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sábado, 5 de outubro de 2013

Mais cristãos, menos evangélicos.




O que vou dizer, pode ser escândalo para muita gente, mas é o que reflete o momento em que estou vivendo, onde exclusivamente pela misericórdia de Deus, fui alcançada pela sua Graça e nunca mais parei de avançar. Quanto mais cristã me torno, menos evangélica sou.

Digo isso sem o menor receio, porque há algum tempo Deus vem desconstruindo equívocos e moldando meu ser, enquanto caminho e levo o Evangelho à todos que encontro. Hoje vale mais para mim, refletir Cristo aos homens, do que me considerar uma boa crente, cumpridora de todos os deveres que exige o congregar em templos.

Quando enfim entendemos que a Igreja somos nós e que já não há a necessidade de buscar quem nos religue, porque Jesus já fez isto de uma vez por todas, até a oração perde aquela formalidade e o que menos importa nelas são as palavras, pois o Espírito que habita em nós, sabe o que sentimos.

Depois perdemos o hábito de consultar nossa listinha de "podes e não podes" porque somos governados pela Lei que Deus grafou em nosso coração. Nada do que vier de fora pode nos aperfeiçoar, se primeiro não nos submetermos à Deus.

Nos reunir, passa a ser apenas mais uma oportunidade para a comunhão, a troca, um momento para estudarmos juntos e nos ajudar com nossas cargas. E a simbologia dos rituais praticados alí, nada são se primeiro o Espírito Santo não tomar a direção de nossas vidas. Tudo ganha uma nova dimensão, quando ao invés de viver em função de igrejas, nos tornamos Igreja para ser usados no mundo, na vida, nos encontros.

A excelência no relacionamento com Deus e com os homens, não compromete a consciência de estar sob a Graça de Deus, pois sei quem me tirou do pó e me pôs assentada com príncipes. Não há méritos da minha parte, tudo o que consigo ser, fazer, realizar, dizer, é porque primeiro recebi da parte de Deus.

Enquanto evangélicos, somos ensinados que ser luz e ser sal na terra, nos dá certo status de privilégio. E que ser o bom perfume de Cristo, nos garante ser reconhecidos pelos homens. Mas quando caminhamos com Cristo, percebemos que o amor é um perfume que incomoda à muitos, que ser luz implica em trazer a tona vergonhas que as pessoas querem camuflar e que ser sal, muitas vezes é denunciar que ainda há feridas abertas, precisando de cura. Por isso o mundo nos odeia ao invés de acolher.

A Graça é espelho que revela o interior do homem. Para ser alcançado por ela, é preciso se reconhecer. Quando o fariseu e o publicano subiram para orar, enquanto o fariseu apontava o outro e se justificava, o publicano apenas se reconhecia e pedia misericórdia. Foi este quem desceu justificado.

A Graça é a abolição de todo o mérito. Está na Graça quem ficou livre das correntes e grilhões que o aprisionavam ao ego, ao orgulho, aos olhos altivos. Está verdadeiramente livre, quem se esvaziou, quem se viu pequeno, vulnerável, incapaz e se entregou ao Senhor da Graça, para Dele depender.

Porque a benignidade de Deus se manifesta, quando entendemos nosso imerecimento. Enquanto há orgulho, enquanto há um fio que seja de "eu sou", "eu posso", "eu sei", "eu tenho", a Graça não foi ainda manifestada, porque o ego fecha seu acesso.

Pelo fruto se conhece um agraciado e um que ainda está em desgraça. Porque à todos os homens Ele diz: eu te chamei, te comprei, te remi, te lavei, te justifiquei! Mas todo aquele que se reconheceu para arrependimento, é capaz de ouvir e assimilar o ensino de Cristo. 

Já não dá lixo à quem lhe deu muito ouro.

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