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quinta-feira, 5 de março de 2020

Fui



Fui porque quem tem que cuidar de mim sou eu. Fui para me preservar e dar tempo ao tempo para curar as feridas das apunhaladas, das decepções, das humilhações, dos boicotes, da sensação de ter sido enganada, usada, preterida, ridicularizada por ter um bom olhar.

Fui porque embora as coisas não aconteçam de uma só vez, eu tinha esperança de que tudo era um pesadelo, que era coisa da minha cabeça, as pessoas não poderiam ser tão sujas, tão egoístas, tão ensimesmadas, tão perversas... não era possível que só agora, as máscaras tenham caído e revelado a putrefina... só podia ser um pesadelo. Mas não era.

Fui, não porque o amor morreu. Esta é a sina dele, ser pra sempre. Embora veja que uma pessoa faça e queira somente o mal, porque já não tem o bem para oferecer, isto causa tanto desconforto, que o sentimento de pena prevalece.

Não é possível odiar a quem tanto me fez mal, porque assim como o amor é a essência dos filhos da Luz, o ódio é a essência nos filhos das trevas. Agora entendo a Misericórdia de Deus... saber que o outro só oferece aquilo o que tem, não muda o que sou, mas me move a balancear a situação com o que tenho.

Me comove tanta miséria, tanta cegueira, tanto desvalor. Me arrasa não ter sido capaz de ensinar, de fazer, de ser este luzeiro trazendo à consciência. Parece não ser possível reverter o caos na alma das pessoas. Não querem ouvir, não querem se enxergar.

Fui porque não quero estar presente quando colherem o que plantaram. A Justiça é decreto eterno e não faz acepção, nem abre exceção.Todo caminho tem um final. Ou a vitória, ou a destruição. Minha parcela de responsabilidade, vai até o ponto onde não me violento. Daqui pra frente, vocês vão sem mim.

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