Lembro de Paulo se referindo a sua própria experiência, quando visitou o terceiro céu e ouviu coisas inefáveis. Muitos acham simplesmente que ele foi arrebatado para ter essas visões, mas sabemos o quanto ele foi agredido e ficando entre a vida e a morte tantas vezes, sofrendo espancamentos, naufrágio, apedrejamento, etc. Nem ele conseguia explicar se foi no corpo ou fora do corpo, mas viu coisas tão maravilhosas que preferia se calar.
Outras vezes me lembro das palavras de Jesus, descrevendo um lugar bonito, precioso e iluminado, onde dor e sofrimento não entram. Onde o tempo e espaço são singulares e incomparáveis, onde há moradas sem fim para todos. Um Reino de igualdade, justiça e plenitude, onde Ele mesmo estará conosco face a face.
De certa forma, ouvir essas pessoas é consolo pra quem vive a densidade de existir nesta dimensão. Pessoas que estiveram em coma, ou em choque, ou em parada cardíaca, se enxergam fora do corpo físico e pisam o solo da atemporalidade, onde experimentam novos sons, cores, nova forma de se comunicar e sobretudo, a delícia de se livrar do peso desse corpo. Entendem a necessidade de se enxergar no todo, como parte uns dos outros, com a função de se auxiliar e com a missão de dizer que o que faz a diferença é o amor, com mais eficiência que as religiões que perderam o alvo.
Minha vida é densa, meu corpo pesa tanto... Minha história é pesada, meus relacionamentos foram difíceis, a luta parece nunca ter fim. Mas minha fé me sustenta numa dimensão onde caminho no chão da vida, enquanto minha mente espera nas coisas do Alto. As metáforas bíblicas dizem que estou assentada nas regiões celestes com Cristo, aguardando a consumação dos séculos, vivendo o Reino desde agora e para sempre. Então espero, anseio, desejo ardentemente me libertar dessa densidade, para enfim conhecer a plenitude. A morte não é o fim, é a redenção.