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terça-feira, 10 de setembro de 2013

Acolhimento familiar



Esta semana, Deus me permitiu contemplar um tipo de amor completamente vazio de posse, de egoísmo e expectativas de retorno.

Um casal que não conheço, se dispõe à acolher em seu lar, crianças em situação de abandono, geralmente com histórico de pais envolvidos com drogas.

Dois garotinhos aparecem numa foto, sorridentes, sentadinhos num gramado em frente à um lago pescando. Visivelmente bem cuidados e felizes, aproveitando ao máximo um momento de lazer em família.

A foto serviu para divulgar a notícia de que os meninos foram devolvidos à família de origem, por determinação da justiça. Mas ao invés de tristeza e desolação, a mensagem transmitia a suavidade de quem sabia ter cumprido um dever.  A alegria de proporcionar um pouco mais de dois anos de acolhimento e amor familiar àquelas crianças, era maior do que a tristeza de vê-los partir para a família que Deus lhes deu.

Tenho certeza de que o casal tem o coração apertadinho entre a preocupação com os meninos e a ausência deles, mas sabem que este período está registrado na mente das crianças, como experiência de felicidade.

Quando se dispuseram à acolher crianças carentes, sabiam que era uma situação temporária, mas mesmo assim se doaram e amaram. Amaram um amor resignado. Doaram-se em favor de filhos que não eram seus.

Diante da tristeza de um amigo que lamentava não poder estar com eles, o que é natural, o pai acolhedor respondeu: Logo virão outros meninos. Resposta de quem reconhece que sua missão é amar, um amor sobrenatural. Acolher e servir, sabendo que o dia seguinte pertence à Deus.

Uma vida de idas e vindas, onde nem um minuto pode ser desperdiçado, pois podem significar os mais felizes na vida de um pequenino de Jesus.

Saber que se vai perder e sofrer, mas ainda assim desejar e escolher amar de novo e de novo e de novo... que exemplo lindo de amor em ação!

Um dia quero aprender a amar assim, sem sentimento de posse, sem garantia, gratuitamente, incondicionalmente. Ter como alvo apenas me esvaziar de mim, para que o outro possa sorrir, como Jesus fez por nós.

Um comentário:

  1. É claro que é uma situação delicada, no sentido de envolver sentimentos de todas as partes, principalmente dos meninos que não tem condições de assimilar que de um momento ao outro tudo mudou ao redor.

    Mas considerando que a mãe é também uma pessoa que precisa de acolhimento e apoio para superar seus vícios e que ter problemas graves não tira dela o direito de criar seus próprios filhos, penso que a justiça dará o suporte que as crianças precisam. Se corressem risco, não teriam sido devolvidas.

    Se há 3 anos atrás alguém tivesse perguntado à esses meninos se queriam deixar a mãe, certamente a resposta seria "não". O amor inocente de um menino não rejeita a mãe por mais que ela esteja desorientada.

    A família acolhedora proporciona um período de resgate da criança, de todo aquele ambiente conturbado. Durante o acolhimento, a criança deve estar ciente de que voltará para a família quando for possível.

    É difícil sim, por isso mesmo há que se investir muito amor para tomar a decisão de cuidar dessas crianças e proporcionar à elas o melhor possível.

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