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terça-feira, 16 de dezembro de 2025

Céu e inferno

Céu e inferno não são lugares, são dimensões onde a alma se dilui. Uns na adoração do próprio ego, buscando se servir mesmo que atropele o direito do outro, uns abrindo mão de si mesmo para ser com o outro e ambos em Cristo, se servindo mutuamente, unidos por laços sinceros de amor. 

Um alcança o inferno por identificação, o outro alcança o céu por essência. Um vive a perdição desde agora. O outro entra no descanso desde agora. Um caminha desnorteado, o outro tem Cristo como norte, como destino, como primogênito de muitos.

Muitos não entendem que fogo, ouro, luz e trevas são linguagem para a mente, metáforas que comunicam ao espírito o terror e o gozo. Mas o que o espírito experimenta através do egocentrismo ou cristocentrismo, é o que aniquila ou nos completa não num tempo futuro, num espaço físico que ainda virá, mas na transição entre a carnalidade e a espiritualidade.

Enquanto a velha natureza se deteriora, a nova já vai sendo edificada. Enquanto o homem se despe da obrigação de se atender, se veste de empatia e misericórdia. Enquanto uns escolhem um abismo após o outro, outros se descobrem sedentos por águas vivas. Enquanto uns rodeiam o próprio umbigo e correm atrás do vento, outros ajuntam tesouros incorruptíveis. Enquanto uns vivem como se jamais fossem prestar contas, outros sabem que a Graça é melhor que a vida.

O que Deus tem preparado nossa limitação impede de assimilar, mas toda alma sabe para onde está indo. O atormentado atormenta e o abençoado abençoa. O sujo continua se sujando e o limpo continua se limpando. Desde agora cada um está se definindo.

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