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domingo, 30 de março de 2014

Hagar e Sarah




Já ouvimos tantas vezes leituras superficiais, onde se afirmava que Abraão se precipitou ao ter um filho com Hagar, a egípcia. Pois o filho da promessa deveria nascer de Sarah, sua esposa. Mas conhecendo a explicação de Paulo acerca da escrava e da livre, onde uma representa a Lei e a outra a Graça, vemos que nada do que acontece é em vão e que tudo está perfeitamente amarradinho ao plano de Deus, que era levantar um povo na Terra, para estabelecer Seu Reino Eterno.

Haviam promessas naturais para a descendência natural de Abraão, os hebreus. E haviam promessas sobrenaturais, para os que se faziam herdeiros da fé de Abraão, seus descendentes por meio de Cristo.

Depois que Abraão recebeu a promessa de que seria o pai de uma grande nação e que dele Deus suscitaria uma enorme descendência, tal como as estrelas do céu, e que através de seu descendente, todas as famílias da Terra seriam abençoadas, nasceu Isaque, o herdeiro da promessa e nele, o descendente Jesus, por meio de quem no tempo oportuno, Deus consumou a Obra Redentora.

A promessa foi feita antes da Lei, mas cumprida no Novo Testamento, em Cristo. Pois por meio da fé, todo homem que guarda Nele a esperança, será salvo.

Portanto, Hagar a escrava, é representada pelo Monte Sinai e a Lei. Antes de se converter, todo homem é um Ismael. E Sarah a livre, é a Nova Jerusalém celestial e a Graça que nos converte em Isaque.

Enquanto não tínhamos fé, dependíamos de nosso esforço e éramos escravos do pecado que habita nossa natureza terrena. A Lei servia para apontar nossas culpas. Era como se uma grande carga estivesse sobre nosso lombo, pois jamais poderíamos cumprir todas aquelas regras.

Mas vindo a Luz do mundo, nossos olhos foram abertos pela fé. E nosso fardo foi substituído por algo leve e possível. Viver sem culpa, é incomparavelmente melhor.

A Lei em si é boa. Não podem ser más, cláusulas que dizem "não roubem, não matem, não cobicem, não adulterem". Posto que são ordenanças que protegem o homem. O problema está na nossa imperfeição. É impossível ao homem natural, cumprir toda a Lei e falhando em uma, nos tornamos culpados de todas. Assim, a Lei nos torna malditos e dignos de morte. Ela é boa, mas nela nos tornamos réus inevitavelmente.

Pela fé em Cristo, esperamos Nele a salvação. Foi Ele quem pagou a nossa dívida, se fazendo maldito no nosso lugar e riscando a cédula que nos condenava. Nele somos verdadeiramente livres da culpa e da condenação. Já não observamos a Lei, pois em Cristo, é o amor que nos aperfeiçoa.

A conversão consiste numa confissão: somos incapazes de nos justificar pelas obras e dependemos da Justiça em Cristo. É impossível se converter e ainda crer em mérito próprio.

Assim, já não somos Ismaéis debaixo da Lei, escravos de nossa imperfeição. Mas em Cristo, fomos feitos Isaques, herdeiros da promessa, livres. Um herdeiro não precisa se esforçar para herdar. Ele apenas espera, é herdeiro.

Os da Lei, abrem mão de Cristo. Julgam que a Obra Redentora é imperfeita e portanto devem completá-la guardando mandamentos. Os da Graça, simplesmente descansam e esperam Nele. Pois crêem na Sua Perfeição e na eficácia do sacrifício na Cruz, consumado de uma vez por todas, para que as benesses da Graça de Deus, alcancem Seu povo.


Um comentário:

  1. Maravilhosa Graça, que antes dos tempos já havia sido manifestada.
    De fato esta alegoria de Paulo usando Sara e Agar como figuras da Graça e da Lei, sintetiza tudo que nós gentios precisamos saber a respeito desta transição.
    A grande "sacada" é saber que há uma transição a ser feita. É um movimento que Jesus chama de ekklesia (Igreja) que num significado mais apurado que somos "Tirados para Fora".
    Somos arrancados, como num processo forçado, a forceps. Este é o movimento que caracteriza a igreja, e muitos até se esforçam usando da violência, como diz Paulo, "subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado", afim de entrar nesta dimensão da existência que Jesus a chama de O Reino de Deus! É um caminho estreito, apertado, mas é sem voltas e sem atalhos, e nos conecta com a eternidade.
    Parabéns pela facilidade com que você nos traz algo tão profundo mas ao mesmo tempo, lendo suas palavras, se torna tão simples e fácil de entendermos!

    Abraços fraternos, deste mano que te ama muito!

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