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quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Caminho largo e caminho estreito

"Entrai pela porta estreita porta grande e larga é a estrada que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela. Estreito é a porta e apertado o caminho que conduz à vida, e poucos encontram." (Mateus 7, 13.14)


Muito se discute sobre isto e são várias as interpretações que já ouvi. A maioria acha que o caminho largo, consiste nos prazeres do mundo, em detrimento à uma postura sacrificada, vivida na Igreja. Ultimamente tenho ouvido que o caminho largo é o apresentado pela religiosidade que ilude o cristão à buscar a prosperidade financeira, deixando de lado o verdadeiro Evangelho.

Enfim, comecei a meditar sobre isso hoje e foram brotando possibilidades, que meu espírito acolheu.

Creio que fomos salvos de nós mesmos, para viver uma nova realidade. Negar-nos e seguir Jesus, é mais do que simplesmente dizer um "sim", ter o nome inscrito no rol de membros e cumprir um protocolo.

"E poucos encontram." Percebe que Jesus não está falando de um grupo, ou de um conjunto de regras, mas da decisão e sucesso pessoal de cada caminhante? "Estreito" é um adjetivo que sugere a passagem individual de cada pessoa, assim como a possibilidade de encontrar esse caminho que conduz à vida, é algo que experimentamos à partir de uma busca pessoal.

A decisão por Cristo acontece em cada vida num momento distinto. E o caminho também é estreito, porque cada caminhante requer tratamento específico, cada um no seu passo, tempo e necessidade.

Para mim, o primeiro passo é assumir minha responsabilidade individual e intransferível. Meu crescimento espiritual, depende da mortificação da minha carne. Enquanto estamos nos enxergando como parte de um pacote, perdemos a noção da nossa individualidade dentro do Corpo. Sim, somos um organismo, mas nem todos são mãos, ou boca, ou olhos, etc.

Qual a importância de nos enxergarmos como indivíduos, tratados por Deus de forma artesanal? Porque assim conseguimos saber o quanto temos avançado ou o quanto temos ficado estagnados no caminho. Salvação é graça, mas o aperfeiçoamento é uma resposta natural na vida do salvo. É este desenvolvimento que se alcança no caminho estreito. Ninguém que tenha sido alcançado pela graça, permanece o mesmo.

Pelo que percebo, o caminho estreito se refere a viver em amor, que requer a renúncia de nossa vontade e do impulso de nos atender. É um caminho deveras desconfortável, penoso, difícil e apertado. Passar pela porta estreita, ou seja, o acesso que é Cristo, também se esvaziou de si para encarnar a vontade do Pai. Seguí-lo, é tomar consciência de que amar é algo mais próximo do sofrimento, do que desse perfil do cristão inserido num grupo seleto de privilegiados.

Em contrapartida, o caminho largo é o que escolhemos à partir do ego. É prazeroso e fácil nos servir e nos obedecer, mesmo que isso seja oprimir o outro.

A maioria das pessoas escolhem este caminho, posto que a carne age como a lei da gravidade. Não requer esforço algum, viver segundo nossos instintos caídos.

Mas amar é tarefa árdua. Se dar pelo outro, é para a minoria. São poucos os que encontram este caminho.


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