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terça-feira, 15 de outubro de 2024

20 anos


Perder meus pais foi uma dor coletiva e compartilhada. Até hoje lembramos momentos, sorrimos ou choramos com nossas memórias e temos a liberdade de dividir esses sentimentos em comum. Mas a dor de perder meu filho na gestação é solitária e o vazio é só meu. É um assunto que para os outros é sem sentido e importância, como se o tempo já devesse ter curado, mas não cura.
A cada ano, eu imagino como seria o Rafael, como seria nossa convivência, com quem se pareceria. 
Lá se foram vinte anos e ele ainda está dentro de mim. O corpinho que segurei se dissolveu, mas sua alma sempre ficou associada à minha e sua presença nunca deixou de ser sentida. 
Rafa, minha cura. Você me fez mais forte e corajosa. Nada foi e nem será em vão, muito menos por acaso. Você é meu filho, meu anjo, minha dor solitária e minha cura. Um amor que não sei definir, uma saudade que não sei explicar. Fui sua casa por poucos meses, mas você é meu anjo que permanece enquanto vivo. 

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