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sábado, 29 de dezembro de 2018

Das ilusões que te prendem à religião



Olhando para trás e refletindo na importância dos problemas na minha própria vida, conclui que eles foram, são e serão sempre essenciais na minha vida, porque são eles que Deus usa para me moldar.

Foi adoecendo e precisando de tratamento,  Que entendi os limites do meu corpo, que percebi que preciso me cuidar constantemente e se não me esforçar para voltar à boa forma, provavelmente minha saúde chegará ao limite e aparecerá alguma disfunção que poderá me matar.

Foi comprando coisas que eu não precisava e no momento errado, que me envolvi com dívidas que custaram minha tranquilidade e uns bons anos para serem quitadas. Aprendi a viver me equilibrando para fazer o que eu quiser no tempo oportuno,  sem atropelar minhas condições.  Nada melhor do que ter paz pra escolher as prioridades.  Sabedoria que só adquiri depois de vencer um problemão.

O ambiente familiar é onde aprendemos a compartilhar,  proteger, ceder, tolerar... onde os princípios e valores lutam com nossas próprias tendências.  Exercício diário para dividir alegrias e tristezas, superar algum mal estar, aprender a ser suporte uns dos outros.

Não são nas decepções que aprendemos a nos esvaziar das falsas investidas? Não são nas traições que aprendemos a nos proteger e olhar para todos os lados? Aprendemos a exercitar o amor próprio, quando entendemos que só é possível amar ao próximo como à nós mesmos, quando amamos à nós mesmos? Não é quando algum sonho é frustrado, que você entende que NINGUÉM pode ter TUDO?

Então,  será que Deus já não tem o controle de todas as coisas, ou é justamente no meio dos problemas que Ele nos aperfeiçoa?  Será que Ele deseja te abduzir do meio dos problemas,  ou este é o ambiente onde você aprenderá as lições que precisa para seu crescimento?

Por que as religiões vendem mentiras quando "profetizam" que o próximo ano será isso e aquilo, se o próprio Jesus garantiu que venceu suas aflições e também teríamos as nossas? Esses falsos profetas conhecem mesmo O Caminho, A Verdade e A Vida, ou pregam mentiras porque servem ao pai delas?

Fato é que as religiões produzem gente infantilizada , iludida e chata, que no meio do caminho entram em crise ao se deparar com a vida como ela é. Já o Evangelho prepara filhos que representam Cristo na Terra, seu corpo entre os homens comuns, fazendo a diferença nas próprias escolhas. Eis o resultado de descansar na vontade de Deus: mudança genuína de dentro para fora.

Um 2019 que te melhore!

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Discussões soterológicas

Numa das páginas onde discuto apologética,  compararam o calvinismo à algumas seitas. Morro de preguiça de algumas mentalidades...

Se Calvinismo é heresia, Arminianismo também é,  Porque ambas as vertentes tem lacunas e falhas justamente por estarem limitadas à conceitos humanos, embora tenham base na Bíblia.  Essa discussão tem mais de 400 anos e só atrai gente boba, porque quem se importa mesmo com a revelação bíblica sabe que embora o Cordeiro morto antes da fundação do mundo indique a atemporalidade da Graça e a presciência de Deus, dentro da cronologia, continuamos sendo responsáveis pelo que somos.

E a Bíblia é uma mensagem global. Nada é interpretável isoladamente e nada é desprezível.  

Livro de Romanos parte 3

Romanos 13

Este versículo é muitas vezes distorcido para que as hierarquias sejam inquestionáveis.  Não é isso o que Paulo está dizendo. Deus instituiu a autoridade das lideranças,  mas não deu poder a ninguém para se corromper, ser injusto ou abusar do poder.
As Leis, regras, ordens,  dentro da Igreja ou na política,  são criadas pelo bem comum, pra manter a organização, etc. O homem de bem não precisa temer as autoridades porque está empenhado em fazer boas escolhas, mas os transgressores recebem punição por violar a ordem e também peçam contra Deus.
Cada um de nós deve cuidar para ser correto e dar bom testemunho em tudo. A única coisa que podemos dever sempre é o amor.
Paulo cita os mandamentos e ressalta que quem amou, cumpriu a Lei, porque quem ama, não pratica nenhuma de suas proibições e consequentemente,  não precisa se preocupar com as consequências de seus erros.
Ele termina citando o que não devemos fazer de jeito nenhum. Interessante que ele coloca no mesmo nível as orgias, bebedeiras, ivejas e desavenças.  Isso mostra que temos que vigiar em tudo, até no que não parece tão grave.
Nessa luta entre o espírito e a carne é que se manifestará se estamos ou não parecidos com Cristo.

Romanos 14

No capítulo de hoje, vamos falar de tolerância.  Sabemos que desde a Igreja primitiva, haviam diferenças no entendimento da prática da fé.  Nesta época em que Paulo estava escrevendo a carta aos Romanos, já haviam grupos cristãos que não largaram totalmente as práticas judaicas. Uns entenderam que o sábado estava personificado em Cristo e era Nele que devemos descansar, outros continuavam guardando o sábado.  Uns entenderam que as proibições no AT eram apenas um simbolismo que a Graça revelou, outros continuavam sem comer determinados tipos de carne, assim por diante. Se naquela época já era assim, imagine agora, tantos séculos depois. Há desde igrejas pentecostais que se isolam completamente dos costumes do mundo, até igrejas tradicionais que seguem à risca apenas o que está escrito. O importante aqui não é discutir opiniões,  nem debater o que levou uma denominação ser tão diferente da outra. O que precisamos entender, é que tanto o que faz assim, quanto o que faz assado, foi separado para servir à Deus e cada um viverá segundo a própria consciência.  A no final, todos havemos de prestar contas e Deus pelas escolhas que fizemos.
Nesta versículo entendemos que se há Boa consciência,  não há nada imundo. Porém se fazemos algo para provocar, estamos escandalizando o irmão mais fraco.
Sabemos tolerar nossas diferenças e jamais julgar o outro por entender diferente. Antes de qualquer atitude o que caracteriza um Cristão é o amor, porque Deus é amor. Assim, se sabemos que vamos ferir, provocar, ofender, confundir, é melhor não interferir. Deus trabalha em cada um de nós e no decorrer da vida de cada um, vai fazendo os ajustes necessários.
Paulo termina dizendo que é bem aventurado o homem que não se condena naquilo o que aprova. Porque quando a dúvida entra no coração,  perdemos a paz.
Com todas as nossas diferenças devemos nos amar e nos ajudar.

Romanos 15

Neste capítulo Paulo se refere ao cuidado com os de dentro e com os de fora. Se refere aos cristãos como um povo que ficou forte para fortalecer, que aprendeu para ensinar, que foi suprido para contribuir, que recebeu para doar de si.
Devemos ser suporte uns para os outros, sem discriminar os de fora, porque precisamos enxerga-los como alguém que Jesus amou.
Quando Jesus se submeteu aos costumes judeus, foi perseguido, julgado e morto, estava já pensando em nós que um dia seríamos alcançados pela pregação do Evangelho e antes de pensar no próprio bem estar, negou a si mesmo e pensou em nós.
Também Paulo, padeceu tantas coisas que se fosse para escolher o bem estar dele, simplesmente não pregaria. Assim é o cristão,  não se prioriza, não se tranca na zona de conforto, sabe que tem uma missão,  que é simplesmente dar o que recebeu.
Paulo estava dizendo aos Romanos, que finalmente poderia lhes fazer uma visita, porque já tinha alcançado a meta de evangelizar toda aquela região e agora teria um tempinho porque já estava partindo para a Espanha. Imaginem quanto trabalho e dedicação à Deus? É muito comum a gente se ocupar e preocupar com os próprios interesses, mas não é tão comum nos dispor com tanta dedicação às coisas de Deus.
Paulo reforça a unidade da Igreja, porque é importante estarmos sempre juntos, nos fortalecendo na perseverança.
Nos versículos 20 e 21, Paulo fala do cuidado de anunciar o Evangelho a quem ainda não tinha ouvido, pra não se fazer em cima do trabalho de outro. Encher igreja convidando crente de outras denominações é fácil,  mas não contribui com o avanço da mensagem, ne? É bom ter comunhão com todos, mas o alvo é fazer Jesus conhecido.
Por último Paulo recebeu uma contribuição dos gentios e estava levando para os cristãos judeus em Jerusalém e na volta ia tirar alguns dias com os Romanos. Pedia oração pra tudo correr bem, já que da última vez tinha sido até preso lembram?
Assim era a vida dos primeiros cristãos,  que com todos os riscos continuavam compromissados com o Evangelho.  Que este seja o nosso exemplo.

Capítulo 16

Paulo saudou diversas comunidades que se reuniam em diversas casas espalhadas por Roma. Como vimos nos capítulos anteriores, algumas tinham divergências,  outras se julgavam superiores por causa de usos e costumes diferentes, igualzinho nos dias de hoje. A Paulo reúne todas na mesma carta, mostrando que somos um povo só,  independentemente das nossas diferenças.
Segundo os historiadores,  essa carta provavelmente foi escrita por último,  porque Paulo estava encerrando sua missão no Oriente e partindo para a Espanha, onde começaria a evangelizar o Ocidente, assim também fomos agraciados por Deus aprendendo o Evangelho que chegou até nós.

Terminamos o Livro de Romanos, um dos mais usados para discussões entre calvinistas e arminianos.


segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Continuação da Carta aos Romanos

Romanos 9

Este trecho da carta, é o que mais divide as ideias no meio dos cristãos. Existem duas vertentes: arminianos e calvinistas, que discutem esse assunto há mais de 400 anos. Porque não consenguem compreender como Deus pode ter o domínio de tudo e ser misericordioso ao mesmo tempo. Não vou me aprofundar muito nesse assunto. Dificilmente vocês vão ver discussões assim dentro das igrejas, tem textos que os pastores nem pregam pra não confundir, mas eu entendo que tudo na Bíblia é importante e cada cristão precisa conhecer a fe que professa. De Deus, nós só sabemos o que foi revelado em Cristo, mas há mistérios que não cabem na nossa limitação.  Como um Deus eterno, infinito e ilimitado, vai caber na compreensão de seres como nós?  Há mistérios que só vamos conhecer no céu.  Portanto, vou descrever o que Paulo está explicando, mas sem entrar na discussão teológica.

Paulo descreve o povo judeu, como o povo realmente escolhido para ser amado. De lá saiu a linhagem de Jesus. Povo eleito por Deus para que Jesus nascesse dentro dele. Povo que recebeu a Lei para ser diferente de toda a Terra. Porém,  Deus escolheu endurecer a este povo, para que todos os outros povos ouvissem o Evangelho da salvação e assim pudessem crer em Jesus. Algum judeu poderia achar isso injusto, pois se Deus endurece a quem quer é abençoa a quem quer, como podem então ser culpados pela desobediência?
Paulo então diz que se o oleiro escolhe a função do vaso, Ele tem esse direito. Paulo está falando da soberania do Criador, que sabe o propósito por que criou.
Como vimos no capítulo anterior, às vezes queremos fazer o bem e não conseguimos e o mal que rejeitamos, muitas vezes praticamos. Então,  não pode partir de nós o senso de justiça,  amor, gratidão,  misericórdia,  fe, domínio de si mesmo, etc. Se tudo isso não for dado por Deus a nós.
No mundo vai continuar existindo bem e mal, certo e errado, morte e vida, obediência e desobediência, porque é assim que criamos parâmetros. Mas o porque é assim, só Deus sabe. E se Ele tem uma forma diferente de lidar com cada um, só Ele sabe o porquê.
Deus conhece a história completa do início ao fim, mas nós vivemos um dia de cada vez. Ele sonda os corações,  Mas nós só sabemos o que está diante  de nós.  Então,  nos resta descansar em quem tem o domínio de tudo. Sabendo que se Ele começou esta obra em nós,  Ele vai completa-la.
Por fim, Paulo diz que o erro de Israel foi confiar nas próprias obras e não viver pela fé.  Assim, quem tem fé passou a ser os verdadeiros filhos, porque assim Deus quis.

Bom dia, irmãos!
Romanos 11

Bom, sabendo já que Deus não está sujeito ao tempo e já conhece tudo do nosso passado, presente e futuro, não fica difícil entender que Ele faz tudo com um propósito.

Neste capítulo,  Paulo compara a Graça de Deus, que significa favor imerecido com uma árvore,  Os ramos originais que são os judeus foram cortados temporariamente para que outros ramos fossem enxertados (nós). Isso significa que Deus esqueceu Israel? Fe jeito nenhum, Ele sonda os corações e já viu quem é remanescente, que nesse caso significa quem resta, quem sobressai no meio deles e se converte. Então,  muitos rejeitaram a Cristo, mas alguns deles creram.

Apesar da Graça ter nos alcançado e ter nos enxertado na boa Oliveira,  não devemos nos ensoberbecer.  Ao contrário,  devemos orar por Israel e desejar que eles sejam salvos.

Lembrem-se: quem sustenta está grande árvore é a raiz e não os ramos. Nos somos apenas ramos, sustentados pela raiz que é santíssima.  Em nós deve circular a seiva de Cristo, que é o amor. É isto que faz a diferença no mundo, é assim que honramos a Deus, é assim que cuidamos do próximo e é assim que vivemos pautados pelo Evangelho.

Apesar de não ser tão fácil de entender, nos resta ser gratos pelo grande amor que nos alcançou.  No final deste capítulo, Paulo reconhece que a intenção de Deus ninguém pode conhecer, nem os caminhos que Ele escolhe para realizar o que quer. Mas que é Soberano e tudo vem Dele, por Ele e para Ele.

Bom dia!
Romanos 12

Bom, depois de entender um pouco como Deus planejou salvar os homens de todo o mundo, primeiro se revelando à Israel, os ramos verdadeiros e depois aos gentios (outros povos) nos enxertando à boa Oliveira que é Jesus, entendemos enfim, que nenhum de nós foi chamado por acaso, mas com um trabalho a desempenhar pelo Reino de Deus. Somos todos cooperadores no anúncio desta boa notícia que é o Evangelho.

Cada um de nós é comparado à um membro, como se todos fôssemos um único organismo vivo, cujo dono e cabeça é Jesus. Cada pedacinho com sua função,  cada um refletindo Jesus na vida em que vivem. Culto racional, não é cumprir protocolos religiosos, nem agendas das instituições,  nem simplesmente frequentar as programações de determinados endereços. Culto racional é fazer no dia e dia escolhas que agradam a boa, perfeita e agradável vontade de Deus, baseados no que aprendemos com Cristo. É na vida que se você o Evangelho, é nos encontros, nas relações,  nas nossas escolhas que mostramos a quem pertencemos, porque da porta pra dentro, qualquer um é evangélico.

Em seguida Paulo dá exemplo de algumas funções e posturas. Não tomar a forma do mundo, renovar a mente (estar sempre buscando se aperfeiçoar no entendimento da Palavra) Abrir mão do orgulho pra conseguir valorizar os outros, não ser sábio aos próprios olhos, mas ser simples pra reconhecer onde precisa melhorar, etc.

Como somos um Corpo só,  uns são chamados pra ser mão que levanta, outros são pés que se apressam a socorrer, abraço que consola, calor humano que une... quem recebeu dom ensine, abençoe,  contribua, sejam imparciais porque amar quem nos ama, qualquer um pode, mas amar quem nos causa dano e orar por quem nos persegue, só os filhos de Deus conseguem.
Enfim, ser disponível,  chorar com quem chora, se alegrar com quem se alegra, socorrer aos necessitados sejam eles quem for. Não negar ajuda nem pra quem se faz inimigo, porque constrangido com seu perdão,  talvez ele se converta.

E por fim, não se dexem vencer pelo mal, mas vençam o mal com o bem. Isto é cultuar a Deus, este é o culto racional.

Lembrem -se o verdadeiro culto aceitável a Deus foi realizado na Cruz, hoje cultuamos a Deus quando mostramos que a Luz de Cristo reflete na nossa vida. Então,  devemos ser os mesmos quando estamos reunidos como Igreja, ou num lugar comum como em casa, trabalho, escola, vizinhança ou qualquer outro endereço. Cultuamos com a vida, sem cessar.

Continua...

terça-feira, 11 de setembro de 2018

Carta aos Romanos para neófitos

Paulo escreveu que por causa do pecado, toda a humanidade ficou separada de Deus. Não há um justo sequer que não depende da mediação de Cristo para ser religado a Deus. Cristo é uma espécie de Ponte que todo ser humano precisa passar para poder se relacionar com Deus. Ele explicou que os filhos da promessa eram os israelitas, mas como eles  endureceram o coração,  a Graça faz dos gentios, filhos pela fé.  Então,  nós nos tornamos filhos por adoção.  Os textos mais complicados, são os que dizem que foi Deus que endureceu Israel, para encerrar todos os homens no pecado, para poder manifestar sua misericórdia a todos. Foi dessa forma que Deus escolheu espalhar a mensagem pelo mundo, para que todos soubessem que não depende de quem quer ou de quem corre, mas de sua misericórdia que está em Cristo encarnar e morrer por nós.

Romanos 3 e 4

Israel, pelo fato de ter recebido a Lei de Deus, se sentiam os donos da promessa. Julgavam que eram filhos porque cumpriam os ritos e cerimônias religiosas. Assim, pensavam que tinham mérito.  Que eram filhos porque tinham a Lei. Paulo está explicando que a Lei não foi dada pra justificar o homem, mas para mostrar ao homem que ele era culpado, porque nenhum homem conseguiu cumprir a Lei, apenas Jesus. E porque foi perfeito, sua morte e ressurreição serviu para nos comprar. Somos salvos por causa dos méritos Dele e não por causa dos nossos. Por nós mesmos seríamos todos réus, mas Nele somos justificados.
Embora sejamos salvos PARA as boas obras, somos salvos mediante a fé na eficácia da morte e ressurreição de Cristo. Paulo está dizendo que sempre foi assim. Embora Abraão tenha feito uma boa obra, foi justificado pela fé na promessa de Deus.
Crer, é mais importante do que fazer tudo certo, até porque se fôssemos perfeitos, não precisaríamos de um Salvador.  Reconhecer que somos falhos faz toda a diferença, viver pela fé é olhar sempre adiante confiando que quem prometeu é fiel para cumprir. Todo o que crê,  é descendente de Abraão pela fé,  por isso tanto judeus convertidos quanto os outros povos que se convertem e creem no Filho, é co-herdeiro com Ele.

Romanos 5

Amados, ao mesmo tempo que o povo de Deus no Velho Testamento era Israel, a figura de um povo rebelde, carnal, que muitas vezes transgredir a vontade de Deus, também podemos nos enxergar nesta cegueira antes da conversão.  Quem aqui se lembra de quem era, de como estava, como pensava, antes de conhecer Jesus? Eu me lembro muito bem 😂 e o tanto de angústias,  insegurança e falta de esperança eu tinha...
Paulo está descrevendo aqui, que agora a nossa paz não depende das circunstâncias,  pois ela excede ao entendimento,  e o prazer de ter livre acesso ao Pai, uma alegria que vem da segurança de ter um Senhor cuidando de tudo o que precisamos, enquanto o servimos por gratidão.
Paulo diz inclusive, que até no meio dos problemas nós crescemos e somos aperfeiçoados,  porque perceberemos e isso produz mais esperança.  Perceberam que na hora da dor, nos achegamos ainda mais à Deus? Saímos da escravidão para a liberdade em Cristo. Agora já não precisamos ter medo. Apesar dos nossos pecados e debilidades, é a Cristo que Deus contempla quando nos olha. Por causa da perfeição Dele recebemos a Vida e estamos garantidos eternamente.
Por meio da desobediência de um, estivemos nas trevas. Mas por causa da Obra de um, fomos transportados das trevas para a Luz. Então,  sejamos pra sempre gratos pelo favor que recebemos sem merecer. Que sejamos filhos da obediência, perseverando   até que estejamos com Jesus!
Só uma observação sobre o versículo 14. Pode parecer contradição ele dizer que TODOS pecaram e mencionar aqui alguns que "não pecaram". É que antes dos homens receberem a Lei, o pecado não era levado em conta para a condenação.  Se não havia proibição,  como saberiam? Desses Deus teve misericórdia.  Mas ainda assim pecaram, tanto que morreram. E também nós,  continuamos morrendo para este natureza por causa dos nossos pecados, a novidade é que seremos ressuscitados para uma nova dimensão de coisas, com um novo corpo e um tipo de vida que nem conseguimos imaginar de tão maravilhoso. Com a Lei, todos passaram a se enxergar réus, alguns se arrependem e crêem,  outros não se arrependem e não terão a mediação de Cristo.

Romanos 6

A preocupação de Paulo aqui, é que é Igreja comece a confundir a liberdade de viver com a consciência pautada no Evangelho e a libertinagem que é própria do homem que ainda é escravo do pecado. Paulo está dizendo que viver a Palavra é uma escolha de atos e obras, ninguém vai virar um robô,  fomos chamados à obediência.  Nestes termos, não existe homem livre de consciência,  ou ele é escravo do pecado, porque perde o domínio de si mesmo e é arrastado pelo curso desse mundo, ou ele é escravo da justiça e passa a imitar a Cristo.
Então passa a diferenciar esses tipos de escravidões. Quem é escravo do pecado, colhe destruição e morte, mas quem é dominado pela justiça,  realiza as boas obras criadas de antemão para os filhos de Deus e recebe a Vida eterna. A liberdade não é um fim, mas fomos livres para conseguir fazer a vontade de Deus. Cada um de nós foi chamado com um propósito no anúncio do Reino de Deus e não apenas libertos pra fazer o que der na cabeça. Temos um Senhor.
Então,  pelo que Paulo diz, nossas escolhas são conscientes. A carne vai sempre lutar contra o espírito e nós vamos ter que nos esforçar pra permanecer agradando a Deus.
Lembre-se que pra cair ninguém precisa se esforçar porque é próprio da carne. Mas pra se manter de pé,  é preciso cuidar.
Paulo precisou explicar nos mínimos detalhes pra que ninguém saia por aí achando que é dono da própria vida. Jesus é o Salvador daqueles de quem também é Senhor. E deixou uma missão pra cada um realizar. Quando Ele voltar, vamos apresentar nossos frutos.
Entendam uma coisa, o homem não foi criado para ser independente de Deus. Fomos criados para a Glória Dele. O erro de Adão foi justamente se colocar no centro e transgredir a única Lei que havia no Eden. A pretensão de ser como Deus e se tornar independente Dele, fez o homem pecar. Por causa do ego o homem pecou e colheu morte. Por isso, pra seguir Jesus é necessário nos negar, nos tirar do Centro, dominar o ego. Entender que estamos aqui com um propósito e que seremos recompensados por isso. Oramos pra não perder a sintonia com a vontade de Deus e não só pra pedir coisas momentâneas.  Nos reunimos pra viver até o fim neste propósito é não pra dar entretenimento pra alma. A vida só tem sentido quando cumprirmos o propósito pro que fomos criados.

Romanos 7

Aqui, para a nossa compreensão,  Paulo explica que o homem convertido, abre os olhos para uma nova realidade que antes não conhecia. Antes da Lei, o homem não tinha condições de se avaliar, pois se não haviam proibições,  também não havia a transgressão.  Vindo a Lei, o homem reconheceu que era pecador. A vontade de Deus era que o homem fosse obediente, mas o homem se habituou a pecar e fazer sacrifícios para expiação da culpa. Por isso Deus dizia por meio dos profetas, que Ele não queria sacrifícios,  mas obediência.  Então,  apesar de boa, a Lei revelou que somos todos réus,  não há um justo sequer por mérito próprio, porque todos pecaram.
Com a conversão,  passamos a enxergar nossa verdadeira condição : apesar de saber qual é a vontade de Deus, que é Boa, perfeita e agradável,  nem sempre conseguimos cumpri-la. Há em nós uma luta constante, porque o espírito está pronto, mas a carne contínua fraca.
Paulo diz: o que quero fazer,  não consigo, mas o que eu não quero, acabo fazendo.
Amados, pra fazer nossa própria vontade, satisfazer nossas cobiças,  ninguém precisa se esforçar.  Cair é natural do homem carnal. Mas o homem espiritual, se esforça dia e noite, pra não esquecer os ensinamentos de Cristo, ora sem cessar, está atento pra se consertar quando erra, não se acomoda com o ambiente do pecado.
A carne milita contra o espírito e o espírito contra a carne. E nosso crescimento em Graça,  depende se alimentamos o espírito ou a carne.
No último versículo,  Paulo reconhece que é no mérito de Jesus que somos salvos, porque se dependesse de nós mesmos, nenhum seria capaz de se livrar do inferno, porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus, é a vida eterna.

Romanos 8

Paulo continua a carta, dizendo que a Lei de Moisés não justificou ninguém para a salvação,  porque homem nenhum conseguiu cumpri-la. Lá em Tiago, diz que aquele que tropeçava numa Lei, era culpado por todas. Então,  Deus mostrou ao homem, que por esforço próprio era impossível ser perfeito.
Mas, Jesus era o Cordeiro perfeito, que cumpriu toda a Lei por nós,  Com seu sangue pagou nossa dívida e agora já não há condenação para os que estão em Cristo.
Como sabemos que somos Dele? Ele nos deu o seu Espírito para morar em nós. Este Espírito hoje faz a ponte entre o homem e a santidade de Deus.  Ele filtra as nossas orações,  porque nem orar nós sabemos, Ele nos faz entender a Palavra, Ele nos ajuda a andar na fé,  que é a certeza de que tudo o que o Senhor disse, acontecerá. Esperamos a vida eterna, porque o Espírito é a garantia da nossa adoção  como filhos.
Paulo diz também que até a natureza espera essa restauração que acontecerá no futuro. O pecado trouxe destruição para o homem e para o planeta, mas o plano de Deus é curar e fazer tudo novo.
Agora entenda este misterio: Dos versículos 28 à 30, Paulo diz que Deus te conhece desde antes de você existir na Terra. E te conhecendo, já te amou, separou e salvou, para que você aprendesse com Cristo o que é servir a Deus.
A onisciência de Deus, o faz conhecer todas as coisas de eternidade à eternidade. E nós que cremos e estamos sendo moldados por Ele, sempre estivemos em seus planos. Devemos ficar cada vez mais distante dessa natureza corrompida, velho homem, para ficar cada vez mais parecidos com Cristo. Somos novas criaturas, conduzidos pelo Espírito,  a semelhança de Cristo, separados pelo Pai

Continua...


terça-feira, 4 de setembro de 2018

Linguagem bíblica.

A linguagem bíblica fala ao espírito mediante a fé,  por isso muitos lêem e nada entendem, porque pretendem compreender com a mente. Toda a Bíblia é repleta de figuras e Jesus usava parábolas usando situações corriqueiras para comunicar verdades espirituais que só alguns podiam assimilar.

Muitas pessoas se perdem na literalidade da letra, quando poderiam subtrair dos textos ensinamentos grandiosos. Nao mergulham, apenas contemplam o espelho d'água e ficam confusos com seus mistérios. 

Na poesia do Eden, Adāo come de um fruto proibido. Creio que se perde bastante, quando se engole a letra sem digerir, prefiro comer, saborear, metabolizar e permitir que a mensagem se torne vida no meu espírito.

Esta árvore era a ciência.  Foi criada pra ser usada mesmo. O pecado do homem foi querer ser independente de Deus. Nesta poesia da criação,  a figura da serpente seduz o casal para ser como Deus e eles transgridem a única lei que havia, se colocando no centro. Esta irreverência foi a causa da queda e não a árvore.  Pense! O mal do homem é servir ao próprio ego. Jesus nos convida a nos negar, para compreender as coisas do alto.

O primeiro Adão se colocou no centro e gerou morte. Jesus nos ensina a sair do Centro, nos esvaziar para ser cheios de Sua Vida.

domingo, 26 de agosto de 2018

Espelhos

Lá em casa tem espelho na sala, nos quartos e nos banheiros. Na cozinha só não tem porque a imagem reflete nos vidros.
Alguém entrou e afirmou: Nossa, você deve ser bastante vaidosa! Você se vê o tempo inteiro... onde você vai tem o reflexo da sua imagem!
Sorri e balancei a cabeça negativamente. Não,  já passei dessa fase de valorizar tanto o exterior. Os espelhos são para eu nunca me iludir ao meu respeito. Acho muito importante uma pessoa se enxergar e saber quem é. Os espelhos são um exercício diário de humildade. Eu to sempre precisando me corrigir.

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Deus conosco



O Cordeiro imolado desde antes da fundação do mundo, anuncia que a Graça de Deus É,  antes que houvesse história,  homem e pecado.  A onisciência de Deus revela que já havia plano para a humanidade, apesar do que somos. Então,  dentre tantos que não o percebiam, Deus se revelou à alguns para que anunciassem que Ele haveria de se revelar a todos em Cristo.

E assim, no tempo oportuno, tudo o que era subjetivo se tornou concreto diante dos homens, para cumprir na história o que antes estava proposto. Era Deus caminhando conosco, apontando o Caminho, a Verdade e a Vida,  até cumprir seu objetivo. E ressurreto se retirou em carne, para vir em Espírito.  Assim, tornou possível estar conosco em todos os tempos, lugares e povos, manifestando e ensinando a boa , perfeita e agradável vontade de Deus, à todo aquele que crer.

Deus conosco é orar no ambiente do quarto e saber que cada palavra é ouvida e acolhida, sem a necessidade da mediação de outros homens. Deus conosco é saber que nenhuma construção humana, pode reter o ensino, monopolizar o poder de Deus ou determinar seus milagres. Deus conosco é ser grato pelos recursos que vem não por barganhas, nem por pagamento de impostos perpetuados malignamente por oportunistas,  mas porque tudo é Dele, por Ele e para Ele. Deus conosco é ser parte do Corpo de Cristo simplesmente por ter crido e enxerga-lo nos pequeninos onde Ele disse que também estaria. Deus conosco é ser verdadeiramente livres, na companhia de um Senhor que é também amigo.

Já não há sentido para as introduções musicais que pretendem conduzir o povo à presença de Deus, porque Ele escolheu habitar dentro e não fora. Não há lugar especial e nem homem gabaritado para conduzir ovelhas que só tem um Pastor. Tantos são os costumes que tem valor apenas psicológico e nada tem de espiritual.

Cante, ore, seja útil, se reúna, mas consciente do que é em Cristo. E jamais se deixe manipular por persuasões que não vem de Deus, porque Ele está conosco até o fim e isso, doutrina nenhuma pode negar.

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Mães que não são pais

Dia dos pais foi domingo passado e curiosamente recebi inúmeras mensagens me parabenizando por ter sido pai para meu filho. Ultimamente a realidade de mães que criam sozinhas os seus filhos, tem trazido um "quê" de normalidade pra situação e até um certo grau de orgulho de algumas mães que julgam desempenhar bem os dois papéis. Ao deparar com uma postagem do meu próprio filho, parabenizando os pais e as mães que também são pais, pus-me a pensar na minha própria história .

Fui filha de um homem cheio de princípios e valores, que tinha como prioridade cuidar da própria família.  Tinha o cuidado de não apenas abastecer a dispensa, mas em nos instruir para a vida. Se preocupava com nosso futuro e se resguardou para que não ficássemos desamparados na sua falta. Era um homem alegre e brincalhão,  Mas também um homem que gostava de ordem e educação.  Tive nele os melhores exemplos do que é ser verdadeiramente um pai.

Ele morreu muito jovem, minha mãe ficou viúva aos 36 anos, com 4 filhos pra terminar de formar. Tivemos na figura do meu pai um exemplo de pai com todos os méritos e por mais que minha mãe tivesse arregaçado as mangas pra que nada nos faltasse e ter nos apoiado em tudo para nos tornar quem somos, a falta do meu pai foi insubstituível. Eu sabia que ele não estava comigo porque tinha morrido, ainda assim sua ausência doía demais.

Aos 19 engravidei num relacionamento conturbado e aos 20 fui mãe sem o apoio do pai do meu filho. Tenho plena consciência que não tive a estrutura necessária para assumir meu filho sem o apoio da minha mãe.  Precisei crescer e amadurecer com meu filho e com muito esforço busquei dar conta do papel de mãe.

Sim, dei tudo de mim e fui o melhor que consegui ser. E apesar de ter sido uma mãe solteira, fui uma mãe possível e me incomodo um pouco com essa conotação de que uma mãe que supra as necessidades materiais dos filhos, substitua um pai. Isto, porque sei que as lacunas que um pai ausente deixa na vida de um filho, mãe nenhuma consegue preencher.

É dever de um pai ser parâmetro do que é ser verdadeiramente um homem. Cabe ao pai encarnar a figura do que é ser o protetor, cuidador, provedor, padrão a ser seguido... enfim, por mais que uma mãe seja guerreira e saia para buscar provisões para sua família, não conseguirá fazer os dois papéis.  Ou está presente acompanhando a educação dos filhos, ou terá que deixá-los para sustenta-los.

No meu caso, tive o privilégio de trabalhar perto e cuidar ao mesmo tempo. E periodicamente o pai visitava o filho. Mas nunca assumiu responsabilidade alguma e isso deixou muitas lacunas que nem com todo amor do mundo consigo suprir.

Mãe tem que ser mãe e pai tem que ser pai. Do contrário os filhos sofrerão as consequências da ausência. Não que as frustrações sejam totalmente prejudiciais. Superações são importantes para formar gente forte. E um filho que saiba o que é ter um pai ausente, pode vir a ser um bom pai.

Aqui em casa é assim. Procuro dar o suporte para que meu filho seja um bom pai para meu neto. Da mesma forma que dei tudo de mim para ser mãe,  dou tudo de mim para ser avó. Mas consciente de que sou apenas o que é possível ser, dentro do que cabe a mim.

A sociedade está mudando. Está cada vez mais corriqueiro ver famílias desestruturadas e cada vez mais as gerações enfraquecem e perdem o senso do que é viver em família. Não é uma questão de valor, de poder ou de verdades absolutas, mas de funções diferenciadas. Todos sabem que há diferenças entre homem e mulher e ambos são importantes na formação das crianças. 

A rejeição por mais sutil que seja, vai deixar marcas na alma. E se vem de um dos pais, mais grave é a ferida.

Obrigada pelas parabenizaçoes, mas só fiz minha obrigação, porque cabia a mim ter escolhido o melhor pai pro meu filho e nisso eu também falhei.

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Mais que vencedor

A carne milita contra o espírito e o espírito contra a carne, mas sabe quem vence essa peleja? Como pode a carne fraca, subjugar um espírito pronto?

A gente se magoa com situações,  depois desmagoa quando entende que cada um só pode dar o que possui. E constatar que alguns podem tão pouco, causa pena e assim a mágoa acaba sendo curada.

Sentir raiva é natural, até desopila o fígado,  mas se não for superada, ela amarga a vida e trava o avanço.  Vencer o sentimento liberta para olhar para a frente, cada um tem da vida o que merece.

O medo excessivo acovarda, é preciso perseverar e buscar saídas.  As frustrações ferem o ego, mas acabam produzindo gente forte. Percebe que somos inseparáveis das nossas carnalidades, mas um espírito pronto é meio caminho andado para a vitória?

Essa vitória se refere não a conquistas temporais, mas vencer as próprias mazelas da alma. Quem vence o outro, é vencedor. Mas quem vence a si mesmo (carne) é  mais que vencedor.

domingo, 22 de julho de 2018

A beleza das gordinhas




Em tempos de politicamente correto,  de carona nos movimentos de igualdade de gênero, raça, credo e toda sorte de discurso legítimo e válido,  surge um posicionamento que me inquieta um pouco, talvez porque me incluo no perfil das gorduchinhas. O de impor a todo custo que ser gorda é muito bom, lindo e sexy. Que as gorduras, celulites e estrias devem causar orgulho e que são só um traço,  não devem ser disfarçadas,  etc.

Mano, esta opinião é de uma mulher de 46 anos, mãe,  avó,  gorda assumida há pelo menos 26 anos, que é a idade do meu filho, porque justamente depois do parto comecei a perder o controle do meu peso. Pra início de conversa, engordei por causa de um distúrbio emocional, era pouca a idade pra suportar o turbilhão de problemas e eu me preenchia com comida. Se fosse simplesmente natural, não teria saído do limite assim.

A questão para mim, não é olhar no espelho e bloquear minha visão para as imperfeições.  Eu enxergo, eu sei o que é ter cintura, quadris e cochas proporcionais, não ter listras e furos, nem dobrinhas. E sei que adquirir tudo isso não tem nada de maravilhoso, poético, romântico.

Só tomo o cuidado de ser coerente. Os tempos são outros, a idade é outra, o que me fazia sofrer antes já não me desestabiliza e eu não abro mão de ir à praia , ou de me maquiar,  me produzir, me sentir bonita, porque sou gorda. Acho que o que tem que ser levado em conta, é que a beleza física tem muitas nuances e é relativa, mas não é a única coisa que importa numa mulher. Quem busca peito e bunda perfeitos, não vai procurar isso numa mulher de 46 anos. E de forma nenhuma fico mais lisonjeada com um elogio que valorize minha "capa" do que ser reconhecida pela minha inteligência,  sabedoria, coerência e principalmente quando quem convive comigo, ressalta que vivo exatamente o que prego. Isso sim, me faz sorrir.

Então, gordinhas, se amem, se cuidem, se aprovem, se conheçam, se arrumem e se curtam, pra não precisar depender de aprovação.  Se a imagem do espelho te incomoda, mude. Se não se importa, fique assim.

Eu por exemplo, não abro mão de uma comida bem gostosa, com direito à sobremesa. Pra mim, me privar de comer o que eu gosto, é um preço alto demais pelo retorno de ser admirada pela maioria. Acho que quem me ama e admira, são os que me conhecem e são os que me bastam.

Porém,  tenho roupas que gosto e não estão me servindo, então , significa que preciso prestar atenção no que como, emagrecer um pouco, será bom pra mim. Não por causa das imposições dos padrões,  a motivação tem que vir de dentro.

Não existe passe de mágica pra desaparecer as imperfeições que o tempo faz no corpo. Gordo ou magro, todo mundo envelhece e vai ser feio para os padrões dessa sociedade. Então se valorize de outras formas. As pessoas são livres para ter opiniões,  nós é que não precisamos depender delas para sermos quem somos.

Quando se deparar com gente medíocre que classifica o valor das pessoas pelo peso, simplesmente as enxergue com uma alma mais medíocre ainda. O valor das pessoas se mede, pelo tanto de amor que cabe nelas.
Leveza, tem a ver com a Alma e não com o corpo.

domingo, 10 de junho de 2018

Sobre o suicídio de cristãos

A discussão é sobre o suicida ter ou não salvação e o principal argumento dos evangélicos é a impossibilidade de se arrepender depois. E o que eu observo além da superficialidade,  é a falta de contato com a misericórdia de Deus. Como é fácil condenar pessoas e como é difícil desvincular a salvação dos méritos humanos. Teve um rapaz que diante dos meus argumentos,  até disse que não sou mais pecadora.

Eu disse: "Somos pecadores e o seremos até o último minuto, mas Jesus levou sobre si a culpa até do que ainda não cometemos.  O perdão não está condicionado ao ritual de pedir perdão, mas à consciência da Mediação de Cristo. Por isso o suicídio é tão pecado quanto qualquer outro que seu conceito humano minimize. Só Deus sonda o coração dos homens e só Ele salva ou faz perecer."

Sobre minha condição eu disse: "Quem diz que não tem pecado mente. Eu sou justificada, purificada, santificada, restaurada, mas a natureza corrompida milita ainda contra o Espírito e eu devo lutar para não cair.  Justo, puro, Santo, restaurador é Cristo. Ele levou a CULPA no meu lugar, mas os pecados que ainda nem cometi pertencem a esta natureza caída na qual estou inserida, enquanto a natureza semelhante à Cristo está sendo edificada para mim. Sem dúvidas isto é amor, Deus se revelar à mim, apesar do que eu sou."

Claro que nem todo suicida está com Cristo, mas quem pode julgar uma alma que num ato de desespero tira a própria vida é Deus que a conhece e sabe o material de que é feita.  Existem inclusive crianças que sofrem tantos maus tratos, que chegam a esse extremo. E apesar do desconforto, não sou capaz de dizer que não merecem misericórdia. Mas fico horrorizada com tantos religiosos opinando com tanto rigor. Deus tenha misericórdia destes também.

A herança das inquisições ainda é mais forte do que a consciência da Graça de Deus.

segunda-feira, 21 de maio de 2018

Ilha do silêncio




Silêncio é ilha deserta
Tem gente que procura o silêncio,
geralmente para explorar ou deixar os seus lixos.
Mas depois de algum tempo vão embora, sempre vão.

Do outro lado do mar agitado há o continente,
há diversidade de dons e talentos,
há barulhos e luzes,
há multidões em cada canto.

Mas aqui no silêncio também tem barulho,
luz e criaturas mais simples, poucos,
só os que cabem no silêncio.
Tem trabalho, mas não o tempo todo.

Nem tudo na ilha é silêncio,
aqui também tem música, tem riso e tem choro.
E também tem oração.
Deus habita no silêncio.

sábado, 19 de maio de 2018

Sobre o Batismo

Há um equívoco no entendimento da maioria, que se escandaliza quando alguém é inserido no rol de membros de outra denominação e se rebatiza ou aproveita uma viagem à Israel e se rebatiza no Rio Jordão, para refazer os passos de Jesus. Muitos criticam tal atitude, baseados no versículo onde se diz que há "só um batismo".

"Há um só corpo e um só Espírito, assim como a esperança para a qual vocês foram chamados é uma só; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, que é sobre todos, por meio de todos e em todos." Efésios 4: 4-6

Entendo que o versículo não se refere à quantidade de vezes que é permitido ao cristão se batizar. Este "um só" se refere à confissão da fé cristã, em contraste à confissão de fé em qualquer outro tipo de convicção religiosa. É um assumir Jesus Cristo publicamente. Um só motivo, uma só certeza.

Me baseio no exemplo que encontramos em Atos 19, onde o próprio Apóstolo Paulo incentiva o rebatismo de alguns discípulos de Jesus.

Paulo encontra um grupo de homens que já eram cristãos e já haviam sido batizados por arrependimento por João Batista, mas não sabiam da existência do Espírito Santo. Ao ouvirem de Paulo mais detalhadamente sobre O Evangelho, foram batizados novamente e em seguida foram batizados no Espírito Santo também.

Por que sentiram a necessidade de um rebatismo? Porque a compreensão da fé estava incompleta e ao ficarem cientes de tudo, o rito do batismo serviu como uma assinatura de concordância.

Qualquer um que em qualquer tempo, entenda que foi batizado sem entender a sã doutrina, pode desejar batizar-se novamente e isso não tem nada de herético. O batismo em si é apenas um rito, o que importa de fato é integrar o Corpo de Cristo na Terra, compreender a fé que se professa e se comprometer com o Reino de Deus.


sábado, 21 de abril de 2018

Congregar

Você não tem que ser um anzol, fisgando os outros pra trazer pra onde você está. Basta ser luz e sal, fazer diferença pra que Cristo seja refletido através de você.

Cumprir o propósito pro que foi criado, ser carta viva, negar a si mesmo, ser padrão, são coisas que uma consciência cauterizada nem pensa em ser, porque são justos aos próprios olhos.

Congregar, não é participar de um evento religioso. É mais uma questão de alma do que de corpo. É o dom de chorar com quem chora e se alegrar com quem se alegra, é verdadeiramente estar juntos.

Não se iluda, você pode estar arrolado num rol de membros institucionais por 40 anos e ainda assim não saber nada sobre o irmão que está ao seu lado, ou seja, nunca congregou com ele.

O erro principal é mistificar uma construção de tijolos, onde as pessoas acham que tudo acontece. Se cada um tivesse consciência de ser a Igreja, se reuniriam, se amariam, se ajuntariam no chão da vida e assim seriam culto constante à Deus. Mas enfim... é muito erro pra pouca vontade de mudar.

Entenda, não é errado estabelecer um endereço propício para por em prática os estudos bíblicos, com cânticos e comunhão. Errado é cultuar o lugar, os ritos e o deus encaixotado, enquanto da porta pra fora, não se envolve com ninguém. 

Se Jesus disse que estava nos necessitados, encarcerados, doentes, está também nos nossos familiares, amigos e vizinhos. É no dia a dia, o tempo todo e em qualquer lugar que se cultua a Deus na prática de amar, ao passo que a postura religiosa só massageia o ego e exclui quem não toma a mesma forma do grupo religioso.

Culto racional, é decidir conscientemente fazer conforme se aprendeu com Cristo, que diga-se de passagem, ia congregando com multidões pela estrada, montes, vilarejos e praias. E só ia ao templo para confrontar a tradição dos religiosos.

Nosso culto é o amor e o ambiente é qualquer um onde estejam reunidos os filhos de Deus. Seja simples e tudo será simples.

quarta-feira, 11 de abril de 2018

Sobre o laço que torna a te prender

Uma vez libertos para que fôssemos verdadeiramente livres, nos resta viver a liberdade de uma consciência que busca mortificar o "si mesmo" e caminha em direção ao outro, como uma imensa família onde um só é Senhor. Está consumada de uma vez por todas pelos méritos de UM e não há mais culto que nos justifique diante de Deus, pois o único culto aceito por Ele, foi o Sangue puro do Cordeiro Santo. E somente estando Nele, temos mediação.

Então vem os líderes religiosos, criam uma nova tradição, novos estatutos, novas regras e cabrestos, sempre com a maquiagem do misticismo e perpetua no meio do grupo, o que a Bíblia jamais instituiu. Todos os princípios e valores que o Mestre ensinou à quem o seguiu, se tornou de novo uma religião ditadora e manipuladora de mentes que terceirizam as rédeas das próprias vidas. 

É um conjunto de várias práticas, mas vou dar apenas três exemplos: Ceia, dízimo e evangelismo. Comparando o que é e o que virou na vida de muitos encautos, que pensam estar fazendo a vontade de Deus.

Sobre a Ceia: Quando Jesus disse "este é meu Corpo e Sangue, façam isto, comam e bebam em memória de mim" Não estava propondo um micro lanche coletivo com uma migalha de pão e um cálice de suco, em memória do escárnio que sofreu na Cruz. Estava dizendo à Igreja, que assim como deu o Corpo para padecer em favor de muitos pecadores, devemos também oferecer nossa vida em favor dos que caminham conosco e se preciso for, dar até nossa última gota de sangue por causa de Cristo, em memória do que Ele mesmo fez por nós. Estava preparando a Igreja para as perseguições, afrontas e perigos que sofreriam nos próximos dias e até que Ele venha. Estava ensinando o discípulo à priorizar seu irmão, ao compromisso de estar com ele, protegendo, suprindo, se unindo por uma causa, a de sermos um. Então a igreja evangélica se fixa no ritual, mistifica o momento da Ceia, enquanto fortalece a postura do hipócrita, que momentos antes confessa seus pecados acumulados e sai dalí como se nada tivesse feito, porque não discerne o Corpo que é a própria Igreja e comeu e bebeu maldição, porque nada entendeu sobre o vínculo da perfeição que é o Amor.

Sobre o dízimo: Quando Deus instituiu o dízimo como providência de igualdade social entre os que tinham terra e os que viviam para o serviço, os carentes e os estrangeiros, estava apenas garantindo que todos teriam mantimento. Aí Cristo usando de grande sabedoria, mostra aos seguidores da Lei, que apesar do ritual de colher e separar os grãos, eles continuavam malditos, por negligenciar no amor, justiça e misericórdia, porque faziam por hipocrisia e não para saciar o próximo nas suas necessidades. A igreja vem e entende que precisa transformar o dízimo em dinheiro para manter os templos que ninguém mandou construir. E continua negligenciando no princípio da ordenança. Ainda transforma isto em obrigação e coloca o peso das ameaças nos ombros de quem não contribui com o imposto, quando num estudo menos superficial sobre o tema, libertaria na verdade muitos cristãos ludibriados.

Aí vem o religioso que nada entendeu e tenta arrebanhar para o mesmo ambiente de ilusão, outros que ainda não fazem parte e chamam isso de evangelismo. Evangelizar não é fazer proselitismo, nem socar pessoas em fôrmas, nem estimular a frequência nas programações vazias do templo. Evangelizar é tão somente anunciar ao mundo que o preço foi pago, para que se alegrem em Cristo e tenham uma vida de leveza e fundamentada no amor ensinado por Ele.

A Igreja de Cristo prevalecerá até a consumação dos séculos, quando vencedora se unirá finalmente ao Noivo nas bodas do Cordeiro. Sua essência é o amor que recebeu primeiro e correspondeu quando viu o próximo como extensão de si mesmo e o serviu como gostaria de ser servida. 

Toda essa segregação que classifica pessoas, que se baseia nos próprios méritos e esforços pra se manter nos trilhos de ideias de homens, tudo isso é apenas distração para o corpo e a alma, não tem nada de espiritual. São meninos se alimentando eternamente de leite, atrofiando o crescimento que os tornariam cooperadores de Cristo no chão da vida e não num cercadinho de concreto.

Deus se agiganta na vida do que se reconhece pequeno, frágil e dependente, porque este, constrangido pelo grande amor com que foi amado, por estar enxertado na Boa Oliveira que é amor, só tem como frutificar segundo Cristo, pondo em prática suas palavras que são espírito e vida para quem crê.

Que o Senhor arregale os olhos espirituais dos homens de boa fé.

sábado, 7 de abril de 2018

Deus não tem religião, Deus é amor.

Acabei de ler uma frase de Lucas Lujan e uma enxurrada de lembranças e pensamentos me vieram pra corroborar com a ideia. Lembrei-me o que faz com que eu sinta cada vez menos vontade de frequentar ambientes evangélicos e tornam minhas visitas à estes amigos cada vez mais escassa. Mesmo depois de decidir não fazer parte desse conjunto de coisas, posturas, costumes, rotinas, enfim, fiz questão de manter algumas amizades que foram importantes durante muitos anos da minha vida e simplesmente deixaram de ser quando me rotularam como desviada. Parece que a admiração que tinha por elas escorreu pelo ralo abaixo, quando vi que tudo não passa de uma mera ilusão ao próprio respeito. Inebriados com a ilusão de mérito, descartam a Graça que é justamente o favor imerecido. 

"Não é problema ter uma religião. O problema é achar que Deus também tem, e é exatamente a sua. Essa é a raiz de todos os abusos religiosos." Lucas Lujan

Sobre esta ideia quero lembrar o seguinte: Somos verdadeiramente cristãos? Olhemos então para Cristo e sejamos honestos. Foi Ele quem mandou construir um templo de concreto, deixar a porta aberta para que as pessoas decidissem entrar durante um culto, estabeleceu novas tradições e rituais, posturas, programações, estatutos e ordenou o dízimo para a Igreja? Ou Ele desconstruiu toda a religiosidade, se apresentou como o Templo e disse que Nele seriamos reconciliados com Deus de uma vez por todas, sendo Ele mesmo a oferta pelos pecados e o dízimo dado em favor de nós os necessitados, antes mortos mas trazidos como despojos para Deus? Ele ensinou uma postura e um modo de vida baseado no amor que nos aperfeiçoa e foi o parâmetro de seus seguidores.

Então, porque a hipocrisia continua tão viva no meio religioso? Sinceramente, acho saudável que um ambiente de comunhão seja organizado, desde que seja de fato um ambiente de comunhão, onde as pessoas tem prazer nos encontros e se fortalecem no abraço e na mesa posta para entrarem em sintonia umas com as outras. Onde um participa das alegrias e tristezas do outro e lhe serve de suporte, apoio e orientador da Palavra. Mas não é isso o que acontece quando um ceia de costas para o outro, num ritual cego, onde não cumprem o que Cristo propôs na última Ceia. 

Alí, Ele instituiu o compromisso que temos como irmãos, de dar nossa própria carne em favor do grupo, em memória do que Ele fez, dando o sangue se necessário fosse, como Ele mesmo derramou. Priorizando o outro e não se servindo primeiro. 

Enfim, depois de todas as distorções e conhecendo o pensamento infantilizado dos irmãos, vale cada vez menos a pena me deslocar do meu lugar, para ser olhada com desprezo por gente que nada entendeu. Quando quero simplesmente visitar a Igreja, vou onde sentir vontade, dando preferência onde ninguém vai me discriminar. E sirvo na vida, nas necessidades das pessoas que me cercam, independentemente de suas crendices que pra mim nada são. Prefiro, porque me poupo também de me decepcionar mais ainda com pessoas que estimei tanto.

É encucado com tanta veemência que essa raça é de gente privilegiada, que não fazem contato com a verdade de que só precisam de um Salvador mediando, porque a humanidade está no mesmo patamar de separação de Deus, por causa do pecado. E somente há relacionamento por meio da obediência à Cristo. Ele mesmo disse que tantos que o chamam de Senhor ficarão de fora, justamente porque não ouviram suas Palavras que são espírito e vida, mas se prenderam nas distorções.

Deus é antes de tudo, antes inclusive da sua religião. Ninguém pode encaixotá-lo e monopolizar seus feitos e favores. Ninguém pode reter seu poder e direcionar seu amor. Sua misericórdia é para quem Ele quiser e desde que mundo é mundo, muitos são os seus servos, chamados do meio da imundície dos homens. 

Deus não tem ilusões ao nosso respeito, Ele sonda nosso coração. Não é barganha, nem teatro, nem presença em programações e entretenimentos religiosos, que nos farão mais aceitáveis em sua presença, mas simplesmente guardar as Palavras do filho de seu amor.

Eu sei o mal que faz na vida de alguém ser encucado de uma mentalidade limitadora de pensamentos e castradora da liberdade. Me submeti durante muitos anos a ser fantoche da ideia de homens, mas cresci e larguei as coisas de meninos. Entendo que tem gente tão infantil que precisa desse mecanismo, desse suporte, dessa dinâmica, desse contexto religioso pra conseguir fazer contato com o sagrado, mas o acesso à presença de Deus foi conquistado de uma vez por todas por um só, para todo aquele que crê. Está consumado, ainda que alguns achem que precisam completar a obra redentora.

Enfim, pior do que não ter fé alguma, é ter fé em si mesmo e viver como se estivéssemos olhando o próximo de cima para baixo, sem entender que quando Deus nos olha, é a Cristo que Ele procura em nós. E se nossa essência não for amorosa por causa Dele, continuamos destituídos de sua Glória.





quinta-feira, 29 de março de 2018

A dor de crescer

Para que o fruto de uma árvore seja saboreado, é necessário que uma semente morra e dê origem à uma nova árvore e que com o tempo ela floresça e depois frutifique. E por último é necessário que o fruto amadureça, só então o ele estará pronto para ser saboreado. O novo fruto está alí, mas para trás ficou todo o processo e ninguém pensará naquela semente de origem, enquanto se alimenta do fruto. Quantos e quantos ciclos como este acontecerão, sempre deixando para trás a vida de uma semente?

Cada vez que se gera uma vida, ficou para trás uma menina, uma mulher, um homem. Não apenas nasce uma criança no mundo e com ela a nova mãe, mas morre toda uma estrutura já estabelecida. 

Me lembro bem que depois do parto, antes mesmo de me recuperar das dores físicas, me entregaram meu filho nos braços e foi um misto de sentimentos: eu estava encantada com a beleza e perfeição, mas sabia que alí nascia um laço pra toda a vida, uma responsabilidade que jamais me deixaria e aos vinte anos, eu estava com muito medo do que viria pela frente. Morria a minha inocência, minha condição de menina, minha liberdade pra escolher uma realidade diferente daquela. Nascia uma adulta com um pedaço a menos da alma para que a vida a completasse. Nascia aquela que pra sempre teria que priorizar o outro, porque ser mãe nem sempre é um mar de rosas. 

No meu caso, a sensação de tristeza constante, vez ou outra uma depressão mais consistente, acontecia ao deparar com a longa caminhada de declives e escaladas concernentes à realidade. Separação, desemprego, mudança de Estado, falta de estrutura... tudo para chegar no patamar que estou hoje. Ganhar experiências dói pra caramba.

