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domingo, 19 de maio de 2013

Sobre a necessidade de se encaixar




Conversava com meu irmão à respeito de nos incomodar com as fotos que aparecem de nós na internet, sem antes receberem nossa aprovação. Geralmente nós gordinhos, vivemos escolhendo fotos que nos favoreçam, grande parte só do rosto, enfim, estamos sempre preocupados em como vamos aparecer para as pessoas.

Eu dizia à ele, que já não me importo de postar fotos de corpo inteiro, mesmo que as pessoas sejam preconceituosas e comentem ou com ironia, ou com falsidade. Não sou eu que tenho que me esconder porque as pessoas não querem me ver como sou, são os preconceituosos que precisam sentir vergonha do que são, pois qualquer um que superestime ou subestime o outro por causa de alguma característica física, ainda não sabe amar, mas julga as coisas superficialmente. É como comprar um produto pela embalagem, sem saber o que há dentro.

Mas olhando por outros prismas, percebi que tudo na vida é assim: criamos guetos, padrões, grupos e precisamos nos encaixar neles para receber alguma aprovação. São times, religiões, política, cursos, clubes, moda, músicas, carreiras, etc. São inúmeras as tentativas de parecer igual, se encaixar em parâmetros, fazer parte, ser aceito.

Nisso tudo, se perde a individuação. Entramos em formas e já não somos. Ficamos parecidos para não ser rejeitados e perdemos a liberdade para conseguir ser iguais. Não é louco? A Natureza criada é tão perfeita! Tão diversificada e tão rica de detalhes, mas nós, os racionais, não queremos ser únicos, mas iguais.

Estou lendo sobre filosofia e observando as diversas escolas, discutindo temas e há sempre um time de lá e outro de cá refutando, apresentando suas visões, criando discípulos, mudando a forma como as pessoas vivem à partir do pensamento. Para mim, tanto a filosofia, quanto a teologia são válidas como campo para discussão, mas resposta nenhuma é definitiva, pois cada pessoa tem uma percepção. Portanto, para mim, é válido conhecer o pensamento alheio, mas eu não tenho que necessariamente abrir mão do meu.

Assim, consigo acompanhar tanto o pensamento de Agostinho quanto de Nietzsche por exemplo, sem me violentar, retendo o que é bom pra mim em cada posição. Li um pouco sobre vários filósofos,  me reconheci em vários deles, mas ainda prefiro buscar minhas respostas dentro de mim, onde o Espírito Santo habita. É Ele quem me dá o suporte para viver e não as influências externas.

Na teologia a mesma coisa. As diversas correntes e vertentes que tentam afirmar isso e aquilo, pra mim só servem como observação da capacidade humana em questionar e se perder em respostas. Não tenho que aceitar o calvinismo e nem por isso, aceitar o arminianismo como consequência. Posso analisar as duas vertentes e enxergar nelas erros graves. Logo, o que me orienta, continua sendo minha intuição. Gosto de participar de fóruns de discussão apologética, mas não com intuito de mudar o pensamento de alguém e nem sou persuasível ao ponto de acompanhar qualquer viagem. Gosto porque conhecendo o pensamento e argumentos do outro, criamos nossos próprios caminhos para chegar às respostas que nos satisfazem.

Assim, se alguém quer de fato ser livre, precisa primeiro se livrar dos padrões. Seja ousado, descubra quem você é, o que gosta, o que pensa. Desde que não se prejudique e nem prejudique o outro, é tão bom descobrir nossos limites por nós mesmos! Toda ideia que tenta encaixar uma pessoa em formas, já é castradora.

Para ter alguma noção de liberdade, primeiro temos que ser livres dos padrões, dos grilhões, das imposições, da moda, da ditadura. Ser livres das formas, da escravidão aos padrões pré estabelecidos pela sociedade, dos ideais, das estereotipações, dependendo do crivo alheio.

Deixe esta preocupação, para quem não sabe ainda o porque de ocupar uma vaga na existência. Você que faz parte do Corpo, já entendeu que nem todo mundo é mão, que nem todo mundo é olho, que para ser o Corpo de Cristo, tem que ser diverso, completo, cada um desempenhando sua função, vivendo sua individuação, usufruindo da liberdade conquistada à preço de Sangue.



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