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quinta-feira, 28 de junho de 2012

Sem acepções

Há um tempo atrás, uma amiga me pediu ajuda em oração e enquanto ela se justificava, fui incapaz de pronunciar palavra. Depois que o irmão começou a namorar, se afastou da família e ela dizia: "Tenho orado no sentido dele abrir os olhos e se decepcionar ao ponto de não restar nem amizade". E eu, atônita com tanta frieza, ainda tentei sem sucesso, dizer que Deus não a ouviria e que o certo seria ela desejar uma mudança positiva na vida da moça, de forma que a harmonia voltasse para a família.

Num outro caso, um moço tenta me convencer que sua mãe tem revelações da parte de Deus e que estas mudam a atitude dela e a de sua família. Para mim, esse tipo de coisa só contribui como alimento para a arrogância de sentir-se mais santo, mais ungido, mais espiritual que os outros. E claro, um pretexto e tanto para manipular as pessoas. Bastaria que conhecessem a Bíblia e com a ajuda do Espírito assimilassem, afinal, não precisamos de novas revelações além das que estão contidas alí. No que tange à experiência de cada um com Deus, se dá no chão da vida, dos sentidos, dos encontros. Não precisamos de revelações sobrenaturais para entender coisas óbvias. Entendam que creio que Deus tudo pode, mas sou contra essas banalizações do que para mim, é sagrado. Além de não acreditar em privilégios concedidos à quem é tão carne quanto qualquer outro. Não depois de estar TUDO consumado.

Essa semana sugeri num post no facebook uma auto-análise para avaliarmos se sustentamos nossos discursos com atitudes. E isso serviu de pretexto para duas irmãs lavarem roupa suja na minha página. O desejo que Deus castigue, condene, que essas pessoas sejam desmascaradas era gritante das duas partes.

E hoje o motorista lamentava com a cobradora: "Deus conhece o meu coração! Se eu ganhasse essa cesta, ajudaria as pessoas, mas olha a vida do "fulano", o que ele vai fazer com ela?"

E eu daqui da minha insignificância, olhava a paisagem lá fora e fazia contato com meu próprio egoísmo. Quantas vezes já amaldiçoei quem desejou meu mal, quem investiu contra mim, quem me feriu e desejei que Deus fizesse justiça por mim? Glória à Deus, que amou tanto à mim quanto à essas pessoas, justamente por conhecer meu coração, não deu trela pra ele :P

Para Ele, tanto o desejo mal que as dominou em determinado momento, quanto meu desejo de vingança, são a mesma coisa, nos põe no mesmo patamar. E Sua misericórdia, cobriu tanto à eles, quanto à mim.

Graças a Deus ainda consigo reconhecer meus tropeços e saber que o preço de quem amo foi pago, mas também o dos que não quero amar. Não há acepção, não há privilégios neste lugar, além deste de ter crido na Boa Nova. 

Na fé, encontramos força para não deixar que o Sol se ponha sobre nossa ira.

Reconhecer nossa condição, é o caminho para a tolerância, a renúncia, o perdão e finalmente o AMOR.

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