Se separo 10% do que recebo pra cumprir uma imposição, um imposto, uma lei, desencargo a consciência de cumprir uma obrigação e já não preciso me dispor dos 100% que a Graça me inspira a disponibilizar, se considero o outro como parte de mim mesmo. Já não me atinge a fome alheia, o recurso que falta, o remédio caro, a conta atrasada, nada mais é problema meu, porque já tenho meus 90% abençoados e liberados para meu bel prazer.
Se separo duas horas do meu tempo para cultuar um Deus que está num lugar inacessível, fora de mim, num prédio místico, onde meu semblante muda e até meus movimentos são programados, esqueço que o Reino é dentro de mim, onde o Espírito mora e o fruto dele cresce. Perco a liberdade e autenticidade de adorar sendo quem sou, em todo o tempo e em qualquer lugar, não só ouvindo sermões e cantando músicas do mercado religioso, mas aprendendo quando olho com atenção ao semblante do meu próximo e tenho consciência de ser um com ele, na hora de rir ou de chorar. É transcendência de Deus para nós, emanando de nós para o outro, sem medida e sem programação. É essência amorosa e viva. Não apenas vãs repetições.
Se entendo que lá na empresa religiosa, com CNPJ e tudo, preciso convidar gente pra encher os bancos, melhorar a arrecadação, para que meus superiores vejam o quanto sou eficiente, esqueço que se eu mesma não for exemplo, não encontrarei ninguém que me dê ouvidos, anunciar que o preço foi pago, é promover leveza, espalhar alegria, liberar os lombos de fardos pesados, é alimentar a esperança, é caminhar juntos... Tudo isso sem hierarquia, sem proselitismo, sem dogmas e rituais, só o amor se doando em favor do outro e voltando como gratidão.
Percebe que em espírito e em verdade, é de dentro para fora e não de fora para dentro? É mudança de mente, de essência e isso é que reflete no que somos para o mundo que nos cerca. Enquanto a rotina arrebanha os tolos, a consciência pautada no Evangelho faz a diferença.
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