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quinta-feira, 2 de agosto de 2012

As rédeas que te prendem

À partir do comentário de uma irmã querida, de que hoje ela é muito mais cristã do que no tempo em que foi Batista, comecei a meditar em algumas coisas que normalmente não atinaria.

Não posso dizer nada à partir da experiência dela ou de qualquer outro, mas à partir da minha própria caminhada com Cristo, posso expor o que entendi.

Na minha vida, a primeira manifestação sobrenatural de que tenho conhecimento, foi aos dois anos, quando eu sequer tinha condições de saber o que é fé. Desenganada, recebi cura e cresci com esse sentimento de gratidão, por esse tal Jesus, que disseram ter me salvado da morte. Cresci assim, sem religião, sem doutrina, sem igreja e sem obra alguma que não fosse motivada por um amor que brotava naturalmente. Eu tinha prazer em ouvir as pessoas testemunhando sobre minha vida e realmente me sentia amada.

Quando tive minha primeira grande crise existencial, já estava com 20 anos. Nesta ocasião, tive uma briga com Deus. Era tão grande a turbulência, que eu o questionei o porque de ter me livrado na infância, pra permitir que naquela época eu passasse por tudo aquilo. Eu não queria mais viver se não houvesse uma solução. Doente, sem recursos, sozinha, com a responsabilidade de criar um filho eu pedi que Deus me matasse de uma vez ou me desse um recomeço. Alí, prostrada no chão da cozinha, sem religião, sem igreja, sem testemunhas, reconheci minha completa dependência e me rendi cansada em Seus braços. Tenho este dia como marco da minha decisão. Deus e eu nos acertamos e eu renasci.

Abandonar minha velha mente foi um parto que demorou longos 5 anos. O renascimento não é como o nascimento físico, que ocorre em algumas horas. O processo, pelo menos o meu, foi algo muito penoso e demorado. Só depois desse tempo todo, comecei a congregar numa igreja evangélica.

Fui, porque o testemunho de um amigo me convenceu. Ele foi um alcoólatra que vivia caindo na sargeta e várias vezes depois de beber todo o pagamento, voltava sem roupas e sem sapatos, humilhado, pedindo dinheiro para ir embora. Agora, restaurado, falava empolgado da igreja que lhe estendeu a mão. Eu gostava de conversar com ele, sempre íamos lanchar juntos e ele sempre insistia pra que eu o acompanhasse à igreja. Certa noite fui e acabei ficando por alguns meses, uns poucos, até começar a discernir.

Naquela época eu ainda era muito crua, não sabia nada de Bíblia, mas já sabia que aquele alí não era meu lugar. Quando os absurdos começaram a vir à tona, mesmo sem muito conhecimento, entendi que a questão não é o lugar, mas a postura. A decisão diante do Evangelho é que faz toda a diferença. Fez na vida dele, fez na minha, faz na vida de qualquer um que crê na Boa Nova de Salvação.

Depois de algumas decepções, conheci a igreja que congrego hoje e sei o que estou fazendo alí.

O que tenho a dizer é o seguinte: a instituição não pode ser responsabilizada nem pelo crescimento, nem pela decadência de ninguém. Aquele que crê, começa um processo de mudança de mente, à partir do ensino que o Mestre nos deixou e isso independe do endereço que ele esteja. A fé vem pelo ouvir e nesse contexto, ouvir significa entender, assimilar. À medida que há entendimento, a fé vai criando corpo, ficando robusta e há crescimento espiritual.

Minha relação com Cristo, começou no início da minha vida e se fortaleceu quando cri em sua Obra Redentora. Onde quer que eu esteja, seja dentro ou fora de qualquer institução, nada pode tirar de mim a fé de que a cédula que havia contra mim, foi riscada. E eu posso te garantir, querido leitor, que o que sei a respeito da fé cristã, aprendi na caminhada, nos encontros, na troca de ideias, nas experiências com Deus, enfim, a instituição jamais me atrapalhou ou influenciou. A diferença continua sendo a postura.

