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sábado, 21 de abril de 2018

Congregar

Você não tem que ser um anzol, fisgando os outros pra trazer pra onde você está. Basta ser luz e sal, fazer diferença pra que Cristo seja refletido através de você.

Cumprir o propósito pro que foi criado, ser carta viva, negar a si mesmo, ser padrão, são coisas que uma consciência cauterizada nem pensa em ser, porque são justos aos próprios olhos.

Congregar, não é participar de um evento religioso. É mais uma questão de alma do que de corpo. É o dom de chorar com quem chora e se alegrar com quem se alegra, é verdadeiramente estar juntos.

Não se iluda, você pode estar arrolado num rol de membros institucionais por 40 anos e ainda assim não saber nada sobre o irmão que está ao seu lado, ou seja, nunca congregou com ele.

O erro principal é mistificar uma construção de tijolos, onde as pessoas acham que tudo acontece. Se cada um tivesse consciência de ser a Igreja, se reuniriam, se amariam, se ajuntariam no chão da vida e assim seriam culto constante à Deus. Mas enfim... é muito erro pra pouca vontade de mudar.

Entenda, não é errado estabelecer um endereço propício para por em prática os estudos bíblicos, com cânticos e comunhão. Errado é cultuar o lugar, os ritos e o deus encaixotado, enquanto da porta pra fora, não se envolve com ninguém. 

Se Jesus disse que estava nos necessitados, encarcerados, doentes, está também nos nossos familiares, amigos e vizinhos. É no dia a dia, o tempo todo e em qualquer lugar que se cultua a Deus na prática de amar, ao passo que a postura religiosa só massageia o ego e exclui quem não toma a mesma forma do grupo religioso.

Culto racional, é decidir conscientemente fazer conforme se aprendeu com Cristo, que diga-se de passagem, ia congregando com multidões pela estrada, montes, vilarejos e praias. E só ia ao templo para confrontar a tradição dos religiosos.

Nosso culto é o amor e o ambiente é qualquer um onde estejam reunidos os filhos de Deus. Seja simples e tudo será simples.

quarta-feira, 11 de abril de 2018

Sobre o laço que torna a te prender

Uma vez libertos para que fôssemos verdadeiramente livres, nos resta viver a liberdade de uma consciência que busca mortificar o "si mesmo" e caminha em direção ao outro, como uma imensa família onde um só é Senhor. Está consumada de uma vez por todas pelos méritos de UM e não há mais culto que nos justifique diante de Deus, pois o único culto aceito por Ele, foi o Sangue puro do Cordeiro Santo. E somente estando Nele, temos mediação.

Então vem os líderes religiosos, criam uma nova tradição, novos estatutos, novas regras e cabrestos, sempre com a maquiagem do misticismo e perpetua no meio do grupo, o que a Bíblia jamais instituiu. Todos os princípios e valores que o Mestre ensinou à quem o seguiu, se tornou de novo uma religião ditadora e manipuladora de mentes que terceirizam as rédeas das próprias vidas. 

É um conjunto de várias práticas, mas vou dar apenas três exemplos: Ceia, dízimo e evangelismo. Comparando o que é e o que virou na vida de muitos encautos, que pensam estar fazendo a vontade de Deus.

Sobre a Ceia: Quando Jesus disse "este é meu Corpo e Sangue, façam isto, comam e bebam em memória de mim" Não estava propondo um micro lanche coletivo com uma migalha de pão e um cálice de suco, em memória do escárnio que sofreu na Cruz. Estava dizendo à Igreja, que assim como deu o Corpo para padecer em favor de muitos pecadores, devemos também oferecer nossa vida em favor dos que caminham conosco e se preciso for, dar até nossa última gota de sangue por causa de Cristo, em memória do que Ele mesmo fez por nós. Estava preparando a Igreja para as perseguições, afrontas e perigos que sofreriam nos próximos dias e até que Ele venha. Estava ensinando o discípulo à priorizar seu irmão, ao compromisso de estar com ele, protegendo, suprindo, se unindo por uma causa, a de sermos um. Então a igreja evangélica se fixa no ritual, mistifica o momento da Ceia, enquanto fortalece a postura do hipócrita, que momentos antes confessa seus pecados acumulados e sai dalí como se nada tivesse feito, porque não discerne o Corpo que é a própria Igreja e comeu e bebeu maldição, porque nada entendeu sobre o vínculo da perfeição que é o Amor.

