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domingo, 3 de outubro de 2021

Loucura religiosa

Escrito em 2018
Como é nítida a doença evangélica quando contamina um grupo de pessoas!
Fui à um aniversário de certa denominação, porque fiz parte da história dela por 18 anos. Depois de dezenas de crises, eis que passa por mais uma e dessa vez agoniza com seus vinte e poucos membros, que refletem sua doença em cada gesto, palavra e movimento.

O preletor da noite foi convidado da mesma denominação e embora tenha pregado Evangelho genuíno, pareceu-me que os membros estavam ensurdecidos, andando e conversando sem dar a devida atenção. Uma mensagem de exortação para que despertem para a verdade e vida das palavras de Jesus e para os erros que vem praticando nos últimos anos, a falta de amor apesar dos discursos rasos recheados da palavra "amor" e no final o comentário do líder deixou claro que não entendeu a mínima. A pessoa mais dura, fria e arrogante que conheci na vida, chora porque passou quinze dias pintando parede e declara que fez para Deus e não para as pessoas. O pobre ainda acha que está na casa de Deus e que honra a Deus cuidando de suas paredes, acha que serve a Deus, mesmo que pise nos homens e se recuse a pastoreá-los.Vai entender...

No filme que passaram no final do culto, com a pretensão de ser o resumo da história da congregação, excluíram não apenas muitos membros, mas também pastores que fizeram parte deste trabalho com muito afinco, entrega e verdade. Gente que marcou a vida dos membros com trabalho, presença e lágrimas. Mas sequer foram mencionados pelos doentes que montaram os 20 minutos de mesmice sobre a panela que destruiu o sentido de ser Igreja. Com dezenas de aparições do atual líder, enquanto davam gritinhos de bajulação. O ego do cabra vai nas alturas, mas isso só alimenta sua alienação pras coisas de Deus... lamentável de se ver.

Estive alí naquele dia como convidada, mas nestes 18 anos fui testemunha de vários períodos onde pessoas sérias tentaram trabalhar e foram castradas pela inveja de gente incompetente e ególatra. Vários trabalhos começaram e foram sufocados até acabarem e várias dezenas de pessoas precisaram sair daquele endereço para colocar em prática seus dons na vida uns dos outros, porque alí, só os megalomaníacos tem lugar.

A maioria destes, nem mencionados foram no filminho que montaram. Nem mesmo os eventos mais relevantes para promover a comunhão da Igreja, passeios para incluir familiares dos membros, eventos evangelísticos, feira de missões, a ênfase maior era pra construção de paredes no início, destruição das paredes  no meio, reconstrução das paredes no fim e eventos particulares das panelinhas. Retrato fiel do que há no coração dessa gente.

Por outro lado, se a cegueira continua e se nada há que os desperte, é porque o Espírito de Cristo já não está. A obra morreu faz tempo, o que se pretendia faliu e sobrou algumas sombras de zumbis na fé. Os visitantes foram para lamentar e se frustrar, mas pelo menos a Palavra nos enriqueceu e alimentou, porque importa à nós não apenas servir a Deus, mas também padecer por Ele no meio dos lobos. Foi conosco que Deus falou naquela noite.

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