Páginas

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Triunidade humana

À imagem e semelhança de Deus, o homem é criado triuno. Formado à partir do pó da terra, recebe nas narinas o fôlego de vida e assim torna-se alma vivente. Porque a vida de Deus está nele, relaciona-se como amigo e coopera com Deus, na administração de toda a criação. Experimenta a vida à partir dos sentidos porque é da terra, mas submete-se à Deus porque é Dele. Toda a sua capacidade de sentir, raciocinar e desejar está sujeita à Deus, que relaciona-se com ele sem intermediários, pois seu espírito faz este elo perfeito.

Mas o ser que nos caracteriza como indivíduos, nos lembra o tempo inteiro das nossas faltas e necessidades. No caso de Adão, ele precisava de uma companheira e a alma dava sinais de tristeza e insatisfação. Então, manifestou sentimento, vontade e razão para ter uma companhia. Até aí, a forma do homem era saudável: O instinto se submetia à vontade, que se submetia à vontade de Deus. Ou seja, o espírito governava tanto a alma, quanto o corpo. Assim, o homem esperou o tempo de Deus para receber a sua esposa.

Assim, o homem criado se relacionava com Deus, com intimidade, porque estava organizado de maneira correta. Criado do pó (corpo), recebeu nas narinas o fôlego de vida (espírito) e se tornou alma vivente (alma, ser único, indivíduo).

Ao pecar, o homem deixou de ser governado pelo espírito, que já não vivificava o corpo, pois foi mortificado pela escolha consciente (atributo almático).

Por que o homem convertido, é um homem que nasce de novo? Porque é necessário que morra na Cruz, para receber a Vida de Deus em si novamente. Assim, o espírito é restaurado ao estágio original e a alma é que passa a ser mortificada de forma que todo o ser seja aperfeiçoado em Cristo, espírito vivificante.

A velha criatura morre e ressurge reorganizada. O instinto do corpo e a cobiça da alma, já não escravizam o homem, que passa a ser governado pelo Espírito de Deus em seu espírito. Uma espécie de educação que devolve ao espírito o seu lugar, para que as escolhas do homem, entrem em sintonia com a revelação de Deus.

Para melhor entender, gosto de usar o ovo como analogia. Para ser ovo, precisa ser o todo: casca, claro e gema. Os três elementos juntos é que formam o ovo. Assim somos nós, corpo, alma e espírito formam um único indivíduo e não há parte menos importante, apesar de cada uma ter sua função distinta.

Tal como a casca, nosso corpo é uma espécie de embalagem que guarda o que de fato somos, a alma com toda a sua individuação. E o âmago do ser é o espírito, que sustenta todo o restante, pois é a vida de Deus no homem.

A velha natureza é alma vivente e Deus a chama de mortos em delitos e pecados, pois o espírito está apagado, impedindo um relacionamento com Deus. A nova natureza restaurada em Cristo, religa o homem à Deus, tornando-o espírito vivificante, pois carrega em si a vida de Deus, refletindo Cristo, emanando por onde vai, como luzeiro na vida de muitos.

Os anjos são espíritos, por isso se relacionam diretamente com Deus. Nós, porém, por estarmos encerrados num corpo, precisamos de Jesus Cristo homem, para mediar nosso relacionamento com Deus.

O espírito não é propriamente nosso, como a alma (individuação) e o corpo (instrumento individual), pois volta para Deus que o deu, quando morremos. O corpo se deteriora e a alma é a parte de nós que sofrerá transformações durante a vida. É ela que alcançará a estatura de varão perfeito. Ela é aperfeiçoada, enquanto o corpo se corrompe.

O espírito portanto, é como o cordão umbilical que liga à placenta, que dá vida e sustenta até que a criatura esteja pronta para a eternidade. É uma espécie de canal que nos liga à fonte de Vida. É o que nos torna sensíveis para assimilar as revelações espirituais.

Deus é Espírito e soprou de si no homem para vivificá-lo. Com a conversão, Ele nos dá um novo espírito, pois o pecado havia nos lançado nas trevas e antes de crer, estávamos mortos (mortificados para perceber Deus, desligados Dele). Cristo ao nos vivificar Nele, restaura a ordem correta do ser. Assim, andando pelo espírito, temos condições de conhecer a revelação de Deus, pois o Espírito se comunica com nosso espírito.

Um ser almático (governado à partir da alma), não assimila as coisas do Alto. Um homem almático, sempre se baseará pelo raciocínio, emoção e vontade própria. Portanto a conversão produz em nós, a restauração do governo espiritual, assim, tanto a alma se submeterá, negando a si mesma em favor de um propósito maior, quanto o corpo concretizará obras concernentes à vontade de Deus.

Um homem que negue esta estrutura triuna, terá dificuldades em assimilar a voz do Espírito Santo, pois procurará compreender com assimilações mentais, o que só pode ser discernido espiritualmente. O homem espiritual está atento ao que vem de dentro para fora. E não precisa tanto do que vem de fora para dentro, como os estudos sistemáticos.

O homem regenerado, tem domínio sobre o que pertence à velha criatura, pois por meio de seu espírito, conhece o que Deus tem para ele. A alma não pode governar, pois levará o homem a se afastar da Luz e mergulhar nas trevas. O corpo não pode governar pois é instinto. 

Louvado seja Deus que nos regenera em Cristo, para que por meio Dele em nós, conheçamos a Sua vontade e a vivamos para a Glória Dele mesmo.



Nenhum comentário:

Postar um comentário