Sobre o dízimo: Quando Deus instituiu o dízimo como providência de igualdade social entre os que tinham terra e os que viviam para o serviço, os carentes e os estrangeiros, estava apenas garantindo que todos teriam mantimento. Aí Cristo usando de grande sabedoria, mostra aos seguidores da Lei, que apesar do ritual de colher e separar os grãos, eles continuavam malditos, por negligenciar no amor, justiça e misericórdia, porque faziam por hipocrisia e não para saciar o próximo nas suas necessidades. A igreja vem e entende que precisa transformar o dízimo em dinheiro para manter os templos que ninguém mandou construir. E continua negligenciando no princípio da ordenança. Ainda transforma isto em obrigação e coloca o peso das ameaças nos ombros de quem não contribui com o imposto, quando num estudo menos superficial sobre o tema, libertaria na verdade muitos cristãos ludibriados.

Aí vem o religioso que nada entendeu e tenta arrebanhar para o mesmo ambiente de ilusão, outros que ainda não fazem parte e chamam isso de evangelismo. Evangelizar não é fazer proselitismo, nem socar pessoas em fôrmas, nem estimular a frequência nas programações vazias do templo. Evangelizar é tão somente anunciar ao mundo que o preço foi pago, para que se alegrem em Cristo e tenham uma vida de leveza e fundamentada no amor ensinado por Ele.

A Igreja de Cristo prevalecerá até a consumação dos séculos, quando vencedora se unirá finalmente ao Noivo nas bodas do Cordeiro. Sua essência é o amor que recebeu primeiro e correspondeu quando viu o próximo como extensão de si mesmo e o serviu como gostaria de ser servida. 

Toda essa segregação que classifica pessoas, que se baseia nos próprios méritos e esforços pra se manter nos trilhos de ideias de homens, tudo isso é apenas distração para o corpo e a alma, não tem nada de espiritual. São meninos se alimentando eternamente de leite, atrofiando o crescimento que os tornariam cooperadores de Cristo no chão da vida e não num cercadinho de concreto.

Deus se agiganta na vida do que se reconhece pequeno, frágil e dependente, porque este, constrangido pelo grande amor com que foi amado, por estar enxertado na Boa Oliveira que é amor, só tem como frutificar segundo Cristo, pondo em prática suas palavras que são espírito e vida para quem crê.

Que o Senhor arregale os olhos espirituais dos homens de boa fé.

sábado, 7 de abril de 2018

Deus não tem religião, Deus é amor.

Acabei de ler uma frase de Lucas Lujan e uma enxurrada de lembranças e pensamentos me vieram pra corroborar com a ideia. Lembrei-me o que faz com que eu sinta cada vez menos vontade de frequentar ambientes evangélicos e tornam minhas visitas à estes amigos cada vez mais escassa. Mesmo depois de decidir não fazer parte desse conjunto de coisas, posturas, costumes, rotinas, enfim, fiz questão de manter algumas amizades que foram importantes durante muitos anos da minha vida e simplesmente deixaram de ser quando me rotularam como desviada. Parece que a admiração que tinha por elas escorreu pelo ralo abaixo, quando vi que tudo não passa de uma mera ilusão ao próprio respeito. Inebriados com a ilusão de mérito, descartam a Graça que é justamente o favor imerecido. 

