Páginas

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Dízimo de Abraão, da Lei e das Igrejas

Pra começar este assunto polêmico, já digo que não estou em nenhum rol de membros institucional por opção e por amor à minha liberdade de pensar e discernir a revelação bíblica, sem correr o risco de afrontar ninguém em seu ambiente de culto. Assim, não pertenço à organização nenhuma, me contento em ser só de Cristo mesmo.

O assunto "dízimo", que divide grande parte dos evangélicos, confusos entre o que a Bíblia revela e o que se prega nos púlpitos, vejo que a maioria ainda opta em continuar separando mensalmente 10% de seus rendimentos, como forma de se proteger do tal devorador, da maldição e do terrível pecado de roubar a Deus. Veremos sobre a Lei do dízimo daqui a pouco.

Primeiramente, quero falar um pouco à partir do livro de Hebreus, que menciona Abraão e Melquisedeque, Rei e Sacerdote que recebe depois de uma guerra, uma oferenda à Deus, contendo a dízima de todos os despojos. Segundo o escritor de Hebreus, Melquisedeque simbolizava o sacerdócio eterno, maior do que o sacerdócio temporal que Abraão trazia nos lombos, pois dele nasceria a nação de Israel. Quem recebeu, é maior do que o que fez a oferenda. Ou seja, a Ordem de Melquisedeque, eterna e atemporal, representava o sacerdócio eterno de Cristo, maior que a Ordem de Aarão, que mais tarde recebeu a Lei para o povo de Israel, uma ordem temporal e imperfeita, que apontava para o que mais tarde se revelaria por meio de Jesus encarnado.

Os despojos, eram tudo o que restavam das guerras, uma espécie de prêmio para quem vencia. Não apenas bens materiais, mas também as ruínas e os corpos e escravos daqueles povos.

Colossenses 2:15, menciona a guerra espiritual vencida por Cristo na Cruz, onde ele prega na Cruz o escrito de nossas dívidas. Humilha o príncipe deste mundo e toma dele os despojos, ou seja, os reinos que ele ofereceu a Jesus no deserto e os que antes estavam mortos em seus delitos e pecados, escravos de si mesmos, transportando-os para seu Reino de amor, religando-os de volta para Deus. Ou seja, Dízimo perfeito, foi Jesus quem realizou de uma vez por todas. O Sumo-sacerdote eterno, segundo a Ordem de Melquisedeque, conquistou para Deus um sacerdócio real, povo exclusivo seu, agora livres. Para trás ficou a Ordem de Aarão, com sua Lei que jamais justificou alguém, mas revelou as misérias humanas e apontou para a necessidade do Salvador. 

Colossenses 2:16, revela que o Velho Testamento é sombra, revelada pela Luz do mundo, Jesus. Nada mais está encoberto, está consumado. Novo sacerdócio, novas Leis. Ou seja, o episódio onde Abraão oferece à Melquisedeque o dízimo dos despojos, apontavam para Cristo vitorioso, entregando para Deus o seu povo, Reis e Sacerdotes segundo a Ordem de Melquisedeque. Compreendido o dízimo de Abraão? Alguma associação com os dízimos mensais das igrejas, onde o membros separa a décima parte de seus rendimentos? Nenhuma, até porque, se a Igreja necessitasse deste ritual, o dízimo de Cristo não teria sido perfeito.

Agora vamos ao dízimo da Lei, que nada mais é do que um princípio de igualdade social, onde quem tinha terras e produzia, separava uma porcentagem e entregava à quem não tinha de onde tirar o sustento: Sacerdotes, Levitas, órfãos, viúvas, estrangeiros... todos aquele que não tinha direito à terra, recebia e consumia os mantimentos que enchiam as dispensas do Tabernáculo, depois do Templo. Era anual, era comida, era a providência de Deus para que houvesse igualdade.

Só os Levitas tinham autorização para receber dízimos e repassar esta comida aos necessitados. Pois bem, fica muito fácil entender agora porque Jesus não mandou a Igreja continuar dizimando. Era Lei e como Lei, revelou a miséria dos sacerdotes que roubavam a Deus, negligenciando no real sentido do dízimo, que era suprir. Tomavam os dízimos e as ofertas, mas completamente divorciados de Deus e de Sua vontade, tratavam com desprezo os necessitados.