Durante toda a vida passamos por várias situações de lutos enquanto crescemos e ganhamos experiências. Para ser alguma coisa, sempre deixamos de ser outras ou sempre deixamos outros cenários para trás e isso dói. 

Sem contar as mudanças interiores, onde deixamos constantemente um pedaço da crosta do "si mesmo" que nos envolve, para que o âmago valioso se apresente ao mundo. Geralmente para a parte preciosa ficar aparente, a lapidação vem através de decepções, abusos, perdas, disputas, dores que fazem parte desse crescimento.

Recentemente, ao mesmo tempo que perdi minha mãe, me tornei avó. Senti bruscamente a morte também da filha, enquanto boa parte da mulher interior também se foi. Se antes eu me via como mãe e filha, agora me vejo como mãe e avó, entrando no climatério e sem tanta energia para novas escaladas e declives. Entrei num ritmo de caminhada lenta e mais suave, sem grandes expectativas e sem tanto investimento de energia.

Olho para trás e já não lembro muito bem onde deixei aquela menina sonhadora e pueril. Não sei onde foi parar a mulher romântica e cheia de sonhos, sei que fui boa filha até o final, mas lá se foi o primeiro ano de separação da minha mãe e as lembranças começaram a ficar embaçadas. Pra ser quem sou hoje, quantos lutos foram necessários? Quem sente falta da menina, mulher e mãe que fui. Hoje sou avó, isto é o que sou. E acho que ser avó é a melhor coisa da vida, mas algo dentro de mim deixou de existir para que essa nova realidade florescesse. 

Como amiga, sempre fui muito intensa e entregue. Perdi a conta de quantas vezes me prejudiquei para poder ser útil à alguém. Mas com o tempo, percebi o quanto tonta era, ao acreditar que a recíproca era sempre verdadeira e que as pessoas me enxergavam com o mesmo olhar que eu as enxergava. Depois de muitas traições e abusos, hoje sou muito mais maliciosa na hora de me aproximar de alguém. Estou sempre me resguardando para não reviver as mesmas situações. Ganhei amor próprio, mas perdi aquela capacidade de confiar no ser humano.

Sim, nada na vida é sem dor, a felicidade e a infelicidade são momentos que andam juntos. Ora um sobressai, ora outro, mas estão sempre acoplados um ao outro, apesar da ilusão de alguns.

Assim, aos trancos e barrancos a gente morre um pouco a cada dia para esta natureza corrompida, enquanto uma nova natureza vai sendo edificada. Um dia seremos nova árvore, daremos novos frutos, recomeçaremos plenos e completos. Mas até lá, nada será sem luto.


A vida dói, sempre dói. Então, você contorna a dor na esperança de extingui-la. Mas ela ainda está lá e sempre estará, até que você a encare e passe por ela... depois junte os cacos e veja o que te espera na página seguinte. Talvez um período de trégua, talvez uma nova crise e mais dor.

É isso o que nos humaniza e aperfeiçoa. É assim que nos unimos e nos tornamos o mesmo corpo. Amadureça para esta realidade, porque a capa de ilusão cobre a fraqueza, mas a conscientização da nossa condição nos aproxima de Deus, que nos fortalece.



sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Sobre o vício de sofrer

Sabemos que a felicidade é um estado utópico. Uma pessoa madura, já entendeu que tanto a felicidade quanto a infelicidade caminham juntas, porque são meros momentos. Não é possível estar pleno num mundo cheio de contingências, onde qualquer imprevisto pode aniquilar com a calmaria. Onde a paz pode ser interrompida de uma hora para outra. Além do que, ninguém consegue estar suprido em todas as áreas da vida ao mesmo tempo, ou este mundo seria perfeito e nossa esperança no porvir seria em vão. Pra que um Salvador, se não vivemos inseridos na corrupção? Pra que a restauração de todo o sistema, se houvesse a possibilidade de estarmos 100% satisfeitos nesse? Sempre haverá declives e escaladas, quedas e muito esforço na caminhada.

Mas essa consciência à parte, estamos tão habituados com as adversidades que encontramos na vida, que alguns de nós simplesmente se viciam em carregar fardos desnecessários. Ultimamente observo alguns comportamentos e só posso lamentar a dificuldade de alguns para administrar a própria liberdade, a vida abundante que já receberam e a cegueira pras coisas óbvias. Se apegam tanto à dor, que o sofrimento passa a fazer parte de suas vidas. Drummond tem uma frase famosa que diz: "A dor é inevitável. O sofrimento é opcional". E de fato, não podemos prever as dificuldades que vamos enfrentar, embora na maioria das vezes são colheitas do que nós mesmos plantamos. Mas permanecer no sofrimento, pode ser uma escolha inconsciente.

Já ouviu dizerem que o filho mais protegido, se torna o filho mais fraco? Porém, soterrado debaixo da aparência de cuidado, tem uma mãe viciada em ser o suporte do filho problemático. Ela estará sempre pronta a socorrer o filho que será sempre reincidente. E só encontrará função pra própria vida, enquanto o filho estiver precisando dela, dependendo de seu socorro. Inconscientemente, ela encontrará uma forma de conservá-lo sempre na posição de dependente. E alimentará sua vaidade de "boa mãe" em cima da imaturidade e fraqueza do filho. Alguns se compadecerão dela e odiarão o filho, mas aos seus próprios olhos, ela está fazendo o bem. Se porventura o filho conseguir se virar sem ela, sofrerá da síndrome do ninho vazio. Está viciada em carregar fardos insuportáveis nos lombos, em troca de um suposto valor.

Observo também o caso da mulher que reclama da vida, da saúde, do lugar onde vive, do cansaço, da distância, da solidão, das dificuldades, do abandono, da falta de ânimo... mas não aceita opinião, nem conselhos, nem solução vinda de fora. Sob a ilusão do "eu escolho, eu me viro, eu quero assim", perpetua a própria insatisfação e seu vício em reclamar da vida. Na verdade qualquer sugestão é encarada como invasão. A impressão é que está tão habituada com o sofrimento, que não vai saber lidar com a paz, a companhia, o ambiente melhor. Prefere a ilusão de autonomia, do que se deixar ser ajudada. E o "seu" sofrimento, será sempre seu.

Tem também a moça que terminou o relacionamento, achando que o rapaz ficaria insistindo em reatar. Quando viu que o rapaz não lutou, nem insistiu, nem quis voltar, se descobriu apaixonada e passou a nutrir um sentimento que ficou mal resolvido na alma e adoeceu o corpo. Se antes o pequeno problema podia ser resolvido com bom senso, depois o sofrimento afetou uma família inteira. Se justifica dizendo que tem pavio curto o que fatalmente trará frustração em outros relacionamentos, já que é algo que ela "tem". Enfim, são exemplos corriqueiros, comportamentos que se repetem, só pra ilustrar o que estou dizendo. 

Dizem que a depressão é algo físico, porque há uma baixa na serotonina, hormônio do humor. Mas penso que é justamente o contrário. A depressão é resultado do sentimento de impotência, que se torna autocomiseração e provoca a baixa da serotonina, fazendo a pessoa se entregar ao abismo que a atrai. É uma doença psicossomática, causada por uma dor na alma que não é resolvida e evolui para uma doença no corpo e na mente.  O mal do século não é outra coisa, senão pena de si mesmo por achar que não merecemos o sofrimento. Mas que sofrimento? Aquele que também não queremos nos livrar. Ou simplesmente não reagimos e nos entregamos a ele.

A vida tem sim os seus obstáculos, mas nós temos a responsabilidade de escolher o melhor para nós e para os que nos cercam. Há tempo para chorar, sorrir, plantar, colher, se achegar, se afastar... enfim, viver é o conjunto de tudo e saber viver, é tirar proveito de tudo. Está bom? Ficamos. Não está bom? Mudamos. Precisou? Estamos disponíveis. Rejeitou ajuda? Nos retiramos. Errou conosco? Perdoamos. Não aceitam nosso amor? Há quem necessite dele. A vida pode ser muito mais leve. A dor é inevitável, mas o sofrimento será sempre opcional.