"Não é problema ter uma religião. O problema é achar que Deus também tem, e é exatamente a sua. Essa é a raiz de todos os abusos religiosos." Lucas Lujan

Sobre esta ideia quero lembrar o seguinte: Somos verdadeiramente cristãos? Olhemos então para Cristo e sejamos honestos. Foi Ele quem mandou construir um templo de concreto, deixar a porta aberta para que as pessoas decidissem entrar durante um culto, estabeleceu novas tradições e rituais, posturas, programações, estatutos e ordenou o dízimo para a Igreja? Ou Ele desconstruiu toda a religiosidade, se apresentou como o Templo e disse que Nele seriamos reconciliados com Deus de uma vez por todas, sendo Ele mesmo a oferta pelos pecados e o dízimo dado em favor de nós os necessitados, antes mortos mas trazidos como despojos para Deus? Ele ensinou uma postura e um modo de vida baseado no amor que nos aperfeiçoa e foi o parâmetro de seus seguidores.

Então, porque a hipocrisia continua tão viva no meio religioso? Sinceramente, acho saudável que um ambiente de comunhão seja organizado, desde que seja de fato um ambiente de comunhão, onde as pessoas tem prazer nos encontros e se fortalecem no abraço e na mesa posta para entrarem em sintonia umas com as outras. Onde um participa das alegrias e tristezas do outro e lhe serve de suporte, apoio e orientador da Palavra. Mas não é isso o que acontece quando um ceia de costas para o outro, num ritual cego, onde não cumprem o que Cristo propôs na última Ceia. 

Alí, Ele instituiu o compromisso que temos como irmãos, de dar nossa própria carne em favor do grupo, em memória do que Ele fez, dando o sangue se necessário fosse, como Ele mesmo derramou. Priorizando o outro e não se servindo primeiro. 

Enfim, depois de todas as distorções e conhecendo o pensamento infantilizado dos irmãos, vale cada vez menos a pena me deslocar do meu lugar, para ser olhada com desprezo por gente que nada entendeu. Quando quero simplesmente visitar a Igreja, vou onde sentir vontade, dando preferência onde ninguém vai me discriminar. E sirvo na vida, nas necessidades das pessoas que me cercam, independentemente de suas crendices que pra mim nada são. Prefiro, porque me poupo também de me decepcionar mais ainda com pessoas que estimei tanto.

É encucado com tanta veemência que essa raça é de gente privilegiada, que não fazem contato com a verdade de que só precisam de um Salvador mediando, porque a humanidade está no mesmo patamar de separação de Deus, por causa do pecado. E somente há relacionamento por meio da obediência à Cristo. Ele mesmo disse que tantos que o chamam de Senhor ficarão de fora, justamente porque não ouviram suas Palavras que são espírito e vida, mas se prenderam nas distorções.

Deus é antes de tudo, antes inclusive da sua religião. Ninguém pode encaixotá-lo e monopolizar seus feitos e favores. Ninguém pode reter seu poder e direcionar seu amor. Sua misericórdia é para quem Ele quiser e desde que mundo é mundo, muitos são os seus servos, chamados do meio da imundície dos homens. 

Deus não tem ilusões ao nosso respeito, Ele sonda nosso coração. Não é barganha, nem teatro, nem presença em programações e entretenimentos religiosos, que nos farão mais aceitáveis em sua presença, mas simplesmente guardar as Palavras do filho de seu amor.

Eu sei o mal que faz na vida de alguém ser encucado de uma mentalidade limitadora de pensamentos e castradora da liberdade. Me submeti durante muitos anos a ser fantoche da ideia de homens, mas cresci e larguei as coisas de meninos. Entendo que tem gente tão infantil que precisa desse mecanismo, desse suporte, dessa dinâmica, desse contexto religioso pra conseguir fazer contato com o sagrado, mas o acesso à presença de Deus foi conquistado de uma vez por todas por um só, para todo aquele que crê. Está consumado, ainda que alguns achem que precisam completar a obra redentora.

Enfim, pior do que não ter fé alguma, é ter fé em si mesmo e viver como se estivéssemos olhando o próximo de cima para baixo, sem entender que quando Deus nos olha, é a Cristo que Ele procura em nós. E se nossa essência não for amorosa por causa Dele, continuamos destituídos de sua Glória.