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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Transgenerando-se



Dizem que existem vários gêneros, mas todos tentam se ajustar apenas em dois. Continuam nascendo meninos e meninas, mas mesmo que homem se sinta mulher e mulher se sinta homem, tentam a todo custo se encaixar nas formas já existentes, ainda que tentem ter visibilidade por ser algo novo para a sociedade. Coerente para mim, é cada um ser o que é, independente do formato que tenham. O principal é se aceitar ou ser aceito? Tentar se encaixar no sexo oposto, me parece ser um caminho penoso e sem garantias.

Não é meu lugar de fala, tudo o que tenho é apenas opinião. Por mais interferências artificiais que alguém use, pode até começar a parecer outra coisa, mas seus cromossomos não mudarão. As informações genéticas estarão lá. Um exemplo esdrúxulo: usei cabelos lisos e negros por anos, mas eles não passaram de alisados e tingidos. No momento em que parei de interferir artificialmente, a natureza deles estava lá, eles voltaram a ser ondulados e grisalhos. A natureza não é manipulável. Você disfarça mas não muda.

E se eu cismar que tenho 6 anos, serei uma criança ou alguém com desajuste emocional, com dificuldade de me enxergar como sou? O que me determina são minhas características naturais ou o que minha cabeça diz que sou? O sensato é cuidar da minha maneira de me enxergar ou alimentar a deformidade do meu olhar?

Outro exemplo: sou obesa e para a sociedade, sou feia e doente. Para a maioria das pessoas, eu deveria sofrer de baixa autoestima e tentar emagrecer. Porém, apesar de não romantizar a obesidade, ainda me enxergo como uma mulher bonita e interessante, porque sei que sou muito mais que um biotipo. Tenho valores que aprovo e um coração que reafirma em mim que sou uma boa pessoa. Me amo, cuido de mim, me protejo da maldade humana, sei que o estereótipo conta para os outros, mas não para como me vejo. Não me sinto na necessidade de encaixar em padrão nenhum, porque me amo.

Por que será que uma mulher precisa se masculinizar e um homem precise se feminilizar, se o que é diferente nele está na cabeça? Não seria mais coerente aprender a se aceitar? Por que será que na maioria das vezes, um transgênero tem disforias e complexos quanto ao seu próprio corpo? Se os gêneros são múltiplos, por que a necessidade de mutilações e hormônios pra parecer o que não é? Tantas letras LGBTS...etc e apenas duas fôrmas?

Mesmo se submetendo a cirurgias, o que constroem não são vaginas e pênis. Não tem a mesma sensibilidade e função, não define mudança nenhuma e nem gera aceitação. Uma pessoa se submete a uma violência dessas para se encontrar e parece se perder de si ainda mais, pois além da dependência da aprovação, vai depender dos hormônios para sempre, ou voltará a forma de antes. Jamais vai se livrar dessa máscara.

Quando alguém fala de cura parece ofensivo, mas a autoestima e auto aceitação é cura para o corpo e alma, ninguém precisa mudar o estereótipo, apenas se amar como é.