Viver é mergulhar num abismo. Sem arriscar, a vida não vale a vida.
Com meu silêncio e ritmo, sei diferenciar o gosto amargo, doce, azedo, salgado, cítrico, picante, apimentado... aprendo sentindo o sabor.
Acredito que isso é ser. Rever conceitos a cada novo sabor. Porque imutável é a essência de Deus. Nós, acrescentamos algo ao ser todo tempo.
Então na verdade, para o homem, ser é estar.
Por que não cultuo meu ser? Porque sei que amanhã, em relação ao que sou hoje, ele estará defasado. Não há ninguém pronto.
O que percebemos como carne, é apenas carcaça. Morrendo hoje, daí há dois dias ninguém aguenta estar perto, igualzinho qualquer animal.
O corpo é mero instrumento, apenas o meio que temos para viver de acordo com a alma (o ser) e o espírito (canal que nos liga ao sagrado).
E é justamente na alma o nosso problema. Lá está tanto o que nos diferencia (convém saber), quanto o que nos destrói (convém mortificar).
Por exemplo: o orgulho ferido é almático e prejudica o ser, o perdão é espiritual e restaura.
Ser espiritual é mais simples do que parece, mas não fácil. Tudo depende de aceitar não prevalecer com tudo o que se é, mas perceber a necessidade de discernir a individuação, entre todas as características que nos prejudicam. A mortificação de nossas concupiscências, depende única e exclusivamente do nosso desapego ao ego.
Jesus homem, foi a plenitude de um ser espiritual, renunciou à sua tendência almática em obediência. Adão, um ser almático, que iludido com o "ser como Deus", foi o primeiro egocêntrico da história e assim morreu.
Nós, à medida que caminhamos, temos a liberdade de escolher e um Mestre que deu as coordenadas.
Discernir entre ser almático e ser espiritual não e um caminho fácil, mas estreito e apertado. Poucos são os que conseguem adentrar nEle e permanecer andando sem voltar atrás.
ResponderExcluirParabéns Janete, você explcou com simplicidade e com verdade o que somos.
"Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor: a sua saída, como a alva, é certa; e ele a nós virá como a chuva, como a chuva serôdia que rega a terra".
Olá, Bino :)
ResponderExcluirEu acredito que discernir não é fácil, mas é natural, porque o homem percebe e intui o que é. Quem de nós não sabe onde tropeça?
Agora, deixar a concupiscência sim, é algo penoso, porque a alma grita por satisfação, por isso é tão difícil prosseguir sem voltar atrás, sem ceder em nenhum momento. Graças à Deus pela misericórdia renovada à cada manhã.
Que o Senhor nos dê graça, não só para identificar nossa vontade em detrimento com a vontade Dele, mas nos ajude a escolher sempre nos negar, para obedecê-lo.
Abraços