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terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Muita discussão e pouco do que interessa

Observando os discursos do Papa com relação à união homoafetiva, questiono mais uma vez a atuação da  Igreja no mundo e percebo que na maioria das vezes, ela se perde fora da sua alçada, com questões que dizem respeito ao Estado, à política, ao bem comum, etc. A Igreja de Cristo foi chamada para anunciar a salvação e ensinar o amor. O que passar disso é corrupção com a política. É fugir do objetivo.

Lembrei também que domingo logo cedo, o pregador da congregação repetia em suas palavras, tudo o que eu havia conversado durante a semana, sobre o tempo que a Igreja perde discutindo questões irrelevantes e se omitindo em ensinar o povo a encarnar o Evangelho. Só pra constar, me reúno à algumas pessoas, numa Igreja  Congregacional, onde as discussões são comuns, mas basta observar a espiritualidade do povo e ver que o caminho que escolhemos não é o melhor.

De um modo mais geral, a Teologia é um campo útil para dialogar, um instrumento para conhecer o contexto, a história, mas cada homem abraça sua vertente, corrente, posição e só. Não há conclusão, não há verdade absoluta, não há um certo e outro errado. É válida pelo espaço pra dialogar, pela oportunidade de conhecer os homens e as religiões, mas inválida para revelar Deus.

Biblicamente, a base que temos é justamente inversa. Deus escolheu se revelar aos pequeninos, aos simples. E quanto mais o homem mergulha em seu próprio conhecimento, mais confuso fica em sua própria sabedoria humana. Não há garantia de relacionamento com Deus, para uma pessoa que resolve estudar a Bíblia sistematicamente. Aliás, sem a instrução do Espírito Santo, uma frase ganha a interpretação que cada homem quiser dar. Sem o Espírito instruindo, a mesma Bíblia que revela Deus, é berço para as mais absurdas heresias.

Um exemplo: Calvinismo e Arminianismo. Há quem mergulhe nessas idéias e ambas tem respaldo bíblico para existirem, mas, observando como gosto de fazer, descobri que não aceito pra mim, nenhuma das duas vertentes. Há quem diga que não tem jeito, pois negando uma, concordamos com a outra. Mas é só questionar alguns pontos e ver que são falácias humanas, de quem tenta encaixar Deus em nossos conceitos.

Se o objetivo do calvinista é exaltar a Soberania de Deus e escolhe Romanos como texto Áureo para fundamentar seu ponto de vista, por tabela nega todo o restante, inclusive a Justiça (pois se todos merecem o inferno, não é justo escolher alguns para a salvação) e põe em cheque a Misericórdia e o Amor, que inclusive motivaram a vinda de Jesus ao mundo. E textos como: "cabe à você dominar", "Deus não faz acepção", "Essa persuasão não vem de Deus", "Resisti e ele fugirá", "Ao vencedor darei", etc. São atropelados como se não existissem. Particularmente, acho que nada é tão repugnante na Teologia quanto o Calvinismo.

Mas sou Arminiana? Não. Porque apesar de crer na livre escolha, acho impossível ao homem, salvo pela Graça por intervenção do Espírito Santo, que convence do pecado e da necessidade de arrependimento, por meio da  fé, que caiba a este mesmo homem, manter-se salvo. Logo, se a Graça me alcançou, quem a tomará de mim? Se tomar, já não foi Graça, porque nunca a mereci.

Sim devemos ser santos, mas santidade não é pureza, porque o homem jamais será puro, mas em Cristo somos purificados. Santidade é separação do que é comum, para ser usado no que é sagrado. E Deus decidiu isso, inclusive sabendo que a carne é corrompida e que seremos carne até a morte. A condição humana não nos permite ser outra coisa senão pecadores, mas com o auxílio contínuo do Espírito Santo, conseguimos escolher o que é bom para o nosso espírito, mortificando a alma.

Então o que entendo? Do nosso prisma temporário, temos a ilusão de que colhemos os resultados das nossas escolhas, mas o que importa para Deus, é a intenção que Ele enxerga quando sonda nossos corações. Errando ou acertando, é como lido com minhas culpas que fazem a diferença. Assim, serei ou não como Davi, um homem segundo o coração de Deus, apesar das muitas falhas. Porque Deus busca adoradores verdadeiros e requer deles coração contrito e não sacrifícios.

E sob o prisma Daquele que não é detido pelo Cronos, creio que ao revelar à João, coisas  que ainda não aconteceram para nós, Ele revelou uma partícula do que é ser atemporal. Aquelas pessoas de "brancas vestes" diante do Trono Branco, são conhecidas Dele. Ele viu seus rostos, seu proceder e sua intenção. Os que nunca foram conhecidos não terão este privilégio, pois não receberão um novo corpo.

Deus não visita o tempo em cada vez que o solicitamos, mas conheceu todas as coisas de uma única vez, simultaneamente, fora de qualquer limite temporal. E sabe quem desejou estar com Ele, sabe quem chegou no último dia, vencendo, perseverando em Cristo.

