Páginas

segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

Sempre só

Fui só quando não sabia brincar 
Mas tentava ao menos estar 
Rodeada de música e gargalhadas 
De alegria e interações 
Eu ali observando, sem conseguir ser
Despercebida, nos cantos, disfarçada 

Fui só todas as vezes que amei 
Mas não troquei senão fluidos 
Minha entrega foi inteira 
Mas à minha maneira, sem perder o sono 
Nunca o suficiente para continuar 
Sempre as traições e abandonos

Fui só entre as multidões 
Entre o raso das religiões 
Caminhei meio sem cor
Entre entregas e paixões 
Daqui eu tentava me doar
De lá só queriam censurar

Fui só na beira do caminho
Sem ser destino de ninguém 
Por mim passaram sem ficar
Sem me acompanhar também 
Sozinha na maneira de enxergar 
Peregrina para uma terra mais além 

Seguindo sem conseguir me encaixar 
Cansada de nunca pertencer 
Descartada tantas vezes sem tentar
Me importando nem sei por quê
No profundo estarei só para pensar
Nas alturas estarei só para entender 

Nenhum comentário:

Postar um comentário