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sábado, 19 de abril de 2008

Cultura Guarani


Nós os Guaranis Mbya estamos em várias regiões da América do Sul. Há aldeias na Argentina, Paraguai e Bolívia. Estamos na região do litoral do Brasil, nos estados que vão do Rio Grande do Sul até o Espírito Santo. Há também aldeias no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins. Somos no Brasil a maior etnia indígena,somando aproximadamente 35 mil Guaranis.
Acreditamos que o planeta foi feito por Nhanderu, o nosso deus. Ele fez muita coisa bonita; a mata, as aves, os animais, as águas, a terra em que plantamos, tudo o que criou foi para que usufruíssemos. Nhanderu também criou o Sol, e para nós, ele não é só uma simples estrela de luz própria, como é para os juruas. O Sol é um ser muito representativo para nós, porque foi ele quem criou o primeiro Guarani. É ele que ilumina a Terra e fornece a energia para que o planeta tenha essa energia positiva que dá a vida.
Somos um povo bastante religioso. No nosso dia a dia, o guarani está sempre em busca ou ligado a essa força espiritual de Nhanderu, do Sol. Todas as coisas que fazemos - nosso trabalho, as brincadeiras das crianças - são voltadas para essa busca.
Nosso calendário não é como o do jurua, ele é dividido em ara pyau, tempo novo e ara ymã, tempo velho. Essa divisão está ligada à trajetória que o Sol faz. O ara pyau para nós é o período de primavera e verão, quando o dia é mais longo e o sol faz uma caminhada maior, e o ara ymã é no outono e inverno, no período de frio, nesta época em que o dia é mais curto.
Todos os dias nós nos encontramos na Opy, a Casa de Reza, para cantarmos e dançarmos, para rezar a Nhanderu e os mais velhos ensinam as crianças o nosso conhecimento ancestral. Na aldeia nossa principal liderança é o xeramoi, o nome do pajé Guarani. Aprendemos, no nosso cotidiano, a importância de todos os seres e que cada elemento da natureza tem um espírito. O Guarani acredita muito nesses seres porque são eles que dão a vida para nós. Nos manda a chuva, a água e tudo que precisamos para nos manter vivos. Desta forma, estamos muito ligados à natureza. Se este ambiente acabar o Guarani ficará sem estrutura, então lutamos para manter tudo isso que Nhanderu criou.
Com a vinda dos portugueses e a colonização, tivemos que nos fixar em territórios pequenos onde não podemos mais caçar e realizar outras atividades tradicionais. O Guarani vive porque mantêm essa força espiritual que faz com que ele fique em harmonia com a natureza e o faz se sentir forte.
Hoje, nós Guarani Mbya, buscamos parceiros para defendermos nossos espaços, que mesmo demarcados, sofrem algum tipo de pressão. Parceiros que possam nos ajudar em mantermos tudo que foi nos deixado de bom. O jurua está acabando com o planeta Terra e nós estamos preocupados com isso. (Marcos Tupã da aldeia Krukutu) www.culturaguarani.com.br


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Antônio e Joana, meus bisavós.


Sou Janete, filha de Zenilda, filha de Francisca, filha de Joana, filha de Carlota, filha de Mariquinha, que foi uma indiazinha pega a laço lá na fazenda Guandú, onde habitava a Tribo dos botocudos, antigos Purís, que viviam fabricando alí, cerâmica de todo jeito. Eram mansos e recebiam todos os brancos com muita hospitalidade. Os índios acabaram todos mortos dizimados pelo surto de varíola, doença trazida pelos brancos. Daí, Vovó Mariquinha andava pelas matas sozinha e, teve a sorte de ser pêga a laço e, criada numa fazenda; e mais tarde se casou tendo uma larga descendencia de onde resultou nós estarmos aquí.
Toda essa história aconteceu em São Bento, Rio da Cobra interior de Afonso Cláudio no Espírito Santo.




"Todo brasileiro, mesmo o alvo, de cabelo louro, traz na alma, quando não na alma e no corpo, a sombra, ou pelo menos a pinta, do indígena e/ou do negro"

6 comentários:

  1. Que bom, tamara!
    É importante preservar nossa história! :)

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  2. Menina,

    Não sabia que eras índia.

    Somos fãs da cultura guarani. Tenho um amigo que é descendente e mora numa tribo em Curitiba. (Vc encontra nos meus links um para o blog dele "Cultura Guarani Ñandewa".)

    Priscila sabe tudo de educação indígena. Ela devora a mitologia guarani.

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  3. Eu também me orgulho de minha raiz africana e indígena. Sinto-me muito brasileiro por isso. Afinal, tenho em mim, em meu sangue, três continentes representados.

    Salve Tupã! Saravá! Salve Jesus!

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  4. Que legal! Beijo pra ela!
    A herança indígena na minha cor e cabelo, é apenas uma de minhas raízes, né? Me orgulho também de ter sangue negro, do meu bisavô paterno,pai da minha avó, além do europeu, da família italiana do meu avô paterno. Uma deliciosa salada! O brasileiro é lindo!:)
    Vou visitar o blog!
    beijo

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  5. Heraldo diz:Gostei- Estou pesquisando OS GUARANIS - Meu Nome é Heraldo Born. Gostaria de informações sobre fontes.Se você tiver tempo vamos manter contato.Pode ser . Encontrará informações minhas na internet. Heraldo Born. Grato

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