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terça-feira, 3 de janeiro de 2012

O ser - continuação





Hoje meditava mais um pouco sobre o tema e me lembrei de um exemplo metafórico, sugerido no blog de um amigo, onde ele usava o "nariz" para exemplificar a individuação do nosso ser. Ele dizia que passou a ser uma obsessão para o homem cristão, se aperfeiçoar através de boas obras, como uma competição que acabava transformando os homens em seres sem características próprias, agindo maquinalmente, automaticamente.


O que penso é o seguinte: sim, existem os narizes grandes, pequenos, inclinados para a esquerda, para a direita, com as narinas assim e assado, bonitos, aceitáveis, feios, etc.

E como uma intervenção externa (cirurgia no caso) pode ser mais que invasiva, pode até virar uma obsessão ter o nariz de fulano ou de siclano - lembram o que Michael Jackson fez com o próprio nariz? - A fissura pelo aperfeiçoamento, pode causar danos irreversíveis, como é o caso do fanatismo religioso, no contexto do que estamos conversando.

Na medida certa, a influência de alguém, pode auxiliar, pode mudar a maneira como a pessoa se vê e se relaciona com o outro. Portanto, uma intervenção, desde que bem orientada, pode ser boa.

E a proteção excessiva ao ser, também tem seus inconvenientes.

Posso gostar do meu narizinho abatatado, ligeiramente arrebitado. É uma das poucas características da parte indígena da família que herdei. Gosto dele.

Mas para proteger suas características, não preciso conviver com sujeira, desvio de septo, adenóides, alguma cartilagem fraturada, etc. Pois essas coisas certamente prejudicariam o funcionamento pleno do meu nariz.

Com relação ao nosso ser, é isso o que defendo: precisamos proteger a nossa individuação (dons, características, personalidade, diferenças, etc). Afinal, seguir à Jesus, não implica a entrar em formas pré estabelecidas. Adotar um novo palavreado incrustado de jargões, uma determinada vestimenta, aceitar idéias inquestionáveis baseadas em opiniões humanas, completa ausência de liberdade. Esses são os inconvenientes da religiosidade.

Mas existem coisas que precisamos abandonar sim, porque não são bem vindas, por não acrescentar. Estão em nós, como parasitas sugando a seiva que nos daria o crescimento. cada um de nós sabe o que é, porque nem nisto somos iguais.

Uma vez identificado o que nos faz mal, por prevalecer negativamente na nossa alma, cabe a cada um de nós desejar mudar nossa realidade, porque para o que crê, já não há escravidão.

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