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domingo, 22 de julho de 2018

A beleza das gordinhas




Em tempos de politicamente correto,  de carona nos movimentos de igualdade de gênero, raça, credo e toda sorte de discurso legítimo e válido,  surge um posicionamento que me inquieta um pouco, talvez porque me incluo no perfil das gorduchinhas. O de impor a todo custo que ser gorda é muito bom, lindo e sexy. Que as gorduras, celulites e estrias devem causar orgulho e que são só um traço,  não devem ser disfarçadas,  etc.

Mano, esta opinião é de uma mulher de 46 anos, mãe,  avó,  gorda assumida há pelo menos 26 anos, que é a idade do meu filho, porque justamente depois do parto comecei a perder o controle do meu peso. Pra início de conversa, engordei por causa de um distúrbio emocional, era pouca a idade pra suportar o turbilhão de problemas e eu me preenchia com comida. Se fosse simplesmente natural, não teria saído do limite assim.

A questão para mim, não é olhar no espelho e bloquear minha visão para as imperfeições.  Eu enxergo, eu sei o que é ter cintura, quadris e cochas proporcionais, não ter listras e furos, nem dobrinhas. E sei que adquirir tudo isso não tem nada de maravilhoso, poético, romântico.

Só tomo o cuidado de ser coerente. Os tempos são outros, a idade é outra, o que me fazia sofrer antes já não me desestabiliza e eu não abro mão de ir à praia , ou de me maquiar,  me produzir, me sentir bonita, porque sou gorda. Acho que o que tem que ser levado em conta, é que a beleza física tem muitas nuances e é relativa, mas não é a única coisa que importa numa mulher. Quem busca peito e bunda perfeitos, não vai procurar isso numa mulher de 46 anos. E de forma nenhuma fico mais lisonjeada com um elogio que valorize minha "capa" do que ser reconhecida pela minha inteligência,  sabedoria, coerência e principalmente quando quem convive comigo, ressalta que vivo exatamente o que prego. Isso sim, me faz sorrir.

Então, gordinhas, se amem, se cuidem, se aprovem, se conheçam, se arrumem e se curtam, pra não precisar depender de aprovação.  Se a imagem do espelho te incomoda, mude. Se não se importa, fique assim.

Eu por exemplo, não abro mão de uma comida bem gostosa, com direito à sobremesa. Pra mim, me privar de comer o que eu gosto, é um preço alto demais pelo retorno de ser admirada pela maioria. Acho que quem me ama e admira, são os que me conhecem e são os que me bastam.

Porém,  tenho roupas que gosto e não estão me servindo, então , significa que preciso prestar atenção no que como, emagrecer um pouco, será bom pra mim. Não por causa das imposições dos padrões,  a motivação tem que vir de dentro.

Não existe passe de mágica pra desaparecer as imperfeições que o tempo faz no corpo. Gordo ou magro, todo mundo envelhece e vai ser feio para os padrões dessa sociedade. Então se valorize de outras formas. As pessoas são livres para ter opiniões,  nós é que não precisamos depender delas para sermos quem somos.

Quando se deparar com gente medíocre que classifica o valor das pessoas pelo peso, simplesmente as enxergue com uma alma mais medíocre ainda. O valor das pessoas se mede, pelo tanto de amor que cabe nelas.
Leveza, tem a ver com a Alma e não com o corpo.