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sábado, 21 de março de 2015

Desde os tempos eternos

Assimilar a atemporalidade é um desafio para nós que somos finitos e tão limitados em todos os sentidos. Mas uma leitura espiritualizada da bíblia, um mergulho além da letra, uma entrega de coração nas revelações, nos permitem compreender o que muitos não conseguem sequer enxergar, por estarem acorrentados à razão, como se a fé fosse algo definido, algo raciocinado e encerrado num conceito humano qualquer.

Não... apesar de experimentarmos a vida dentro de uma percepção de tempo e espaço, onde identificamos os acontecimentos dentro de uma sequência lógica, ela É antes de ser concreta neste mundo. 

Tudo, absolutamente tudo, existia desde a eternidade, de forma subjetiva em Deus, porque Ele é eterno e Nele, tudo subsiste, tudo é desde sempre e numa linguagem revelada biblicamente, simplesmente é, desde antes da fundação do mundo.

Assim, a narrativa de Gênesis, simplesmente concretiza aquilo o que era subjetivamente, porque o homem só compreende o que é objetivo. Nas narinas do homem feito de pó, Deus sopra o homem que existia desde antes da fundação do mundo e ele então se torna uma alma, um ser objetivo, que trilhará uma jornada neste mundo, tempo e espaço.

À imagem e semelhança de Cristo, que é de eternidade à eternidade, Adão vive no tempo cronológico e experimenta do conhecimento do bem e do mal, que havia subjetivamente em Deus, que tudo sabe e tudo conhece. Traz à existência material, o que já existia e já era ciência de Deus, como se a vida humana fosse um filme visto pela primeira vez por nós, mas por Ele, conhecido em cada detalhe.

Assim, cada homem e cada trajetória, está exposta diante de Deus, sem que haja nada encoberto e por acontecer. Cada vida está desnuda do início ao fim, do ventre ao túmulo para Ele, enquanto para nós, aguardam tão somente ser concretizadas no tempo. Tanto os eleitos quanto os que O negaram, são conhecidos desde antes da fundação do mundo. 

Não porque Ele tenha feito acepção, mas porque toda a humanidade foi encerrada no pecado, para que todos conhecessem a Misericórdia revelada em Cristo, o Cordeiro imolado desde antes da fundação do mundo. Todos se reconheceram por meio da maldição da Lei que acusa da culpa, para que o Salvador fosse ansiado por todos e para que crêssemos que Ele se fez maldição no nosso lugar.

E então, cada um escolheu ou se render à Justiça de Deus que é Cristo, ou buscar a justificação pelos méritos e esforços humanos ou simplesmente não creram.

Para a maioria das pessoas, Deus é solicitado para fazer, abençoar, conceder, livrar... eu entendo que Deus é, fez, realizou, abençoou, concedeu, deu crescimento, elegeu, santificou e salvou desde antes da fundação do mundo. Aqueles a quem João viu diante do Trono Branco, existiam e estavam lá de forma subjetiva. João estava em espírito, no solo da atemporalidade, da mesma forma que nós morremos com Cristo na Cruz, para ressuscitar Nele e viver a vida Dele.

O tempo da ignorância que Deus não levou em conta, deixou de existir com as coisas de menino. Renascido, cada filho de Deus tem condições de se enxergar e escolher a boa, perfeita e agradável vontade de Deus. E pelos frutos que cada um deu ou não, determinou se foi limpo para frutificar mais, ou se foi cortado.

É preciso entender, que o tempo é problema para o homem almático, mas não para aqueles que entenderam que são eternos desde sempre. Somos Dele, vivemos por Ele e para Ele, desde antes da manifestação concreta de todas as coisas, até sermos coroados Naquele dia. E o que vivemos agora no tempo, precisa ser o reflexo daquilo o que aprendemos com a Luz do mundo, pois Ele revelou o que antes era sombra e trouxe ao nosso entendimento, coisas que homens comuns não assimilam.

Os santificados, são todos aqueles que foram separados para o uso de Deus, os que vivem piedosamente, trilhando as veredas do amor. Estes que tem um Salvador, porque nunca o rejeitaram como Senhor e nem desprezaram seus ensinamentos. Não apenas guardam as suas palavras que são espírito e vida, mas as praticam e as tem como um grande tesouro.

Estes que o amaram, amam também seus semelhantes, perseverando até que o tempo seja consumado. Selados pelo amor, porque tem a essência amorosa de Deus, aguardam a volta de Cristo, para ser plenos Nele, eternamente.

E os que se fixaram na cobiça e na satisfação do próprio ego, são igualmente conhecidos e para estes não há esperança, porque correram atrás do vento e não são dos que amaram a Deus.

Deus sempre soube quem é quem. E agiu com Misericórdia, com todos os homens que aprenderam a amar como Ele nos amou.