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domingo, 16 de outubro de 2016

Aos pais

Quando Jesus disse que quem amar o filho ou a filha mais do que à Ele, não era digno Dele, estava falando de princípios e valores cristãos. Não é possível servir à Deus e ser conivente com os erros dos filhos. Assim, cada vez que encobrimos, apoiamos, passamos a mão na cabeça do filho que erra, estamos negando a Cristo. Nada disso é amor, cuidado ou proteção. Antes, é empurrar nossos filhos abismo abaixo com nossas próprias mãos, porque tudo que um filho precisa para continuar negando a Deus, é do aval dos pais.

Uma das atitudes que nos torna bem aventurados, é a fome e sede de justiça. Ninguém que faça acepção numa situação para favorecer um filho, pode ser justo. Julgamos situações, causas e não pessoas. Porque o próprio Deus julga as causas e jamais faz acepções entre os filhos dos homens. Sua Justiça é Cristo e quem está em Cristo, é justificado. Ao passo que quem rejeita a Cristo, já condenou a si mesmo.

A carnalidade nos empurra a favorecer quem pensamos amar, mesmo que estes estejam errados. Porém o espírito compreende este equívoco e sabe que só corrigindo e reconduzindo um filho no Caminho, se mostra verdadeiro amor. Amor que vem de Deus, que corrige a todo filho que ama.

domingo, 9 de outubro de 2016

Quando é necessário partir

Ouvi a oração sincera de uma irmã, pedindo a Deus que eu voltasse para a casa Dele. E apesar de compreender a simplicidade dela e saber da verdade de seu amor com relação à mim, não pude evitar a tristeza e a sensação de continuar sendo um E.T. no meio de tantos iguais. De fato eu não quero tomar a forma de nada. Fui criada para ser quem sou e viver como vivo.

Apesar do meu amor e da certeza de que seja necessário me relacionar com irmãos na fé, todas as minhas escolhas são convictas. À mim, Deus não tem ocultado o propósito dos fatos que ocorreram em minha vida. Sei exatamente porque cheguei, o quanto fui aperfeiçoada nas situações (e ainda estou sendo) e também sei quando o tempo se cumpriu e eu escolhi partir.

Não tenho intenção de voltar e me fixar em lugar nenhum. Não quero meu nome no rol de membros desta ou daquela denominação e entendo que cada um deva viver segundo o dom que recebeu. Assim, quero o abraço dos amigos que sempre serão amigos, mas dispenso o tapinha nas costas e o sorriso de plástico de quem não me ama sinceramente.

Se não puder me achegar na denominação X e assentar-me junto para cear ou edificar e ser edificada, irei à outro endereço, onde os irmãos estejam tão ocupados servindo, que nem tenham tempo e disposição de me apontar o dedo em riste. Aliás, nunca deixei de participar da Ceia do Senhor e assim sempre será. Não deixarei de congregar com os da fé, nem de contribuir com o que tenho e com o que sou, como nunca deixei de fazer.

Sei bem o quanto um alimento supérfluo pode prejudicar a saúde. Assim é com a alma de quem escolhe para si a pior comida. Não cresce, não se desenvolve, não amadurece.

Convicta de minhas escolhas, é assim que quero viver. Dos filhos do inferno que planejaram e praticaram o mal, só guardo a certeza de que Deus é Justo e cuida de cada um. No mais, são como carrancas horríveis, mas que não podem me tocar. É o joio que potencializa o trigo e vice versa.

Um servo verdadeiramente livre, entra e sai e encontra da melhor pastagem, porque é ovelha do aprisco de Deus e vive segura, conduzida pela voz do Bom Pastor. Assim sou eu, o mesmo que me levou com um propósito, mandou sair quando o propósito se cumpriu. Não tenho o direito de recriminar a escolha de ninguém, principalmente de quem ainda é infantilizado demais para discernir. Mas quanto à mim, não decidi nada sem oração e estou certa de que nada perdi, nem mesmo as décadas desse processo todo. Tudo foi proveitoso e tudo contribuiu para o que sou.

Não decido sobre meu futuro, embora ele seja em Cristo, desde antes da fundação do mundo. Ele mesmo me conduzirá no devido tempo, ao propósito que designou para minha existência. Assim creio, assim descanso.

Centenas de amigos passaram por mim e já não temos contato assíduo. Mas o amor é laço que não entende o tempo e as distâncias. É ele o elo que determina quem pertence à família de Deus. Quisera que meus irmãos amados descansassem nessa verdade: Igreja é gente amando gente, portanto, continuo sendo Igreja, independente do endereço que eu escolha estar.