Confesso que ando sem motivação para cuidar deste espaço. Ando me sentindo negligente, mas tem momentos que são para calar e assim poder ouvir o que se diz ao redor. E Deus tem me mostrado nas situações práticas do cotidiano, o que a Palavra profetizou há séculos. O amor tem se esfriado da maioria, de forma assustadora.
Aparentemente, anda tudo correndo muito bem. No último fim de semana, os jovens da Igreja, estiveram em congresso regional (digo jovens, mas aqui na congregação, não há essa divisão de departamentos tão evidente. No final, todos participam de tudo.) Como ando cada vez menos envolvida com a Igreja como instituição, só estive presente no último culto. Não me envolvi diretamente com o evento.
E a pregação, muito boa por sinal, falava sobre a oscilação dos jovens, entre a frieza e o fanatismo. Alguns desistem mediante o desânimo e acabam perdendo completamente o vínculo com o propósito bíblico de proclamar o Evangelho. Enquanto outros, transformam a caminhada cristã, em ocasião para mais um vício, o de separar-se do mundo para buscar uma santidade, que na verdade é cegueira.
Fiquei pensando nas duas situações e lembrando de algumas pessoas. O primeiro grupo, perde a motivação e não se encaixa no mundo. Alguns distorcem a liberdade ensinada por Cristo, até perderem o discernimento e se tornarem escravos de si mesmos. Acabam se afundando num terrível complexo de inferioridade.
O segundo grupo, acaba se julgando santo demais, merecedores demais, ungidos demais, donos da verdade demais e esquecem que o Evangelho se vive é na vida, nos encontros. Se é luz apenas no meio da escuridão, não há outra forma de manifestar diferença, senão no meio dos que ainda não conheceram uma vida com Cristo. Tendem a ficar soberbos e intolerantes. Religiosidade é laço.
Observo estas coisas e me sinto muito só. Não concordo nem com um grupo e nem com o outro, mas raramente se encontra equilíbrio no meio cristão. Fiquei ouvindo algumas pessoas, falando com certa euforia sobre a festa de sábado à noite, onde puderam dançar e brincar sem culpa. Falavam como se fosse proibido ser feliz fora do meio, para evitar uma certa contaminação com "o mundo".
Posso parecer implicante demais, mas acho que enquanto a Igreja se preocupa em promover entretenimento para seus membros, o necessitado continua carente, o doente continua sem socorro, o desesperado continua desamparado, os "mortos vivos" continuam existindo sem a esperança na ressurreição.
Creio que o Evangelho não separa a humanidade em guetos, mas torna todos os povos num só. Os da família de Deus. Todos UM em Cristo. Logo, a Igreja está tão longe do foco quanto os de fora. Quem dera houvesse o mesmo empenho para falar do amor de Deus...
Claro que é bom estar em comunhão com gente da mesma fé e estar neste espírito por 3 dias consecutivos, é uma festa! Mas quando o congresso acaba, o que fica no coração dos jovens? Qual o compromisso com os de fora? Passaram alí 3 dias sendo encucados de que são um povo seleto, privilegiado e separado.
Minha intenção aqui não é contabilizar boas obras, mas apenas analisar se esta é a Vontade de Deus, se foi para isto que nos chamou e se há tempo para nos distrairmos com nossos próprios interesses, enquanto o mundo perece.
Longe de mim dizer que crente não tem direito de se divertir. Mas não consigo espiritualizar a coisa, mistificar o evento. Pra mim é só mais um tipo de entretenimento, que separa ao invés de unir, que divide ao invés de agregar, como ensina o Evangelho de Cristo.