“Os seus sacerdotes transgridem a Minha lei, e profanam as Minhas cousas santas; entre o santo e o profano não fazem diferença; nem discernem o impuro do puro; e de Meus sábados escondem os seus olhos, e assim sou profanado no meio deles. Os seus príncipes no meio dela são como lobos que arrebatam a presa, para derramarem o sangue, para destruírem as almas, para seguirem a avareza. E os seus profetas têm feito para eles reboco de cal não adubada, vendo vaidade, e predizendo-lhes mentira, dizendo: Assim diz o Senhor Jeová; sem que o Senhor tivesse falado. Ao povo da terra oprimem gravemente, e andam roubando, e fazem violência ao aflito e ao necessitado, e ao estrangeiro oprimem sem razão.” Ezequiel 22:26-29.

Alguma relação com o dízimo pregado nos púlpitos? Alguma associação com o salário mensal dos fiéis? Nenhuma.

Outro dia postei a seguinte frase: "Nunca assisti nenhuma pregação honesta com relação ao dízimo. " E nenhum dos meus seguidores ousou me apoiar com sua "curtida". Pudera, com tantas ameaças de maldições, distorções e domínio de consciências por meio do medo, poucos se sentem à vontade para divergir dos líderes religiosos. Preferem acatar.

Não que eu seja contra que as pessoas que usufruem do prédio e da comodidade de suas dependências, sustentem as despesas dele. Sou contra a distorção da Palavra e da escravização dos que Jesus libertou. Se o dízimo nunca foi dinheiro, por que chamar as contribuições de dízimos? Por que mistificar as contribuições e forçar para que elas sejam mensais? Seria mais honesto e cristão, ensinar o amor às vidas que se beneficiam da instituição e a responsabilidade de cada um deles em manter as portas abertas. Contribuiriam com alegria e não pelo sentido de obrigação de cumprir um dever.

Enfim, aos que já se libertaram das distorções religiosas, cada vez que você se deparar com alguém em alguma situação de necessidade, se alegre em poder ajudar. Melhor é dar que receber, não é? Deus te deu esta condição e fazer o bem é gratificante pra qualquer pessoa, muito mais quando temos a consciência de que é Jesus na pele destes pequeninos. Isto fará muito mais sentido do que pagar contas de água, luz e telefone de uma empresa religiosa ensimesmada e mentirosa.

E cada vez que algum líder distorcer a Palavra para lançar peso sobre o dorso de seus membros, lembre que a Graça é leveza e suavidade. A religião será sempre acusadora e castradora da liberdade, mas Jesus oferece alforria.

Seja o dízimo de Abraão ou o dízimo da Lei mosaica, nada pode legitimar o dízimo das igrejas evangélicas que tem raiz no medo de faltar recursos para pagar contas e salários. Ou seja, falta de fé de que o Senhor da Obra a manterá funcionando.

No mais, voto que as contribuições (que não são pecado) sejam chamadas de contribuição mesmo, porque Oferta eficaz foi oferecida por Cristo em nosso lugar e Dízimo Perfeito, foi oferecido por Cristo após consumar a Redenção. Tudo o que veio depois, é usurpação dos méritos de Cristo e isto é um erro muito grande e de consequências eternas. É impossível ser menino e adulto ao mesmo tempo. Viver a Lei e a Graça ao mesmo tempo, Quem escolhe cumprir a Lei, confiando em seus próprios méritos, rejeitou o sacrifício de Jesus e nada entendeu sobre a Cruz.

Ora, muitas pessoas nunca tiveram oportunidade de serem ensinadas e outras, mesmo ouvindo não discernem espiritualmente as coisas espirituais. Mas a Bíblia é uma mensagem global onde tudo se encaixa perfeitamente. Leitura de versículos isolados, com interpretações obscuras são carnalidades que se cometem em nome de Deus. Enquanto isso, o rebanho de tolos vive uma vida de repetições de rituais vazios e cumprindo suas tradições religiosas, sem entender nada do que professam como fé. Permanecem na sombra, tendo já a Luz do mundo revelado todas as coisas.


2 comentários: