A fé vem pelo ouvir no sentido de dar ouvidos, acreditar na boa notícia, mas sobretudo lincar esta notícia com algo que vem por intuição. É como se antes já esperássemos por ela. É como se já houvesse plantado no interior, o embrião dessa esperança, que se desenvolve e cresce, quando ouvimos que houve um propósito desde a eternidade e que no tempo e espaço oportuno foi consumado. E que tudo caminha para ser o que Deus planejou.
Claro que tudo o que conseguimos pensar e crer, de alguma forma está contaminado de humanidade. Inclusive humanizamos Deus para encaixa-lo em nossos conceitos. O Eterno, infinito, ilimitado, transcendental não cabe em mentes tão medíocres. Logo, a humanidade de Jesus é tudo o que temos para através de suas metáforas, parábolas, alegorias, imaginarmos o que vem após a morte do corpo.
Não é olhando para fora, é algo que vem de dentro, onde o Espírito veio habitar. De lá sentimos que estamos sendo cuidados, conduzidos e aperfeiçoados.
A fé não começa quando alguém levanta a mão, cumpre o protocolo religioso ou tem tempo de frequência em igrejas. Mas quando se percebe essa presença no interior, ao ponto de deixá-la governar nossa consciência. É como identificar que queremos duas coisas ao mesmo tempo, sendo que uma vontade luta com a outra. Carne e espírito já não são amigos e quando um é mortificado o outro prevalece. No caso de quem tem fé, embora a carne grite por satisfação, o espírito a subjuga.
Uma pessoa pode ser extremamente religiosa e não ter a mente pautada no Evangelho. Porque princípios e valores ensinados por Cristo tem a ver com a vida, as relações, os encontros em diversos ambientes e não apenas sentando para ouvir um líder ou cantar coisas que não se sente. Do espírito e em verdade vem a verdadeira adoração e nos encontros é que mostramos a quem pertencemos e obedecemos como Senhor.
Um ateu é uma pessoa extremamente racional, com dificuldade de viver pela intuição. Perceber que nem tudo é matéria e que algo subjetivo move tudo, é algo muito complexo para alguém que precisa encaixar as ideias em algo concreto e objetivo, aceitar que não está no controle de absolutamente nada.Tudo o que existe ao redor sufoca a intuição e raciocinar se torna mais seguro do que apenas sentir. Para eles a fé é uma invenção do medo da finitude. Mas é o contrário, viver pela fé é justamente descansar que algo muito maior está no controle de tudo. É justamente entender que nada corre risco de dar errado porque tem propósito. E que com o fim da carne, há algo que permanece e é este algo que realmente vale a vida.
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