Então, no fim das contas, perdemos tempo com tanta falação :)
Importa é anunciar que Jesus pagou o preço de nosso resgate e que é ao Salvador, à sua instrução, seus passos  que devemos seguir.

8 comentários:

  1. Estou de inteiro acordo: AMÉM! e acresento:

    Guardar a salvação? Jamais! Guardar a fé na salvação que há em Jesus Cristo? Até a morte!

    Combatemos o bom combate, completemos a carreira e guardemos a fé (não a salvação)!

    Pois da salvação o que se ouve é:

    "Portanto não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro seu; antes participa comigo dos sofrimentos do evangelho segundo o poder de Deus,

    que nos salvou, e chamou com uma santa vocação, não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e a graça que nos foi dada em Cristo Jesus (SALVAÇÃO) antes dos tempos eternos...Por esta razão sofro também estas coisas, mas não me envergonho; porque eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito (FÉ) até aquele dia...guarda o bom depósito com o auxílio do Espírito Santo, que habita em nós.
    ". (2 Tm 1:8-14). Oh Glória!!!!!

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  2. Eu sempre evitei adentrar nessas questões sobre Calvinismo x Arminianismo. Um pouco - na verdade, um muito - por preguiça mesmo; um outro pouco por saber que irei ficar mais confusa do que esclarecida.

    O Evangelho é simples, mas o homem sempre complica tudo o que Deus criou. Nunca me interessei por Teologia, qualquer que fosse. Não desmereço o estudo ou a pesquisa, desde que não se comece a citar mais teólogos do que Bíblia. É importante conhecermos argumentos, desde que a Bíblia seja o destaque principal. Infelizmente, no jogo da vaidade, cada um lê de uma maneira e aí começa a confusão.

    E como a leitura humana é única, por maior que seja a concordância haverá sempre uma vírgula que irá destoar.

    Na verdade, não sei se é preguiça ou medo da não compreender ou, talvez, medo de mexer com o mistério de tentar dissecar aquilo que é simples.

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  3. Em relação ao Papa, Neth, por incrível que pareça, às vezes sou forçada a ficar ao lado dele e do seu posicionamento firme e claro em relação a esses temas como homossexualismo e aborto. Com a força da projeção que ainda tem, me parece que é uma voz dissonante e solitária no deserto da imoralidade e da desfragmentação da família, principalmente na sociedade e na cultura ocidental.

    Bjs.

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  4. Amém amores :)

    Acho que todos nós temos posições bem definidas quanto às questões morais. Sabemos o que a Bíblia fala sobre vários assuntos. Mas esta é nossa fé, não deve ser imposta a pessoas que não escolheram Cristo.

    Não concordo que a Igreja se envolva em questões políticas, interfira nas decisões do Estado, porque nem todo cidadão é cristão e não tem que se submeter às religiões, seja lá em que país esteja. Cabe à Igreja evangelizar os povos, pra que possam ser livres.

    Com relação à união homoafetiva, jamais será um casamento. Mas é justo que alguém que construa um patrimônio junto à outra pessoa, seja herdeiro, caso o "sócio" venha a falecer. É nesse sentido que acho que não é da alçada da Igreja interferir na decisão, mas aos gays que se converterem ao Evangelho, devemos acolher, amar e instruir dentro da fé.

    beijos

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  5. Dá uma lida nesse texto, postado no Pavarini http://www.pavablog.com/2012/01/11/qual-a-diferenca-entre-bento-16-e-silas-malafaia/

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    1. Neth, li a argumentação do blogueiro e não concordei, pelo simples fato de que ele, ao meu entender, diz que a opinião de um líder deve ser somente a dele. Ok, até certo ponto. No caso do Papa, não é questão de opinião, mas de posicionamento, e o posicionamento do papa, a meu ver, está mais perto da orientação bíblica do que a opinião, dele ou de qualquer outra pessoa, a respeito do assunto família/casamento/homossexuais.

      Se ao líder é dada a responsabilidade de orientar biblicamente, e se a Bíblia condena tal ou qual situação, então, qual é o problema em ele emitir opinião própria a esse mesmo tema?

      Talvez o que se esteja confundindo - e às vezes eu acho que é até proposital - é a violência contra tais ou quais grupos, principalmente os homossexuais.

      Aliás, cada vez mais tenho percebido que quando alguém se coloca clara e diretamente contra o HOMOSSEXUALISMO, a comunidade gay se revolta, tal qual um menino mimado que se joga no chão e faz pirraça, como se não pudesse ser contrariado.

      O Papa e o Mala, apesar e acima de todos os seus defeitos, talvez sejam as poucas vozes que se colocam prontamente em favor da família e contra o movimento gay.

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  6. O problema não está na posição deles, Lu. É o posicionamento cristão sobre o tema. O que pega, é que a orientação foge dos limites da Igreja e invade o direito de não cristãos.

    O que é certo para nós, não deve ser empurrado guela abaixo de quem não crê assim. Embora TODOS tenham o direito de falar por si e fazer escolhas para si.

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  7. Olá! Tem um selinho pra você no meu blog Palavra Sonhada (http://palavrasonhada.blogspot.com/).
    Bjs, Ana.

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