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domingo, 22 de novembro de 2009

Ausência

Quando toquei a campainha, percebi algo pesado no ar... janelas trancadas, nem vulto, nem som.
Inconformada, fui ao primeiro telefone e tentei ligar. Chamava, mas não houve quem atendesse...
Depois que consegui as chaves e entrei, um clima estranho na casa, uma ordem incomum me chamou a atenção...

Passei pela porta do quarto, encostada apenas. As luzes apagadas e o ventilador ligado.
Fiz algum barulho, mas não houve sinal de incômodo.

Até que alguém chamou no portão, era um motoboy que viera buscar uma receita médica. Respondi que a pessoa que ele procurava estava dormindo. Ele insistiu e eu resolvi tentar acordá-la.

Voltei para o interior da casa, empurrei a porta do quarto e lá estava ela caída no chão. Percebi que não poderia acordá-la e dispensei o rapaz. Voltei correndo e a chamei, tocando em seu rosto gélido... seus braços rijos, suas pernas frias e firmes...

A médica do SAMU disse que ela faleceu de madrugada, mas eram 10hs quando a encontrei. Então estava alí fria, pálida e dura. Nem vestígio da voz lenta e das queixas que nunca cessavam... uma carcaça apenas, nada que lembrasse minha amiga.

No móvel do quarto, a embalagem vazia do medicamento para dormir... sua muleta, seu assassino.

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