Páginas

sábado, 26 de outubro de 2019

Maternidade possível




Quando se tornou realidade concreta, demandando atenção, responsabilidade, compromisso irreversível, como passe de mágica toda a ilusão se dissolveu. Até alí, eu não sabia que a paternidade poderia ser despida como roupa suja, que alguém podia simplesmente virar a página e deixar para trás uma parte de si para outros cuidarem. E entre as cobranças, acusações, preconceitos e muita culpa, me tornei a mãe possível, consciente da minha falta de estrutura em todos os sentidos. Não me permiti viver coisas próprias aos meus vinte anos, nunca terceirizei minha responsabilidade e mesmo não sendo capaz de proporcionar tudo, fiz absolutamente tudo o que estava ao meu alcance. Não, não Romantize meu cansaço, minha dor, minhas frustrações e meus medos. Não fui guerreira, nem pãe, nem mais do que seria capaz de ser. Faltou tudo o que cabia ao pai e quem é mãe nessas condições, sabe do que estou falando. Mas eu estava lá e ainda estou aqui para o que der e vier, porque onde há amor, há ferramentas para superar toda e qualquer dificuldade. Eu olho pra moça da foto com muito carinho. Se pudesse a abraçaria e diria a ela "acalma o coração, cada dia traz seu mal, mas no final da tudo certo. Deus tem especialidade em transformar o mal em bem e tudo isso vai fazer de você uma mulher centrada, consciente e resiliente. Um dia você rirá de si mesmo, mas também vai amar a mulher do espelho." #memorias

Nenhum comentário:

Postar um comentário