Não digo a quantidade de sofrimento, mas a resignação que impulsiona a responder com amor à investida do mal.
Gosto sempre de lembrar das minhas experiências e localizar nelas o que recebi de Deus. Penso que tudo o que vivi, me ensinou algo e se me ensinou, devo usar para testemunho.
Quando ainda era criança, fui desenganada e sobrevivi. Então, este livramento marcou o início da minha fé, pois sempre vi a mão de Deus sobre mim. Aos vinte anos, depois de muitas decepções, traumas, medos e desilusões, reconheci diante de Deus que não era capaz de cuidar da minha própria vida. Me vi nua, doente, suja, sozinha e infeliz, completamente dependente Dele.
Foi quando tomei consciência de que deveria buscá-lo, pois sabia que não poderia mais viver sem um relacionamento com Ele. Embora eu tenha tentado voltar atrás, vi que já não podia. Estava condenada a depender do amor de Deus. Estava faminta e sedenta para aprender mais sobre Ele.
Anos depois, diante da traição, do engano, da perda, da vergonha, da consciência da condição humana, me vi forçada a me desprender da religiosidade que cega. Foi quando me enxerguei como sou. Houve um despertar que aniquilou com meu orgulho.
E depois de um longo período de sete anos, sofrendo toda a sorte de perseguições dentro de grupos que se diziam cristãos, depois de ataques, humilhações e falsas acusações por causa do Evangelho que há em mim, trilhei o caminho da perseverança, esperança e amadurecimento, me despindo de vez, de todos os conceitos antes construídos, para enfim viver a leveza do Evangelho simples, no amor de Cristo.
Olho para trás e vejo Deus em cada uma dessas ocasiões. Logo, não é a dor em si que frutifica para o bem, mas o amor que sustenta e guia no Caminho. Assim, as perseguições produziram orações por quem me perseguia. A traição produziu perdão. O ataque acabou gerando misericórdia, pois que miséria é viver sem Deus! O vazio, o medo, a doença, a dúvida, gerou dependência e entrega.
À exemplo de Jesus que no momento em que estava sendo assassinado, orava pelos assassinos, que não sabiam o que estavam fazendo. Assim age os que são do Evangelho. Não com vingança. dureza de coração e revolta contra Deus, mas com amor de Cristo, que nega a si mesmo, até as últimas consequências.
Tem gente que sofre tanto e repete as mesmas situações de sofrimento enquanto vivem. São pessoas que deixam o amor de lado e agem com egocentrismo, se afastam de Deus e do próximo, porque se priorizam. Estes permanecerão atrofiados e amargurados.
Mas aquele que aprendeu a amar, se verá como um bem-aventurado, que quanto mais é espremido, mais derrama do melhor azeite. Que quanto mais é pisado, melhor vinho sai de si. Que quanto mais lapidado, mais exposto está o seu âmago virtuoso e quanto mais é sovado, melhor massa se tornará nas mãos de Deus. Que depurado, ganha valor. Que refinado, se purifica. E que enxertado em Cristo, já não é jambuzeiro bravo.
De fato, o limiar entre a resistência do si mesmo e a entrega para vida do ser existencial eterno dentro em nós é o que resumi esta tua frase:
ResponderExcluir" Penso que tudo o que vivi, me ensinou algo e se me ensinou, devo usar para testemunho."
Não COMO um testemunho contado ou narrado para uma público ouvinte, mas um testemunho de um andar novo, uma mentalidade nova, um sentimento novo. Como disse o profeta:
"Então aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei. E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. E porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos, e os observeis. E habitareis na terra que eu dei a vossos pais e vós sereis o meu povo, e eu serei o vosso Deus. E livrar-vos-ei de todas as vossas imundícias; E CHAMAREI O TRIGO, e o multiplicarei, e não trarei fome sobre vós. Ezequiel 36:25-29
Saudades de você!