Pelo que entendo, amado, a "igreja" que pode ser uma casa, um templo, uma garagem, um pedaço de areia na praia, deve ser o espaço onde se reúne pessoas prontas a acolher quem o Senhor acrescenta conosco. Pessoas que chegam feridas, confusas, necessitadas. O cristão que vai à igreja para receber algo, ainda é imaturo. O cristão que conhece seu lugar no Corpo, se reúne para oferecer de si em favor do outro, porque sabe que IGREJA é ele. Deus escolheu habitar em Templos de carne.

Por isso não vejo sentido nessa supervalorização do formato das reuniões deste século. Pra mim, aquele endereço é o lugar que escolhi para ter comunhão com pessoas que passaram a ser extenção da minha família. E poderia ser outro. 

Se o fato de congregar numa igreja te tira a liberdade, o erro está na sua postura. Se o fato de estar fora da instituição te faz sentir-se livre, você não entendeu que o que te fez livre, foi o preço de sangue pago em seu resgate. Você continua preso às rédeas de seus preconceitos.

Conheço muitas pessoas que se iludem com essa "liberdade" e perdem a paz, sentem-se vazias, desamparadas, atordoadas num labirinto sem solução. Isso é resquício do que a religiosidade fez com você, quando disseram que uma vez longe da instituição, você seria um desviado, um perdido, um sem rumo. O que você não percebeu, é que está preso pelo inconsciênte, porque creditou à instituição e não à Cristo a sua paz.

Se de fato você está convicto do que recebeu, não fará diferença estar ou não na lista do rol de membros de qualquer congregação. Te bastará saber que do Livro da Vida, ninguém te riscará.

Fato, é que a vida cristã não pode ficar estática. Você olha para trás e precisa ver que algo mudou, pois se não houve crescimento, possivelmente seu encontro com Jesus ainda não tenha acontecido. 

Antes de militar contra uma instituição, desenterre seu talento e faça discípulos. Mas não se iluda, onde se reúnem dois ou três ao Nome de Jesus, é Igreja. Mas também é garantia de problemas e divergências.

4 comentários:

  1. Graça e Paz Neth!

    Sou cúmplice de pessoas que amam pessoas independente de endereços, placas ou formatos. Tudo o que ouço aqui neste espaço é para eu ouvir e refletir, me avaliar, me confrontar, me examinar, e eu hoje fico com esta parte:

    "Se o fato de congregar numa igreja te tira a liberdade, o erro está na sua postura. Se o fato de estar fora da instituição te faz sentir-se livre, você não entendeu que o que te fez livre, foi o preço de sangue pago em seu resgate. Você continua preso às rédeas de seus preconceitos."

    Entre estes dois pólos existe um lugar onde eu hoje me encontro:

    Cheio de vontade de estar envolvido com gente boa que crescem e aprendem juntas, e cheio de tristeza por ser um "um patinho feio" cujo os pares (feitos da mesma natureza minha) me olham e dizem: vc não pode estar em nosso meio... vc é (pensa/Sr. Mente) muito diferente de todos e vai confundir a todos! Por favor, queira se retirar!

    Mas nem a vontade (alegria) e nem a tristeza conseguem fazer parar o processo de metanóia constante que a cada dia se renova!

    Porisso digo: posso todas estas coisas (vontade cerceada e a tristeza que não mata) nAquele que me fortalece!

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  2. O que vejo, amigo, é que as pessoas saem de um religião e aderem à outra,mesmo que achem que estar fora da instituição é liberdade. Pois no fim das contas, ganham o mesmo trejeito dos que estão à frente, tomam posse da verdade para distorcê-la e discriminam os demais como seres que ainda estão cegos. O Evangelho agrega ttodo homem à Cristo e cada um que escolha a forma como quer caminhar. Beijo!

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  3. Ate este exato momento meu sabado tava uma monotonia, pois em pleno sabado a noite eu aqui na internet. Mas estou eu aqui denovo sendo abençoada com suas palavras. Vc tem sido um canal de benção na minha vida, trazendo em mim sempre a conciencia de ter o Senhor Jesus como meu Salvador e Rei da minha vida. Sou um templo de carne em que desejo que o Senhor sempre venha habitar.

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  4. Amém, Lu! :)
    Só o fato de você voltar aqui, já me estimula a continuar expondo meu coração.
    Que sua caminhada na direção do que o Senhor sonhou pra você, flua com serenidade e com a liberdade que Ele mesmo te deu! Um beijão

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