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terça-feira, 25 de novembro de 2025

Sai dela, povo meu!

O filho dos outros é sempre mais feio que o nosso, quando se fala de falência do sistema religioso, costuma-se olhar para a corrupção alheia, mais descarada, mais escandalosa, mas enfim, a imundície às vezes é bem disfarçada entre uma piada e outra. Vou falar por mim, dos desconfortos de frequentar um lugar onde Jesus é mencionado, mas não é vivido.

À princípio era só falta de sabedoria pra escolher uma música pela letra, ou uma guerra de egos daqui e dali, uma polêmica ou uma fofoca, um nariz torcido por orgulho, enfim, onde há convivência há problemas. Porém, a falta de conserto foi apagando a pequena chama e logo tudo virou trevas. Até mesmo os bem intencionados pararam de enxergar, com poucas exceções. Por misericórdia, fui uma dessas pessoas.

Desde quando um "pastor" disse que fez listinha entre seus iguais pra excluir um outro pastor da denominação, falando igual mulher traída e sem vergonha "ou ele ou eu", tomei nojo. O mesmo "pastor" que não poupa nem a própria família, que chama a esposa de retardada no púlpito pra todo mundo ouvir, que põe apelido pejorativo em todo mundo, que procura seus sermões no Google e tem como referência espíritial gente corrompida que passa longe do que é servir a Cristo, entendi de uma vez por todas que muitas vezes estar fora é mais saudável do que lutar do lado de dentro de um sistema falido. Como você vai saber que não é merda, se a privada é a mesma?

Quando vem com o papo de que o homem é falho e está lá por causa de Cristo, já me sobe a náusea, porque Cristo não se envolveria num troço desses. Quando chama aquele lugar de templo, já penso: puxa vida, esse ainda não entendeu nada, caiu de paraquedas e dificilmente vai despertar. Quando vem então com o discurso do perdão, como se perdoar fosse conivência, omissão ou alienação, aí que quero distância mesmo, daquele e desses. 

O desgaste que eu tinha por entender e enxergar tanto comodismo e resistência no meio de um lamaçal que jamais mudaria porque não quer se limpar, vi o tempo que perdi tentando. Me senti uma verdadeira idiota por ter passado por tanta coisa e ainda estar lá por quase duas décadas. Mas enfim, tem coisas que a gente aceita por infantilidade emocional, todo processo é válido e cedo ou tarde a maturidade vem.

Se nem citando a Bíblia eles dão ouvidos, como vão escutar o que uma relis mortal vai argumentar? Foi mais fácil esse cujo curriculum diz que é pastor, me colocar um monte de ofensas e dizer que eu estava dizendo que a família de Deus era os que o Espírito congregava e não as panelinhas que se juntavam pra tramar o mal uns contra os outros, porque eu era frustrada e incompetente. Um louco que uns aplaudem por deboche e outros toleram por identificação. 

Foi quando resolvi tomar pra mim a ordem divina:
AP 18:4 "E ouvi outra voz do céu, que dizia: Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados, e para que não incorras nas suas pragas."

Essa foi minha última tentativa e eu finalmente entendi o porquê de um ministério com mais de 40 anos nunca ter crescido, se desenvolvido, frutificado... É muito joio pra pouco trigo.

Ademais, se não for da porta pra fora, onde os campos estão esperando por colheita, no chão da vida, onde as escolhas vem do íntimo de cada um, nos encontros onde as relações são verdadeiras, e em espírito e verdade, onde verdadeiramente se serve à Deus, não será da porta para dentro, onde acontece esse teatro de horrores.


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