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segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Sobre o amor na tricotomia

Neste post, pretento transcrever o que tenho meditado nestes dias, sobre o amor em seus três tipos distintos, tão melhor percebido pelos gregos do que por nós. Se por aqui temos que nos virar com uma única palavra amor, que pode significar muitas coisas, nos textos bíblicos é possível identificar o amor em cada uma de suas fontes.

De qualquer forma, o amor é um impulso na direção do outro.

Em Eros, o mais egoísta dos três tipos de amor, é o que liga um corpo ao outro, não necessariamente entre um casal, mas mesmo entre amigos, quando há toque, abraço, beijo. É estreitamente ligado ao prazer, porque desperta os sentidos do corpo, que busca satisfação. É troca, mas se prioriza o próprio desejo.

Em Philos, é a alma que é despertada, com sua sede de troca. Com o mesmo ímpeto que doa de si, quer receber na mesma medida. São afinidades, são necessidades que complementamos uns com os outros. O que falta em um, o outro supre. Mas não é amor incondicional, pois perdemos o interesse quando não nos correspondem na mesma medida. Investimos, mas esperamos retorno.

Ágape é doador. Não se prioriza e nem busca a própria satisfação. É o amor despertado no espírito, é sublime, é incondicional. E quanto menos possibilidade há de retorno, maior o grau de amor. Jesus amou assim, se dando por quem estava perdido. Negando-se em favor de quem nada poderia retribuir. Amor puramente espiritual.

Assim, respectivamente Eros, Philos e Ágape, são próprios do corpo, alma e espírito. Para quem não entende muito bem como distinguir a constituição humana, penso da seguinte forma:

Percebo o espírito como uma espécie de cordão umbilical, que faz parte da mãe, mas que alimenta o filho em formação. O espírito é sopro e não parte do homem, é o que possibilita nossa sensibilidade espiritual, a intuição das coisas invisíveis, o relacionamento com Deus propriamente dito. É de Deus e volta para Ele quando expiramos.

Estamos assentados nas regiões celestes em espírito e de lá rebemos a revelação. O Espírito se comunica com nosso espírito (ou com este canal que faz a transcendência entre o sublime e o limitado.

Corpo é uma capa de pó e alma é nosso HD com todos os registros do que somos e adquirimos. 

É assim que Deus revela ao meu entendimento, a constituição humana. Isto sem que seja necessário esquartejar nada, porque é patente a função de cada nuance do homem.

O espírito tem sua função enquanto Deus nos edifica. Quando nosso edifício celeste estiver terminado, seremos imagem visível de Deus em Cristo. Enquanto nos negamos aqui e crescemos alí, o espírito, tal como o cordão umbilical, nos dá crescimento enquanto nos purifica dos "produtos de eliminação" igualzinho no ventre.

É um canal e não a parte mais importante em detrimento às outras. É ambiente propício para o Espírito Santo habitar.

Enquanto o homem é carnal, Eros e Philos alternam as posições em seus relacionamentos. Na medida em que se torna espiritual, é Ágape que toma o governo e a decisão de se doar passa a ser prioridade.

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