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domingo, 25 de dezembro de 2022

Nas regiões celestes

Não há como viver confortável neste mundo, porque o cristão está assentado com Cristo nas regiões celestes. É como sair de um estado natural para um sobrenatural, onde se desconecta do que é comum e se liga em algo muito maior. É um estado intermediário, porque ainda somos terrenos, temos demandas nesta vida, porém nosso coração está em algo subjetivo. Os pés na temporalidade, ocupando o espaço, mas o interesse está na eternidade, nas coisas que permanecem, no que importa e perdura. É mais ou menos o que consigo explicar. 
O homem forja para si ambientes místicos, com rituais, agendas, obrigações, como se pudesse com isso pagar o impagável. Como se devesse algo por ter sido salvo. Mas é justamente por ser algo fora do alcance que se chama Graça, favor imerecido. É justamente por não poder retribuir, que o amor de Deus constrange. E também por isso, que a verdadeira religião é se manter incontaminado com os atrativos deste mundo e se ocupar com ações motivadas pelo amor. Doar-se ao invés de reter.
Vícios, posses, apegos e culto ao ego são o que tornam o homem carnal e com o entendimento bloqueado. Desapegar-se e dedicar-se a edificação do outro, é o que faz de um ser humano alguém espiritual e isto só é possível, quando o homem entende a própria miséria, se entrega para morrer com Cristo, ressurge numa nova consciência e assenta-se com Ele nas regiões celestes. Enquanto pensa que pode retribuir, que seus esforços o fazem merecedor ou que por ser religioso vai alcançar objetivos melhores que os outros, só tem mesmo a dinâmica de sua própria religião, porque o que religa mesmo é o amor.