Até a parte onde o diabo trazia pessoas acorrentadas pelo pescoço como coleiras, que mesmo ouvindo a boa notícia do Evangelho, recusavam dizendo não crer no amor de Jesus, por causa das circunstâncias que Ele permitia que elas passassem, dava pra ter uma noção do que há por trás do mundo que enxergamos, das coisas espirituais das quais não alcançamos, das limitações que o diabo impõe no entendimento de quem sofre.
Intercalando com cada episódio de calamidade: fome, discórdias, drogas e promiscuidade, uma jovem deficiente física anunciava a Salvação por meio do sacrifício de Cristo, falava de amor, de solução e libertação. Alguns debochavam dela, por ser anã e ter pernas tortas, mas ela acabava mostrando que a deformidade da vida deles era a pior e oferecia a cura. Até alí, havia até algum sentido, mas comecei a me preocupar.
O diabo sempre presente, caricaturado por um jovem que fazia comédia com situações do cotidiano e prometia estar presente no enterro daquelas pessoas levando "floooreeeeeesss".
Porém, num certo momento da peça, ele passou à direcionar as acusações à Igreja de Cristo, denunciando os problemas ainda corriqueiro na vida de crentes. Daí, minha atenção se redobrou e eu vi que embutido numa mensagem que poderia ter parado naquele exato ponto, havia acusação para os que servem à Deus.
Dalí em diante, o diabo praticamente condicionou a Salvação às obras humanas, condicionou a Fidelidade de Deus à fidelidade humana, fez uma salada do que é Lei e o que é Graça, citou versículos isolados e acoplados à outros que não pertencem ao mesmo contexto e a ameaça do inferno alcançou à Igreja. E quando me refiro à Igreja, estou incluindo cada pessoa de cada povo, língua, nação espalhados por toda a Terra, congregados ao Nome de Jesus. Para estes, nenhuma condenação há, é o que diz a Palavra.
Cá do meu lugarzinho eu identificava cada erro evangélico, cada vício de pregação, cada mentira deslavada, digna mesmo do enganador.
Sei que muitos irmãozinhos saíram dalí impactados e com medo do inferno. Eu saí um pouco mais decepcionada com a falta de discernimento dos que escolheram a peça. Na verdade crêem assim, mas eu não.
O dever da Igreja é anunciar o Evangelho ( a Boa Notícia de que o preço foi pago e a dívida riscada). Já não há escravidão para os que crêem. Pregações com ameaças de condenação são completamente anti-bíblicas, porque o Preço eficaz, foi pago por Alguém Perfeito. Não é no nosso mérito que somos alcançados, mas por causa da Perfeição de Cristo. Ameaçar a Igreja com o inferno, é colocar cabresto em quem Jesus comprou.
Se observarmos o homem mais idoso, o mais sábio, o mais rico, o mais poderoso, ainda assim veremos nele imperfeição e incapacidade de se justificar por obras. Não há ser humano que não dependa de passar por Cristo para chegar à Deus. E o aperfeiçoamento é durante a caminhada, todos temos coisas a serem tratadas, mudanças quase imperceptíveis, mas que acontecem quando cremos.
Fora a mistureba entre velha aliança e nova aliança que as igrejas fazem, confundindo ao invés de dar crescimento. O povo perece por falta de conhecimento, porque não tem quem ensine a verdade. Tomam as promessas feitas à Israel e promessas feitas à homens específicos, como se Deus agisse por atacado. Não! Deus tem um relacionamento com cada um de nós, promessas e bênçãos que dependem da nossa aceitação. Um Deus pessoal, que cuida de cada indivíduo artesanalmente.
Enfim, no final, pra mim foi apenas ficção. Mas pra muitos, uma sentença pesada demais para carregar.
Estes são alguns trechos da peça. Como entretenimento, tem até certa graça, mas como verdade bíblica, pouca Graça tem.
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