisa primeiro se violentar e se destruir, degradar a própria natureza que escolheria o bem. Mas o mandamento do Senhor, restaura a alma.

Se alguém violou a natureza, quebrou a lei e a consciência denuncia. O natural é discernir entre bem e mal e escolher o bem.

A vida do cristão, não pode ser indistinguível entre os outros que são escravos. Buscar as coisas do nosso jeito, é tentar alcançar felicidade. Buscar as coisas do jeito de Deus, é alcançar o bem. Quem busca primeiro o Reino e sua Justiça, recebe as outras coisas. Quem busca ser feliz, vive frustrado.

O verdadeiro descendente de Abraão, é quem circuncidou o coração. Isto é, uma mudança na alma onde o coração desiste de trabalhar por esforço próprio, porque entende que Deus já trabalhou por ele, daí descansa. Está submetido à vontade de Deus, que é boa, perfeita e agradável. Esta é a verdadeira religião, ter o coração orientado pelo Espírito de Deus.

Um filho de Deus, não deposita sua confiança no que acontece exteriormente, mas está firmado pelo relacionamento que tem com o Pai. Estes tem liberdade para escolher o bem.

Sem os terrores da Lei, ninguém compreende a Graça. Assim se faz separação entre os que são e os que não são, pois os filhos da ira, continuam aprisionados em si mesmos, se violentando e guerreando contra si e contra o próximo. Mas os filhos de Deus, militam contra a carne e vencem em Cristo.